domingo, 27 de novembro de 2016

Influência dos Espíritos em Nossos Pensamentos e Atos

Casa Espírita Missionários da Luz
Diretoria Doutrinária – ESDE1 – Princípios Básicos da DE

Tema: Influência dos Espíritos em Nossos Pensamentos e Atos                   -           10/05/2011

Objetivo:
Explicar a natureza das influências que os Espíritos exercem sobre nós;
Fazer distinção entre um pensamento próprio e um sugerido pelos Espíritos;
            Identificar os meios de neutralizar uma influência negativa.

Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, pergs. 459 à 469; 525, 567
NT: Mt, 16-15:17,
E a Vida Continua, Chico Xavier/André Luiz – Cap. “Nova Diretriz”.

Desenvolvimento:

1.    Leitura inicial: Roteiro, Emmanuel/Chico Xavier, Cap.28 "SINTONIA"
2.    Prece
3.    Iniciar com as perguntas:
4.    Como podem os Espíritos influenciarem em nossos pensamentos e atos?
Qual a natureza dessa influência?
5.    Depois das respostas, ler com o grupo dois trechos do Evangelho:

Mateus, Cap 16,15:23
15 Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou?
16 Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17 Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
*******
21 Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse.
22 E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá.
23 Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens.

==> o mesmo Pedro, que recebeu a resposta dos Espíritos Superiores ao identificar quem era Jesus, sintonizou depois com os Espíritos inferiores, ao ter medo pela vida de Jesus.

6.    Ler com o grupo as perguntas do Livro dos Espíritos: 459, 460, 464, 467, 468, 469

7.    Distribuir cópias do texto - Nova Diretriz, de André Luiz em “E a Vida Continua”

Contextualizar os personagens, escrevendo no quadro:
Vera Celina Fantini
Caio Serpa
Ernesto Fantini (Espírito desencarnado) – pai de Vera
Elisa Fantini – mãe de Vera, recém desencarnada, cujo velório é a cena descrita
Evelina (Espírito desencarnado) – ex-esposa de Caio, desencarnada há 2 anos atrás

8.    Analisar com o grupo:
- Qual a natureza da influência espiritual relatada no texto lido?
- Qual a consequência, presente e futura, da influência relatada no texto?

9.    Avaliação

ROTEIRO Cap. 28 – SINTONIA – Emmanuel, Chico Xavier

As bases de todos os serviços de intercâmbio, entre os desencarnados e encarnados, repousam na mente, não obstantes as possibilidades de fenômenos naturais, no campo da matéria densa, levados a efeito por entidades menos evoluídas ou extremamente consagradas à caridade sacrificial.
De qualquer modo, porém, é no mundo mental que se processa a gênese de todos os trabalhos da comunhão de espírito a espírito.
Daí procede a necessidade de renovação idealística, de estudo, de bondade operante e de fé ativa, se pretendemos conservar o contato com os Espíritos da Grande Luz.
Simbolizemos nossa mente como sendo uma pedra inicialmente burilada. Tanto quanto a do animal, pode demorar-se, por muitos séculos, na ociosidade ou na sombra, sob a crosta dificilmente permeável de hábitos nocivos ou de impulsos degradantes, mas se a expomos ao sol da experiência, aceitando os atritos, as lições, os dilaceramentos e as dificuldades do caminho por golpes abençoados do buril da vida, esforçando-nos para aperfeiçoar o conhecimento e melhorar o coração, tanto quanto a pedra burilada reflete a luz, certamente nos habilitamos a receber a influência dos grandes gênios da sabedoria e do amor, gloriosos expoentes da imortalidade vitoriosa, convertendo-nos em valiosos instrumentos da obra assistencial do Céu, em favor do reerguimento de nossos irmãos menos favorecidos e para a elevação de nós mesmos às regiões mais altas.
A fim de atingirmos tão alto objetivo é indispensável traçar um roteiro para a nossa organização mental, no Infinito Bem, e segui-lo sem recuar.
Precisamos compreender _ repetimos _ que os nossos pensamentos são forças, imagens, coisas e criações visíveis e tangíveis no campo espiritual.
Atraímos companheiros e recursos, de conformidade com a natureza de nossas idéias, aspirações, invocações e apelos.
Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis, construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros.
Nosso êxito ou fracasso dependem da persistência ou da fé com que nos consagramos mentalmente aos objetivos que nos propomos alcançar.
Semelhante lei de reciprocidade impera em todos os acontecimentos da vida.
Comunicar-nos-emos com as entidades e núcleos de pensamentos, com os quais no colocamos em sintonia.

Nos mais simples quadros da natureza, vemos manifestado o princípio da correspondência.

Um fruto apodrecido ao abandono estabelece no chão um foco infeccioso que tende a crescer, incorporando elementos corruptores.
Exponhamos a pequena lâmina de cristal, limpa e bem cuidada, à luz do dia, e refletirá infinitas cintilações do Sol.
Andorinhas seguem a beleza da primavera.
Corujas acompanham as trevas da noite.
O mato inculto asila serpentes.
A terra cultivada produz o bom grão.

Na mediunidade, essas leis se expressam, ativas.
Mentes enfermiças e perturbadas assimilam as correntes desordenadas do desequilíbrio,  enquanto que a boa-vontade e a boa intenção acumulam os valores do bem.
Ninguém está só.
Cada criatura recebe de acordo com aquilo que dá.
Cada alma vive no clima espiritual que elegeu, procurando o tipo de experiência em que situa a própria felicidade.

Estejamos, assim, convictos de que os nossos companheiros na Terra ou no Além são aqueles que escolhemos com as nossas solicitações interiores, mesmo porque, segundo o antigo ensinamento evangélico, “tecemos nosso tesouro onde colocamos o coração”.
E A Vida Continua... - “Nova Diretriz”

Encontraram Vera Celina marcada de lágrimas, apoiando-se em parentes e amigos.
Caio, taciturno, orientava o leme doméstico, dava ordens.
Estabelecido o cortejo fúnebre, os dois visitantes desencarnados, além de outros muitos amigos da Espiritualidade Maior, se instalaram no carro familiar, junto de Vera; entretanto, na chegada ao campo-santo, Ernesto escorou a filha, ao mesmo tempo que Evelina seguiu o ex-esposo, que se figurava distrair-se em quadra próxima àquela em que os restos da viúva Fantini descansariam.

Serpa fugia, intencionalmente. Não queria ver a inumação.
Colhido em cheio pela influência da companheira que ele, antes, pouco mais de dois anos, levara ao sepúlcro, pensava nela e, sem querer, lhe via mentalmente o semblante na tela da memória.
Não longe dele, Vera chorava nos braços dos amigos, enquanto ele mesmo, sorumbático, refletia, refletia...
Lembrava-se de quando deixara a mulher morta em outro cemitério, rememorava-lhe a partida, revisava na imaginação os incidentes havidos...
Era crepúsculo, qual ocorria ali, em Vila Mariana. E as mesmas inquirições lhe vinham à cabeça...

A vida terminaria em montões de pedra e cinza? para onde se transfeririam os mortos, na hipótese de continuação da existência? onde estariam os pais que ele vira partir, nos dias da juventude? em que região andaria Evelina, a esposa que amara, desmedidamente, na primeira mocidade, e de quem a enfermidade e a morte o haviam separado? (...)
Propôs-se alijar as reflexões que lhe assomavam ao cérebro; no entanto, sentia-se incompreensivelmente fisgado ao pretérito.
Não podia perceber que Evelina, em espírito, ali estava, rente a ele, diligenciando acordá-lo para a verdade.
Caio, que fazes da vida? — Ela perguntou, docemente.
O  advogado não registrou a indagação com os tímpanos corpóreos, mas ouviu-a na acústica da alma e julgou monologar: «Caio, que fazes da vida?» Repetiu, inconscientemente, as palavras da companheira desencarnada, no ádito da própria consciência, e passou a considerar que o tempo fugia sem que se desse conta de si mesmo... Em que valores permutara o patrimônio das horas? em que recursos convertia a saúde e o dinheiro? que bênçãos já teria espalhado com o titulo acadêmico que ostentava? (...)
O  olhar se lhe esbarrou, sem querer, no ritual do sepultamento de Elisa e inquiriu, de si mesmo, o que teria representado para a morta... Sinceramente, não se sentia bem consigo próprio, realinhando na imaginação a impaciência e a dureza com que sempre a tratara, preocupado em arrebatar-lhe a ternura da filha...
Avaliando as péssimas notas que a consciência lhe conferia no educandário da existência, embora de longe, fixou Vera, a esquadrinhar-lhe o íntimo, através do semblante.
Caio — assoprou-lhe Evelina aos ouvidos da alma —, pense nos teus compromissos... É tempo de legalizar a situação da jovem que se entregou a ti sem qualquer restrição...
Convencido de que conversava de si para consigo, Serpa reproduziu a interpelação, no campo mental, em silêncio, sem perceber que a esposa desencarnada lhe colhia as respostas. Supondo desenvolver tão-somente um processo de autocrítica, monologou sem palavras: «legalizar a situação com Vera? casar-me? porquê?». Sim, aprovava, prometera-lhe matrimônio, mas não se resignava a aceitar a medida sem maior observação. Já fora homem preso a obrigações de marido e não se propunha a retomar afeição recheada a constrangimentos. Além disso, matutava, dava-se por homem robustecido na experiência do mundo. Escutara em sociedade muitas referências desprimorosas, ao redor da filha de Elisa, que não a recomendavam para esposa. De rapazes diversos, obtivera apontamentos que lhe enodoavam a ficha de mulher. Porque entregar seu nome a uma criatura tida por inconstante?
Caio, quem és tu para julgar?
A interrogação de Evelina percutiu na alma dele em forma de ideia fulgurante que o enterneceu e assustou...
E qual se pensasse em voz alta, a falar espiritualmente para si próprio, recebia novas exortações, semelhando impactos da verdade a lhe atingirem o ádito do próprio ser:

Caio, quem és tu para julgar? não és igualmente de ti mesmo, alguém onerado com débitos escabrosos perante a Lei? a que título, condenar sumàriamente uma jovem, prejudicada pelos enganos da sua condição de menina moralmente desamparada?...

Na base das advertências que lhe eram endereçadas, prosseguia indagando-se... Seria justo abusar dela agora que se via pràticamente só no mundo? se a desprezasse, para onde iria? E quem era ele, Caio Serpa, senão um homem no rumo da madureza, reclamando a dedicação de alguém para que o comboio da vida se não lhe descarrilasse? Conhecia ele toda a escala dos prazeres físicos e que lucrara finalmente com isso, se levava toda manifestação afetiva para o terreno da irresponsabilidade e do abuso? que recolhera senão cansaço e desilusão das noitadas barulhentas, cheias de vozes e vazias de sentido? até ali, que lembrasse, nunca ajudara a ninguém. Sabia ser afável até o ponto em que as circunstâncias não o descontentassem. Bastava, porém, um ponto, um leve ponto a contrariá-lo, em quaisquer acontecimentos, para que se internasse nessa ou naquela escapatória, no claro intuito de não se incomodar. Não teria chegado o momento de auxiliar a outrem, agir a favor de alguém? De começo, empenhado à conquista, cumulara Vera de gentilezas, carinhos. Enredara-lhe as atenções. Depois, o fastio daqueles que não mais sabem amar, quando a chama do desejo se lhes extingue na candeia da forma. Entretanto, não lhe era lícito negar que a moça lhe dera os mais altos testemunhos de confiança. Vera Celina se lhe entregara, de todo. E, por fim, não vacilara humilhar a própria genitora, a fim de colocar-lhe nas mãos todos os bens...

Serpa registrava todos os argumentos da companheira desencarnada, à feição de uma lâmpada que se julgasse fonte da luz de que se beneficia, a ignorar que a recolhe da usina.
E opunha contraditas:
— Consorciar-me? prender-me? porquê? não tenho toda a satisfação do homem casado, sem as peias do matrimônio?
E a voz de Evelina a ressoar-lhe novamente no espírito:

Sim, (...) entretanto, como não te garantires contra as tentações do futuro, como não te imunizares contra as tuas próprias inclinações para a aventura, doando a ela (...) a tranquilidade de que carece para servir-te? Acaso te julgas livre das tendências à leviandade que te assinalam o campo afetivo? Não será recomendável lhe assegures a paz, preservando a paz de ti mesmo, pela submissão às disciplinas justas da vida?
Pensa! Imagina-te à frente de tua própria mãezinha, já que quase todo homem procura na esposa, acima de tudo, o apoio maternal que a madureza furtou da infância... Estimarias que um homem, na hipótese o teu próprio pai, lhe espancasse os mais puros anseios do coração?
Porventura não se tornaria ela mais digna do teu amparo e do teu carinho, se a visses brutalizada, desamparada, esquecida por aquele mesmo a quem se rendeu, confiante? porque alegares sofrimentos passados para menoscabar a criatura que amas, se semelhantes provações fazem dela alguém com mais acentuada necessidade de tua proteção e entendimento?...
Das admoestações prôpriamente consideradas, a ex-senhora Serpa se transferiu para reflexões de otimismo e esperança:
—  Caio, medita!... Vera não te confiou parcos recursos materiais à administração! Dispões de patrimônio apreciável para organizar uma família... Pondera quanto às bênçãos do futuro! Escuta!
Creias ou não em Deus e na sobrevivência do espírito, além da morte, carregas contigo um doloroso problema, até agora inarredável da mente: o remorso (...)! Escapas, no rumo de prazeres que não te diminuem a mágoa, e tentas, em vão, bloquear reminiscências amargas que te assediam constantemente... Ser pai, cuidar de filhos queridos, não te será na Terra a mais elevada compensação? O matrimônio com Vera te investirá legalmente na posse de recursos a serem valorizados e aumentados, garantindo, aos filhinhos vindouros, segurança e conforto, alegria e educação!... Um lar, Caio!... Um lar, onde possas descansar, renovar-te, esquecer!... Filhos em que te revejas e o convívio de Vera, cuja presença te lembrará o refúgio maternal!...

Diante daquelas santas evocações de paz e ventura que jamais experimentara, pela primeira vez, depois de muitos anos, Serpa chorou...
Evelina continuava:
Sim, Caio, lava o coração na corrente das lágrimas!... Chora de esperança, de júbilo!
Confiemos em Deus e na vida!... O Sol que hoje se põe, voltará amanhã! Contempla estas lousas, fita os sepulcros à frente! De todos os lados, explodem verdura e flor, a dizerem que a morte é ilusão, que a vida triunfa, bela e eterna!... De um outro mundo, os que te amam regozijar-se-ão com os teus gestos de entendimento! (...) Elisa há de abençoar-te!... Coragem, coragem!...
O causídico, surpreso, incapaz de identificar-se visitado pelo espírito da companheira de outros tempos, reconhecia-se sübitamente consolado e eufórico, tangido por suave renovação, nos recônditos do ser.
À maneira de um doente que encontrara o remédio providencial e a ele se agarrasse, na sede da própria cura, instintivamente decidiu-se a não perder o precioso momento de exaltação construtiva em que entrara.
Vamos!... — insistiu Evelina — concede agora, mas claramente agora, a nossa Vera a certeza de que a protegerás num casamento digno!...
Sucedeu o inesperado.
Habitualmente agressivo e rebelde, Caio Serpa arrancou-se, humilde, do lugar em que se plantara, avançou sempre abraçado pelo espírito da ex-esposa, na direção do grupo em que a jovem se apoiava... Ali, de pensamento conjugado ao da mensageira espiritual, observou a moça sob novo prisma. Pareceu-lhe que começava a amá-la de maneira diversa. Viu-a mais cativante na dor que demonstrava, percebeu-lhe a solidão e a sede justa de companhia. Às súbitas, reconheceu-se também só, a requisitar-lhe mais intensivamente a dedicação e o carinho para viver.
Já não sabia, naquele inolvidável instante, se a queria com a impertinência de um homem ou com a ternura de um pai...
Abordando-a, tomou-lhe o braço, de leve, e comunicou-lhe, em voz alta, no propósito de alicerçar a própria declaração com o testemunho dos amigos presentes:
— Vera, não chore mais... Você não está sozinha! Amanhã mesmo, cogitaremos de organizar a documentação precisa para casar-nos tão breve quanto possível!.
A interpelada lançou-lhe um olhar significativo e agradecido... E enquanto ambos se escoravam um no outro para o retorno a casa, Evelina e Ernesto, com os amigos desencarnados atentos às derradeiras homenagens à viúva Fantini, entraram em prece, agradecendo ao Senhor a bênção daquela transformação.


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