Casa Espírita Missionários da Luz – ESDE2 - 08/12/2015
Tema: Atendimento Fraterno
Objetivos:
a)
Conceituar
o Atendimento Fraterno nas Casas Espíritas
b)
Explicar
a metodologia para a Atendimento Fraterno
Bibliografia:
-
Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. XVI – 14; Cap. XVII – 4; XXV – 1;
- O Livro dos Espíritos – perg. 919;
- Atendimento Fraterno – Projeto
Manoel Philomeno de Miranda;
- Como Fazer Atendimento Fraterno -
FEP
Material: notebook,
projetor, casos a serem estudados em papel
Desenvolvimento:
- Prece inicial.
- Conduzir as
reflexões iniciais com auxílio de slides, com base nos textos de apoio
- Propor exercícios em duplas ou trios
- Apresentação dos casos
5. Prece final
6. Anexos
CASO 01 - ESTÁ BLOQUEADO, MAS QUER AJUDA
- NARRATIVA:
—
“Estou passando por problemas muito difíceis, mas não gostaria de relatá-los.
São muito pessoais. Eu nem sei por que vim aqui, nunca fui muito religioso.
Será que mesmo assim eu receberia algum tipo de ajuda?”
Qual
a orientação mais correta ?
CASO 02 -
COMPROMISSO AMEAÇADO
- NARRATIVA:
“Nem
sei como começar. Não estou mais suportando a situação em casa: meu marido bebe
e se enche de dívidas. Ele já prometeu, várias vezes, parar de beber e não
consegue. Estou desesperada. Meus filhos estão vivenciando todo o problema, mas
tenho medo de me separar e me complicar espiritualmente. Já me disseram que é
meu carma e devo agüentar até o fim. O que eu faço?”
Qual a
orientação mais correta ?
CASO 03 -
PROBLEMA PSÍQUICO OU OBSESSÃO ?
- NARRATIVA:
Apresentou-se,
na Sociedade Espírita Joanna de Ângelis, de Juiz de Fora -MG, um casal com o
filho de 16 anos, para o qual pediam orientação e ajuda, visto que o jovem
estava com depressão e muito angustiado.
O
atendimento foi realizado com a presença da mãe, através da qual ficamos
sabendo que Lincoln (nome fictício) tinha vida normal, era estudioso e
praticava esportes.
“No
início do ano em curso, meu marido resolveu tirá-lo do colégio onde cursava o
segundo grau e matriculá-lo em outro. No primeiro dia, no novo colégio, meu
filho passou mal em plena sala de aula, tendo que se retirar apressadamente,
sentindo uma aflição inexplicável, medo e sensação que iria desmaiar. A partir
desse dia, embora tentasse, não conseguiu ir às aulas. O estado de angústia
tornou-se intenso e não teve mais condições de sair com os colegas antigos,
fechando-se em casa, tendo crises de choro, insegurança, medo e profundo
abatimento.”
Voltou
a mãe a ressaltar as qualidades de Lincoln: excelente filho, estudioso, bom
gênio, muito educado e de relacionamento normal com os pais e a irmã mais nova.
A
senhora, prosseguindo, comentou que, ao surgirem os primeiros sintomas, foram
aconselhados a levar o filho a um Centro Espírita. Isto não seria difícil, pois
já estavam freqüentando o Espiritismo há algum tempo, assistindo palestras em
Casas diversas e lendo obras espíritas.
Durante
o seu relato, Lincoln também forneceu alguns detalhes, porém com certa
dificuldade pois emocionava-se até às lágrimas. Era evidente que se tratava de
um rapaz dócil, fino, muito educado, de bons sentimentos (inclusive, já
participara de reuniões de jovens numa das Instituições Espíritas da cidade)
sem vícios, e de excelente conduta.
“Fomos
eu, meu marido e Lincoln — continuou a senhora — ao Centro Espírita que nos
indicaram e levamos o caso ao conhecimento das pessoas incumbidas desse
trabalho, sendo por elas orientados de que se tratava de obsessão grave. A
convite, participamos de reunião de desobsessão, na qual diversos Espíritos
comunicaram-se, dizendo-se inimigos ferrenhos do nosso filho e da família. Ele
ficou ainda mais apavorado. Resolvemos tentar outro local e o fato se repetiu
de forma semelhante por mais duas vezes. Invariavelmente ouvíamos esclarecimentos
de que eram obsessores terríveis e foram feitas “revelações” do passado da
família”.
Após
o relato da mãe, pedimos ao próprio Lincoln que narrasse, se fosse possível, os
sintomas que o acometiam desde a primeira vez. Ele o fez, com algum esforço.
Ao
procurarmos saber se haviam recorrido a um médico ou psicólogo responderam que
não, pois devido à afirmativa de que era obsessão julgaram que só através do
Espiritismo teriam solução para o problema.
Qual a
orientação mais correta ?
CASO 04 -
PRESSENTIMENTO FALSO
- NARRATiVA
Era
casada, o marido ficara paralítico e tinha 5 filhos para criar. Defrontava-se,
agora, com um problema grave de saúde: estava com um câncer ovariano e, no
último exame, fora detectada a metástase.
Estava
desesperada, antevendo a possibilidade de morrer deixando os entes queridos em
dificuldade econômica.
Para
acrescer a sua ansiedade, estava vivendo um instante de grande tristeza e
amargura, pois, no dia seguinte, seria submetida à cirurgia e tivera um
pressentimento de que não sairia com vida da mesa de operação.
Qual
a orientação mais correta ?
CASO
5 - Mediunidade aflorada
-
NARRATIVA
A
jovem chegou à Casa Espírita pela primeira vez, é recebida por um
trabalhador(recepcionista da noite) que a encaminha ao anfiteatro onde
aconteceria a palestra pública. Poucos minutos depois, a jovem deixa o local
onde estava sentada, dirige-se ao trabalhador que a recepcionara, reclama de
angústia acentuada, medo e vontade de
chorar. Diz ao trabalhador que está sentindo-se mal ali e quer ir embora. O
recepcionista oferece ajuda e a orienta a conversar com outro trabalhador da
Casa. Explica sobre o Atendimento Fraterno. A jovem deixa-se conduzir a uma
sala reservada onde um outro trabalhador está fazendo uma leitura. O
recepcionista apresenta à jovem ao “atendente” e se retira. Imediatamente após
entrar na sala a jovem começa a falar algumas frases aparentemente desconexas.
Afirma de forma severa que não ficará ali, que todos ali querem retê-la, que ela
odeia o atendente e todos os trabalhadores. Fala em vingar-se de todos. O
trabalhador percebe desde o início da fala que a jovem estava envolvida por um
espírito aparentemente endurecido e infeliz.
Qual
a orientação mais correta ?
--- Orientação para os atendimentos ---
CASO 1- ESTÁ
BLOQUEADO, MAS QUER AJUDA - Tânia Hupsel
-
NARRATIVA:
— “Estou passando por problemas muito
difíceis, mas não gostaria de relatá-los. São muito pessoais. Eu nem sei por
que vim aqui, nunca fui muito religioso. Será que mesmo assim eu receberia
algum tipo de ajuda?”
- ORIENTAÇÃO:
Observando a sua ansiedade, procuramos,
inicialmente, tranqüilizá-lo, afirmando que respeitaríamos a sua opção de não
relatar o problema, e depois o felicitamos por ter recorrido à Casa Espírita,
num momento de aflição. Orientamo-lo sobre como a Doutrina Espírita poderia
auxiliá-lo, e, em particular, esta Casa. E acrescentamos:
Não há necessidade que saibamos o que se
passa com você; o importante é que você saiba, da maneira mais completa
possível, pois só então poderá realizar as transformações necessárias em si
próprio e, conseqüentemente, em sua vida. Você não está só, e, assim como a
Divindade soube trazê-lo até aqui, saberá como auxiliá-lo. Procure dar um
crédito de confiança a você mesmo e à sua fonte interna de sabedoria, conectada
com Deus.
- COMENTÁRIOS:
Aproveitamos o caso acima, para recordar, nos
atendimentos habituais, que precisamos evitar expor as pessoas a
constrangimentos desnecessários e, para isso, devemos até desestimular
revelações de determinados detalhes que não seriam úteis para o aconselhamento.
Lembremos que muitos dos que nos procuram são ou passarão a ser freqüentadores
da mesma Casa Espírita e, alguns, poderão sentir-se incomodados ao nos
reencontrarem em outras circunstâncias, arrependendo-se por certas confidências,
mesmo sabendo da nossa diretriz de sigilo.
Durante atendimentos semelhantes ao presente
caso, se por algum motivo sentirmos a necessidade de um melhor esclarecimento
para o aconselhamento, podemos solicitar ao assistido que relate o seu problema
de uma maneira genérica, contudo respeitando sempre a sua decisão.
CASO 2 - COMPROMISSO
AMEAÇADO
- Tânia Hupsel
- NARRATIVA:
“Nem sei como começar. Não estou mais
suportando a situação em casa: meu marido bebe e se enche de dívidas. Ele já prometeu,
várias vezes, parar de beber e não consegue. Estou desesperada. Meus filhos
estão vivenciando todo o problema, mas tenho medo de me separar e me complicar
espiritualmente. Já me disseram que é meu carma e devo agüentar até o fim. O
que eu faço?”
- ORIENTAÇÃO:
Falamos da Doutrina Espírita e do conceito de
carma, que é dinâmico e não determinista, ou fatalista, como erroneamente se
pensa. Demos a visão espírita do Deus-Amor e não Deus-punição e explicamos que
a responsabilidade dos nossos atos, através do livre-arbítrio, é uma das
maiores provas desse amor. Falamos da colheita a partir da sementeira, que se
dará de acordo com a nossa capacidade, limites e nível evolutivo; do reencontro
de Espíritos através da reencarnação para novas oportunidades de reparação e
crescimento; da finalidade essencial da vida, que é aprendermos a nos amar, à
medida que evoluimos.
No casamento o compromisso é mútuo —
disse-lhe. Sugerimos que se perguntasse: — “Eu quero, realmente, manter, ou
salvar este relacionamento (e, ou, ajudar o marido)? — Já investi tudo o que
podia para que isso aconteça? — O que eu poderia fazer além do que já fiz, com
esse objetivo?” E lhe orientamos que antes de tomar uma decisão, procurasse
harmonizar-se mais através da oração, freqüência às reuniões doutrinárias,
passes; que realizasse o Evangelho no lar e procurasse envolver o companheiro e
a família em vibrações de paz e mentalizações positivas.
Tentasse o diálogo carinhoso e evitasse o
conflito. Pensasse nele como um doente (sem rancor, mas sim, com piedade) e
propusesse-lhe a terapia médica e espírita. Caso ele não aceitasse,
auxiliasse-o, da maneira possível, independente da decisão de manter ou não o
casamento.
- COMENTÁRiOS:
É importante termos sempre em mente durante o
atendimento uma de suas diretrizes: que não nos compete induzir ou tomar
qualquer decisão pelo assistido, respeitando o livre-arbítrio de cada um, fator
preponderante na evolução individual. Devemos oferecer a palavra
espírita,inclusive esclarecendo quanto a conceitos errôneos, ampliando assim a
visão do problema e oferecendo alternativas de reflexões, que auxiliarão na
escolha (individual e intransferível).
CASO 3 - PROBLEMA
PSÍQUICO OU OBSESSÃO? - Suely Caldas Schubert
-
NARRATIVA:
Apresentou-se, na Sociedade Espírita Joanna
de Ângelis, de Juiz de Fora -MG, um casal com o filho de 16 anos, para o qual
pediam orientação e ajuda, visto que o jovem estava com depressão e muito
angustiado.
O atendimento foi realizado com a presença da
mãe, através da qual ficamos sabendo que Lincoln (nome fictício) tinha vida
normal, era estudioso e praticava esportes.
“No início do ano em curso, meu marido
resolveu tirá-lo do colégio onde cursava o segundo grau e matriculá-lo em
outro. No primeiro dia, no novo colégio, meu filho passou mal em plena sala de
aula, tendo que se retirar apressadamente, sentindo uma aflição inexplicável,
medo e sensação que iria desmaiar. A partir desse dia, embora tentasse, não
conseguiu ir às aulas. O estado de angústia tornou-se intenso e não teve mais
condições de sair com os colegas antigos, fechando-se em casa, tendo crises de
choro, insegurança, medo e profundo abatimento.”
Voltou a mãe a ressaltar as qualidades de
Lincoln: excelente filho, estudioso, bom gênio, muito educado e de
relacionamento normal com os pais e a irmã mais nova.
A senhora, prosseguindo, comentou que, ao
surgirem os primeiros sintomas, foram aconselhados a levar o filho a um Centro
Espírita. Isto não seria difícil, pois já estavam freqüentando o Espiritismo há
algum tempo, assistindo palestras em Casas diversas e lendo obras espíritas.
Durante o seu relato, Lincoln também forneceu
alguns detalhes, porém com certa dificuldade pois emocionava-se até às
lágrimas. Era evidente que se tratava de um rapaz dócil, fino, muito educado,
de bons sentimentos (inclusive, já participara de reuniões de jovens numa das
Instituições Espíritas da cidade) sem vícios, e de excelente conduta.
“Fomos eu, meu marido e Lincoln — continuou a
senhora — ao Centro Espírita que nos indicaram e levamos o caso ao conhecimento
das pessoas incumbidas desse trabalho, sendo por elas orientados de que se
tratava de obsessão grave. A convite, participamos de reunião de desobsessão,
na qual diversos Espíritos comunicaram-se, dizendo-se inimigos ferrenhos do
nosso filho e da família. Ele ficou ainda mais apavorado. Resolvemos tentar
outro local e o fato se repetiu de forma semelhante por mais duas vezes.
Invariavelmente ouvíamos esclarecimentos de que eram obsessores terríveis e
foram feitas “revelações” do passado da família”.
Após o relato da mãe, pedimos ao próprio
Lincoln que narrasse, se fosse possível, os sintomas que o acometiam desde a
primeira vez. Ele o fez, com algum esforço.
Ao procurarmos saber se haviam recorrido a um
médico ou psicólogo responderam que não, pois devido à afirmativa de que era
obsessão julgaram que só através do Espiritismo teriam solução para o problema.
- ORIENTAÇÃO:
Procuramos explicar que existem certos
sintomas que podem ser confundidos com obsessão, e que, no caso de Lincoln,
tudo indicava ser outro o diagnóstico, embora pudesse haver também um
componente de ordem espiri¬tual negativa (instintivamente pensávamos tratar-se
de síndrome do pânico, mas não o mencionamos para não ferir a ética, já que não
temos formação profissional nessa área). Aos poucos, procuramos evidenciar que
deveriam consultar um médico, no que concordaram, informando-nos que já estavam
pensando em fazê-lo. Acrescentamos que se poderia realizar um tratamento
espiritual simultâneo. E porque ambos, mãe e filho, insistissem em saber se era
um caso de obsessão grave, respondemos que, a nosso ver, tratava-se de outro
problema, coisa que só o médico poderia afirmar. Outro ponto importante foi
sobre as perguntas que fizeram sobre as orientações que receberam para
participarem de reuniões de desobsessão. Esclarecemos que não eram indicadas,
explicando que, infelizmente, existem pessoas, embora bem intencionadas, que
por falta de estudo da Doutrina Espírita, levam outras a cometerem enganos.
- COMENTÁRIOS:
Lincoln foi a um psiquiatra e teve o
diagnóstico de síndrome do pânico, sendo-lhe prescrita a medicação. Por outro
lado, passou a freqüentar a instituição, três vezes por semana, ouvindo as palestras
e recebendo fluidoterapia. Ao fim de um ano Lincoln estava com a vida
normalizada. A medicação foi sendo reduzida até a suspensão. Voltou aos
estudos, aos esportes e ao convívio com os amigos. Prossegue participando das
atividades espíritas. Hoje toda a família é profundamente agradecida à Doutrina
pelos benefícios recebidos.
Algumas lições importantes a tirar desse
fato:
1) Nem tudo é obsessão;
2) O perigo de se fazer afirmativas nesse
campo tão complexo;
3) A inconveniência de se levar pessoas totalmente
despreparadas — e o que é pior: enfermas — para as reuniões de desobsessão.
CASO 4 -
PRESSENTIMENTO FALSO
João
Neves da Rocha
-
NARRATiVA
Era casada, o marido ficara paralítico e
tinha 5 filhos para criar. Defrontava-se, agora, com um problema grave de
saúde: estava com um câncer ovariano e, no último exame, fora detectada a
metástase.
Estava desesperada, antevendo a possibilidade
de morrer deixando os entes queridos em dificuldade econômica.
Para acrescer a sua ansiedade, estava vivendo
um instante de grande tristeza e amargura, pois, no dia seguinte, seria
submetida à cirurgia e tivera um pressentimento de que não sairia com vida da
mesa de operação.
-
ORIENTAÇÃO
As nossas primeiras palavras foram de
estímulo, de enaltecimento pela forma corajosa como aquela mulher assumira as
suas responsabilidades até ali.
“Que ela confiasse em Deus e se entregasse à
Sua providência, de forma total, naquele momento de tanta expectativa e tensão.
O Pai saberia ampará-la, nada acontecendo de ruim, pois Ele só para o bem age,
em proveito de seus filhos arrematei.
“Naturalmente — explicamos — nos momentos de
grande tensão, ante provas excruciantes, a nossa mente perde o contato com o
Divino e se envolve no manto do pessimismo, pensando só no pior. É por essa
razão que você está assimilando a idéia de morrer. Não se trata de
pressentimento algum. É conseqüência da tristeza e do medo que lhe invadem a
alma neste momento de dificuldade.”
Então, dissemos:
“Você, que tem sido uma batalhadora,
infundindo ânimo em seus familiares em prova, acudindo o marido enfermo, será
que Deus a deixaria desamparada nesta hora? Renove-se na oração para
asserenar-se e enfrentar a cirurgia com coragem e bem disposta”.
Ela esboçou um discreto sorriso, prenunciador
de mudanças positivas na paisagem dos sentimentos, agradeceu, e se dispôs a
sair, quando lhe propusemos: — Deixe o seu nome para as vibrações, nós oraremos
por você, e aproveite as horas que antecedem a cirurgia para tomar passes e se
preparar, mental e emocionalmente, para a intervenção...
E, lembre-se, quando estiver restabelecida,
retorne para dar notícias.
- COMENTÁRIOS
É comum, em momentos de grande tensão
emocional, pessoas menos resistentes se deixarem envolver pela dúvida,
desânimo, depressão, fatos de que, muitas vezes, se servem Espíritos maus e
ignorantes para incutirem idéias pessimistas, gerando um quadro de obsessão
simples, de graves conseqüências, terminando por minar a mente, em momentos
decisivos em que as mesmas precisam do máximo de forças para vencer os obstáculos.
Cabe ao atendente fraterno sacudir aquela
tristeza (pelo menos concorrer para isso) sendo animado e estimulador.
Analisando especificamente o caso
apresentado, imaginemos que o pressentimento que passava pela mente da
consulente fosse uma realidade, e que se tratasse, de fato, de um presságio de
desencarnação. De nada adiantaria o atendente fraterno reforçar aquela idéia
que tanto a inquietava, pois isso só causaria mais desânimo quando, o que a
pessoa precisava era de força, energia, confiança para continuar a sua
trajetória, fosse onde fosse.
Por outro lado, uma orientação dúbia, do
tipo: “Devemos estar preparados para o que quer que nos aconteça, conforme a
vontade de Deus...” Estaria indiretamente reforçando a idéia do óbito,
conduzindo aos mesmos resultados de desestímulo e pessimismo que a consulente
apresentava.
Ainda que racionalmente saibamos ser a morte
uma possibilidade em casos de tal complexidade, não podemos matar o momento de
esperança de ninguém, ainda porque ante a falta de tempo para uma
conscientização demorada optamos pelo incentivo, pela superação do conflito.
No caso, a providência era de emergência. O
comando único que se impunha era estimular e estimular. O que não se pode
fazer, de modo algum, é dar garantias absolutas, prometer curas e maravilhas.
Textos de apoio
Ao perceber alguém que chega, por primeira vez, a Casa
Espírita a que você está vinculado por
laços de afeição e compromissos
de serviços, aproxime-se, sorria, converse... seja alguém a dar
boas-vindas com efusão de legítima fraternidade. Esse não é um trabalho
protocolar e formal da responsabilidade
exclusiva de quem dirige a Casa, mas um impulso
espontâneo de quem está feliz com a convivência cristã e, por isso
mesmo, interessado em expandir
sentimentos de amizade.
Lembre-se que uma recepção fria traduz apatia injustificável,
e que a presença de alguém na Casa
Espírita, por muito tempo despercebida, demonstra que os que estão ali
albergados se encontram enclausurados em si mesmos e pouco
interessados na expansão da Boa Nova
na Terra.
Que seja a sua presença na Casa Espírita uma viagem
permanente ao coração de seu irmão.
Integre-se no espírito da alegria, disputando a honra de
trabalhar, com todos e entre todos, sem
preocupações hegemônicas ou dominadoras.
Cordialidade permanente, silêncio a qualquer impulso
maledicente, o máximo de empenho para
o aproveitamento de toda e qualquer
contribuição, sem cobranças, exibicionismos,
querelas... lembre-se que, em
parte, depende de você o clima de amizade que atrairá os bons Espíritos.
É um dos objetivos do Atendimento Fraterno levar o atendido
a essa compreensão de si mesmo
(ainda que em níveis superficiais, no início) para que ele atendido — seja
capaz de flexibilizar suas crenças pouco
racionais e lógicas e alterar os seus
valores, a forma de ver a vida e a
própria situação, tornando-se mais otimista, para, a partir daí, fazer uma programação de vida,
traçar um roteiro evolutivo que envolva a superação das dificuldades na ocasião apresentadas.
Não cabe ao atendente fraterno passar receitas prontas,
encaminhar soluções que saiam exclusivamente de sua cabeça.
É preciso a adesão, a
“cumplicidade” do atendido, que deverá estar disposto a assumir a rédea da própria vida. Bom mesmo será quando o
ajudado tomar a orientação que recebe
(discretamente) como uma descoberta sua, porque, nesse caso, ele se
aplicará com mais energia ao esforço
pela superação de obstáculos.
Digamos que um perfil apropriado ao atendente, englobaria duas ordens de requisitos: os
humanos básicos e os de natureza doutrinária.
Entre os primeiros alinham-se as seguintes qualidades:
·
saber
ajudar-se, ou seja, a pessoa já ter uma equação de vida bem delineada;
·
interesse
fraternal por outras pessoas, que sintetizaremos com a expressão: gostar de
gente;
·
bom
repertório de conhecimentos, não apenas do ponto de vista informativo mas
também vivencial;
·
hábito
de oração e de estudo — oração para mantê-lo na sintonia com os bons Espíritos,
e estudo para mantê-lo atualizado e em condição de compreender as pessoas;
·
ser
pessoa moralizada, ou seja, estar conscientemente vivendo mais em função da
essência — o Espírito — que da aparência — a vida
transitória do corpo e dos prazeres —;
·
eqüanimidade,
ponderação, equilíbrio emocional, paciência e segurança, que constituem um leque de conquistas emocionais e psíquicas que o capacitam a
lidar com situações desafiadoras.
Entre os requisitos doutrinários ou relacionados com a
vivência espírita incluiríamos: integração nas atividades do Centro e conhecimento da sua estrutura de
funcionamento; familiaridade com o
Evangelho de Jesus; conhecimento da Doutrina
Espírita — obras básicas da
Codificação e obras complementares sobre mediunidade e obsessão/desobsessão.
O Atendimento Fraterno, conquanto seja uma atividade que
requer dos atendentes a posse de habilidades interpessoais, na dinâmica da Casa
Espírita assume um caráter eminentemente
inspirativo, em que atendentes e atendidos são auxiliados pelos bons Espíritos que se vinculam à tarefa, os primeiros, recebendo
intuições quanto à natureza dos problemas
enfocados e as sugestões a serem fornecidas para a solução dos mesmos e
os segundos, recebendo o apoio emocional
indispensável, a fim de que tenham
confiança para se desvelarem.
“Ouvir é mais produtivo que falar, em todos os níveis. A
pessoa que sabe ouvir é mais simpática, conquista o interlocutor e, acima
de tudo acrescenta ao seu próprio patrimônio
cultural, a informação que o outro exterioriza”.
“Interromper constitui violação do principal objeto da
comunicação humana na audição: fazer com que o outro fale.
Observações e comentários podem ser guardados até o final
da exposição, quando sempre haverá
tempo para dirimir dúvidas.”
“Ouvir é renunciar. É a mais alta forma de altruísmo, em
tudo quanto essa palavra significa de
amor e atenção ao próximo.”
“O ato de ouvir, exige, de quem ouve, associar-se a quem
fala. É necessário empenho de quem
fala para fazer-se compreender.”
“Qualquer pessoa pode melhorar sua capacidade para ouvir.
Ouvir é uma técnica mental que pode
ser aperfeiçoada em treinamento e prática.”
Bibliografia:J. R.
Whitakev Penteado. A Técnica da Comunicação Humana — Livraria Pioneira
Editora
Robert R. Carkhuff definiu os grupos principais
das habilidades interpessoais, conforme citadas na Obra de Clara Feldmam:
Construindo a Relação de Ajuda:
ATENDER: expressar de forma indireta (não verbalmente)
disponibilidade e interesse pelo ajudado;
RESPONDER: demonstrar, por gestos e palavras, compreensão
por ele, correspondendo-lhe à expectativa pessoal;
PERSONALIZAR: conscientizá-lo de que é uma pessoa ativa, com
responsabilidade no seu problema, e capaz de solucioná-lo;
ORIENTAR: saber avaliar, com ele, as alternativas de ação
possíveis, de modo a facilitar-lhe a escolha (que é dele) da ação transformadora.
********
ATENDER envolve desde o cuidado com o ambiente físico
(decoração, conforto, pessoal de recepção) ao próprio comportamento de polidez e de interesse do
Atendente, que deverá saber receber, ter postura adequada durante a
entrevista, aproximar-se (não criar distâncias por superioridade ou excesso de
formalismo), prestar atenção (concentrando-se para ouvir bem e observar as
reações do outro).
Queremos particularizar, neste tópico, uma
habilidade especial: o saber ouvir, que, além de impressionar positivamente
pelo grau de empatia que vincula ajudador e ajudado, assegura, através da
memorização, a evocação dos elementos
fáticos e opinativos que o ajudado expressa, favorecendo a orientação.
Nada pior do que um ajudador que não presta
atenção e que a cada momento precisa recapitular com perguntas o que ouviu.
É nessa fase do ouvir que começa a brotar na
mente do Atendente a inspiração dos bons Espíritos, que deve ser guardada para, no momento próprio, nas fases
seguintes, do atendimento, basear a sua orientação.
RESPONDER não significa tão somente a devolução de
respostas às perguntas formuladas pelo atendido. Responder perguntas é só uma parte desta fase.
Responder é identificar e confirmar com o próprio ajudado o seu problema principal, escoimando-o dos acessórios
inúteis de sua mente em confusão. E expressar com os próprios, os
sentimentos do outro. É, enfim, perceber
a linguagem corporal do outro e o que ela representa como mensagem a ser
correspondida adequadamente.
PERSONALIZAR é o momento do ajudado se descobrir como
pessoa, perceber o fato de que não é um passivo diante de sua experiência mas
um atuante, uma pessoa responsável por seus atos, pensamentos e emoções,
alcançando a compreensão de que os outros podem ser, tão somente, agentes
estimuladores dessas emoções (positivas ou negativas). A partir dai, torna-se
consciência de deficiências que precisam ser alijadas e qualidades a ser
aperfeiçoadas no esforço da reconquista do equilíbrio íntimo.
Este é um processo muitas vezes doloroso, mas necessário,
por ser a antecâmara do autodescobrimento, que só pode ser alcançado pelos caminhos do amor,
quando o atendente é capaz de passar essa chama divina, através de palavras e
atitudes gentis, e quando o atendido é capaz de recebê-la através de uma entrega
confiante e esperançosa.
É por esta razão que se afirma serem as duas
fases iniciais do atendimento, o atender e o responder, praticamente definidoras do sucesso da ajuda, pois estes
são os momentos do contato pessoa a pessoa em que o amor deve penetrar a alma do atendido prëdispondo-o à transformação.
É preciso que haja uma certa instantaneidade, como uma reação química, para que
esse fogo divino — o amor — passe de um indivíduo para outro, sendo esta a
razão para o sucesso dos Atendentes
Fraternos carismáticos e afetuosos.
Implantada a confiança pelo amor, o parto do
auto-descobrimento se dá, em níveis mínimos que sejam. Compatíveis com o estágio consciencial de cada um; predisposto
estará o atendido para receber a orientação, como um campo a ser semeado, prenunciando uma colheita futura
de bênçãos. Isto porque a semente — a Doutrina Espírita — é de excelente
qualidade.
ORIENTAR será a parte mais fácil, se o Atendente conhece
a Doutrina, cabendo-lhe organizar a sua expressão de forma clara e simples para transferi-la para
o atendido como informações práticas, a partir das quais se definirá um plano
de ação, que o atendido deverá seguir por iniciativa própria, objetivando a
solução almejada.
Bibliografia: Clara Feldmande de Miranda.
Márcio Lúcio de Miranda — Construindo a Relação
de Ajuda — Edição Crescer, Belo Horizonte, MG.
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