Casa Espírita Missionários da Luz
Diretoria Doutrinária – ESDE1 – Princípios Básicos da DE
Tema: Influência dos Espíritos em Nossos
Pensamentos e Atos - 10/05/2011
Objetivo:
Explicar a
natureza das influências que os Espíritos exercem sobre nós;
Fazer distinção
entre um pensamento próprio e um sugerido pelos Espíritos;
Identificar
os meios de neutralizar uma influência negativa.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, pergs. 459 à 469; 525, 567
NT: Mt, 16-15:17,
E a Vida Continua, Chico Xavier/André Luiz – Cap.
“Nova Diretriz”.
Desenvolvimento:
1.
Leitura inicial: Roteiro, Emmanuel/Chico Xavier,
Cap.28 "SINTONIA"
2.
Prece
3.
Iniciar com as perguntas:
4.
Como podem os Espíritos influenciarem em nossos
pensamentos e atos?
Qual a natureza dessa
influência?
5.
Depois das respostas, ler com o grupo dois trechos
do Evangelho:
Mateus,
Cap 16,15:23
15 Mas vós,
perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou?
16 Respondeu-lhe Simão
Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17 Disse-lhe Jesus:
Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to
revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
*******
21 Desde então
começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele
fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais
sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia
ressuscitasse.
22 E Pedro, tomando-o
à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor;
isso de modo nenhum te acontecerá.
23
Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me
serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas
sim nas que são dos homens.
==> o mesmo Pedro, que
recebeu a resposta dos Espíritos Superiores ao identificar quem era Jesus,
sintonizou depois com os Espíritos inferiores, ao ter medo pela vida de Jesus.
6.
Ler com o grupo as perguntas do Livro dos
Espíritos: 459, 460, 464, 467, 468, 469
7.
Distribuir cópias do texto - Nova Diretriz, de
André Luiz em “E a Vida Continua”
Contextualizar os personagens, escrevendo no quadro:
Vera Celina Fantini
Caio Serpa
Ernesto Fantini (Espírito desencarnado) – pai de Vera
Elisa Fantini – mãe de Vera, recém desencarnada, cujo velório é a cena
descrita
Evelina (Espírito desencarnado) – ex-esposa de Caio, desencarnada há 2
anos atrás
8.
Analisar com o grupo:
- Qual a natureza da influência espiritual
relatada no texto lido?
- Qual a consequência, presente e futura, da
influência relatada no texto?
9.
Avaliação
ROTEIRO Cap. 28 – SINTONIA – Emmanuel, Chico Xavier
As bases de todos os serviços de intercâmbio,
entre os desencarnados e encarnados, repousam na mente, não obstantes as
possibilidades de fenômenos naturais, no campo da matéria densa, levados a
efeito por entidades menos evoluídas ou extremamente consagradas à caridade
sacrificial.
De qualquer modo, porém, é no mundo mental que se
processa a gênese de todos os trabalhos da comunhão de espírito a espírito.
Daí procede a necessidade de renovação
idealística, de estudo, de bondade operante e de fé ativa, se pretendemos
conservar o contato com os Espíritos da Grande Luz.
Simbolizemos nossa mente como sendo uma pedra
inicialmente burilada. Tanto quanto a do animal, pode demorar-se, por muitos
séculos, na ociosidade ou na sombra, sob a crosta dificilmente permeável de
hábitos nocivos ou de impulsos degradantes, mas se a expomos ao sol da
experiência, aceitando os atritos, as lições, os dilaceramentos e as dificuldades
do caminho por golpes abençoados do buril da vida, esforçando-nos para
aperfeiçoar o conhecimento e melhorar o coração, tanto quanto a pedra burilada
reflete a luz, certamente nos habilitamos a receber a influência dos grandes
gênios da sabedoria e do amor, gloriosos expoentes da imortalidade vitoriosa,
convertendo-nos em valiosos instrumentos da obra assistencial do Céu, em favor
do reerguimento de nossos irmãos menos favorecidos e para a elevação de nós
mesmos às regiões mais altas.
A fim de atingirmos tão alto objetivo é
indispensável traçar um roteiro para a nossa organização mental, no Infinito
Bem, e segui-lo sem recuar.
Precisamos compreender _ repetimos _ que os nossos
pensamentos são forças, imagens, coisas e criações visíveis e tangíveis no
campo espiritual.
Atraímos companheiros e recursos, de conformidade
com a natureza de nossas idéias, aspirações, invocações e apelos.
Energia viva, o pensamento desloca, em torno de
nós, forças sutis, construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos
ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos
outros.
Nosso êxito ou fracasso dependem da persistência
ou da fé com que nos consagramos mentalmente aos objetivos que nos propomos
alcançar.
Semelhante lei de reciprocidade impera em todos os
acontecimentos da vida.
Comunicar-nos-emos com as entidades e núcleos de
pensamentos, com os quais no colocamos em sintonia.
Nos mais simples quadros da natureza, vemos
manifestado o princípio da correspondência.
Um fruto apodrecido ao abandono estabelece no chão
um foco infeccioso que tende a crescer, incorporando elementos corruptores.
Exponhamos a pequena lâmina de cristal, limpa e
bem cuidada, à luz do dia, e refletirá infinitas cintilações do Sol.
Andorinhas seguem a beleza da primavera.
Corujas acompanham as trevas da noite.
O mato inculto asila serpentes.
A terra cultivada produz o bom grão.
Na mediunidade, essas leis se expressam, ativas.
Mentes enfermiças e perturbadas assimilam as
correntes desordenadas do desequilíbrio,
enquanto que a boa-vontade e a boa intenção acumulam os valores do bem.
Ninguém está só.
Cada criatura recebe de acordo com aquilo que dá.
Cada alma vive no clima espiritual que elegeu,
procurando o tipo de experiência em que situa a própria felicidade.
Estejamos, assim, convictos de que os nossos
companheiros na Terra ou no Além são aqueles que escolhemos com as nossas
solicitações interiores, mesmo porque, segundo o antigo ensinamento evangélico,
“tecemos nosso tesouro onde colocamos o coração”.
E A Vida
Continua... - “Nova Diretriz”
Encontraram Vera
Celina marcada de lágrimas, apoiando-se em parentes e amigos.
Caio, taciturno,
orientava o leme doméstico, dava ordens.
Estabelecido o
cortejo fúnebre, os dois visitantes desencarnados, além de outros muitos amigos
da Espiritualidade Maior, se instalaram no carro familiar, junto de Vera;
entretanto, na chegada ao campo-santo, Ernesto escorou a filha, ao mesmo tempo
que Evelina seguiu o ex-esposo, que se figurava distrair-se em quadra próxima
àquela em que os restos da viúva Fantini descansariam.
Serpa fugia,
intencionalmente. Não queria ver a inumação.
Colhido em cheio
pela influência da companheira que ele, antes, pouco mais de dois anos, levara
ao sepúlcro, pensava nela e, sem querer, lhe via mentalmente o semblante na
tela da memória.
Não longe dele,
Vera chorava nos braços dos amigos, enquanto ele mesmo, sorumbático, refletia,
refletia...
Lembrava-se de
quando deixara a mulher morta em outro cemitério, rememorava-lhe a partida,
revisava na imaginação os incidentes havidos...
Era crepúsculo,
qual ocorria ali, em Vila Mariana. E as mesmas inquirições lhe vinham à
cabeça...
A vida terminaria
em montões de pedra e cinza? para onde se transfeririam os mortos, na hipótese
de continuação da existência? onde estariam os pais que ele vira partir, nos
dias da juventude? em que região andaria Evelina, a esposa que amara,
desmedidamente, na primeira mocidade, e de quem a enfermidade e a morte o
haviam separado? (...)
Propôs-se alijar
as reflexões que lhe assomavam ao cérebro; no entanto, sentia-se
incompreensivelmente fisgado ao pretérito.
Não podia
perceber que Evelina, em espírito, ali estava, rente a ele, diligenciando
acordá-lo para a verdade.
— Caio, que fazes da vida? — Ela
perguntou, docemente.
O advogado não registrou a indagação com os
tímpanos corpóreos, mas ouviu-a na acústica da alma e julgou monologar: «Caio,
que fazes da vida?» Repetiu, inconscientemente, as palavras da companheira
desencarnada, no ádito da própria consciência, e passou a considerar que o
tempo fugia sem que se desse conta de si mesmo... Em que valores permutara o
patrimônio das horas? em que recursos convertia a saúde e o dinheiro? que
bênçãos já teria espalhado com o titulo acadêmico que ostentava? (...)
O olhar se lhe esbarrou, sem querer, no ritual
do sepultamento de Elisa e inquiriu, de si mesmo, o que teria representado para
a morta... Sinceramente, não se sentia bem consigo próprio, realinhando na
imaginação a impaciência e a dureza com que sempre a tratara, preocupado em
arrebatar-lhe a ternura da filha...
Avaliando as
péssimas notas que a consciência lhe conferia no educandário da existência,
embora de longe, fixou Vera, a esquadrinhar-lhe o íntimo, através do semblante.
— Caio — assoprou-lhe Evelina aos ouvidos
da alma —, pense nos teus compromissos... É tempo de legalizar a situação da
jovem que se entregou a ti sem qualquer restrição...
Convencido de que
conversava de si para consigo, Serpa reproduziu a interpelação, no campo
mental, em silêncio, sem perceber que a esposa desencarnada lhe colhia as
respostas. Supondo desenvolver tão-somente um processo de autocrítica,
monologou sem palavras: «legalizar a situação com Vera? casar-me? porquê?».
Sim, aprovava, prometera-lhe matrimônio, mas não se resignava a aceitar a medida
sem maior observação. Já fora homem preso a obrigações de marido e não se
propunha a retomar afeição recheada a constrangimentos. Além disso, matutava,
dava-se por homem robustecido na experiência do mundo. Escutara em sociedade
muitas referências desprimorosas, ao redor da filha de Elisa, que não a
recomendavam para esposa. De rapazes diversos, obtivera apontamentos que lhe
enodoavam a ficha de mulher. Porque entregar seu nome a uma criatura tida por
inconstante?
— Caio, quem és tu para julgar?
A interrogação de
Evelina percutiu na alma dele em forma de ideia fulgurante que o enterneceu e
assustou...
E qual se pensasse em voz alta, a falar espiritualmente para si
próprio, recebia novas exortações, semelhando impactos da verdade
a lhe atingirem o ádito do próprio ser:
— Caio,
quem és tu para julgar? não és igualmente de ti mesmo, alguém onerado com
débitos escabrosos perante a Lei? a que título, condenar sumàriamente uma
jovem, prejudicada pelos enganos da sua condição de menina moralmente
desamparada?...
Na base das
advertências que lhe eram endereçadas, prosseguia indagando-se... Seria justo
abusar dela agora que se via pràticamente só no mundo? se a desprezasse, para
onde iria? E quem era ele, Caio Serpa, senão um homem no rumo da madureza,
reclamando a dedicação de alguém para que o comboio da vida se não lhe
descarrilasse? Conhecia ele toda a escala dos prazeres físicos e que lucrara
finalmente com isso, se levava toda manifestação afetiva para o terreno da
irresponsabilidade e do abuso? que recolhera senão cansaço e desilusão das
noitadas barulhentas, cheias de vozes e vazias de sentido? até ali, que
lembrasse, nunca ajudara a ninguém. Sabia ser afável até o ponto em que as
circunstâncias não o descontentassem. Bastava, porém, um ponto, um leve ponto a
contrariá-lo, em quaisquer acontecimentos, para que se internasse nessa ou
naquela escapatória, no claro intuito de não se incomodar. Não teria chegado o
momento de auxiliar a outrem, agir a favor de alguém? De começo, empenhado à
conquista, cumulara Vera de gentilezas, carinhos. Enredara-lhe as atenções.
Depois, o fastio daqueles que não mais sabem amar, quando a chama do desejo se
lhes extingue na candeia da forma. Entretanto, não lhe era lícito negar que a
moça lhe dera os mais altos testemunhos de confiança. Vera Celina se lhe
entregara, de todo. E, por fim, não vacilara humilhar a própria genitora, a fim
de colocar-lhe nas mãos todos os bens...
Serpa registrava
todos os argumentos da companheira desencarnada, à feição de uma lâmpada que se
julgasse fonte da luz de que se beneficia, a ignorar que a recolhe da usina.
E opunha
contraditas:
— Consorciar-me?
prender-me? porquê? não tenho toda a satisfação do homem casado, sem as peias
do matrimônio?
E a voz de
Evelina a ressoar-lhe novamente no espírito:
— Sim, (...)
entretanto, como não te garantires contra as tentações do futuro, como não te
imunizares contra as tuas próprias inclinações para a aventura, doando a ela
(...) a tranquilidade de que carece para servir-te? Acaso te julgas livre das
tendências à leviandade que te assinalam o campo afetivo? Não será recomendável
lhe assegures a paz, preservando a paz de ti mesmo, pela submissão às
disciplinas justas da vida?
Pensa! Imagina-te
à frente de tua própria mãezinha, já que quase todo homem procura na esposa,
acima de tudo, o apoio maternal que a madureza furtou da infância... Estimarias
que um homem, na hipótese o teu próprio pai, lhe espancasse os mais puros
anseios do coração?
Porventura não se
tornaria ela mais digna do teu amparo e do teu carinho, se a visses
brutalizada, desamparada, esquecida por aquele mesmo a quem se rendeu,
confiante? porque alegares sofrimentos passados para menoscabar a criatura que
amas, se semelhantes provações fazem dela alguém com mais acentuada necessidade
de tua proteção e entendimento?...
Das admoestações
prôpriamente consideradas, a ex-senhora Serpa se transferiu para reflexões de
otimismo e esperança:
— Caio, medita!... Vera não te confiou parcos
recursos materiais à administração! Dispões de patrimônio apreciável para
organizar uma família... Pondera quanto às bênçãos do futuro! Escuta!
Creias ou não em
Deus e na sobrevivência do espírito, além da morte, carregas contigo um
doloroso problema, até agora inarredável da mente: o remorso (...)! Escapas, no
rumo de prazeres que não te diminuem a mágoa, e tentas, em vão, bloquear
reminiscências amargas que te assediam constantemente... Ser pai, cuidar de
filhos queridos, não te será na Terra a mais elevada compensação? O matrimônio
com Vera te investirá legalmente na posse de recursos a serem valorizados e
aumentados, garantindo, aos filhinhos vindouros, segurança e conforto, alegria
e educação!... Um lar, Caio!... Um lar, onde possas descansar, renovar-te,
esquecer!... Filhos em que te revejas e o convívio de Vera, cuja presença te
lembrará o refúgio maternal!...
Diante daquelas
santas evocações de paz e ventura que jamais experimentara, pela primeira vez,
depois de muitos anos, Serpa chorou...
Evelina
continuava:
— Sim, Caio,
lava o coração na corrente das lágrimas!... Chora de esperança, de júbilo!
Confiemos em Deus
e na vida!... O Sol que hoje se põe, voltará amanhã! Contempla estas lousas,
fita os sepulcros à frente! De todos os lados, explodem verdura e flor, a
dizerem que a morte é ilusão, que a vida triunfa, bela e eterna!... De um outro
mundo, os que te amam regozijar-se-ão com os teus gestos de entendimento! (...)
Elisa há de abençoar-te!... Coragem, coragem!...
O causídico,
surpreso, incapaz de identificar-se visitado pelo espírito da companheira de
outros tempos, reconhecia-se sübitamente consolado e eufórico, tangido por
suave renovação, nos recônditos do ser.
À maneira de um
doente que encontrara o remédio providencial e a ele se agarrasse, na sede da
própria cura, instintivamente decidiu-se a não perder o precioso momento de
exaltação construtiva em que entrara.
— Vamos!... — insistiu
Evelina — concede agora, mas claramente agora, a nossa Vera a certeza de que
a protegerás num casamento digno!...
Sucedeu o
inesperado.
Habitualmente
agressivo e rebelde, Caio Serpa arrancou-se, humilde, do lugar em que se
plantara, avançou sempre abraçado pelo espírito da ex-esposa, na direção do
grupo em que a jovem se apoiava... Ali, de pensamento conjugado ao da
mensageira espiritual, observou a moça sob novo prisma. Pareceu-lhe que
começava a amá-la de maneira diversa. Viu-a mais cativante na dor que
demonstrava, percebeu-lhe a solidão e a sede justa de companhia. Às súbitas,
reconheceu-se também só, a requisitar-lhe mais intensivamente a dedicação e o
carinho para viver.
Já não sabia,
naquele inolvidável instante, se a queria com a impertinência de um homem ou
com a ternura de um pai...
Abordando-a,
tomou-lhe o braço, de leve, e comunicou-lhe, em voz alta, no propósito de
alicerçar a própria declaração com o testemunho dos amigos presentes:
— Vera, não chore
mais... Você não está sozinha! Amanhã mesmo, cogitaremos de organizar a
documentação precisa para casar-nos tão breve quanto possível!.
A interpelada
lançou-lhe um olhar significativo e agradecido... E enquanto ambos se escoravam
um no outro para o retorno a casa, Evelina e Ernesto, com os amigos
desencarnados atentos às derradeiras homenagens à viúva Fantini, entraram em
prece, agradecendo ao Senhor a bênção daquela transformação.
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