domingo, 4 de dezembro de 2016

Atendimento Fraterno

Casa Espírita Missionários da Luz – ESDE2 - 08/12/2015

Tema: Atendimento Fraterno

Objetivos:
a)    Conceituar o Atendimento Fraterno nas Casas Espíritas
b)    Explicar a metodologia para a Atendimento Fraterno

Bibliografia:
- Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. XVI – 14; Cap. XVII – 4; XXV – 1;
            - O Livro dos Espíritos – perg. 919;
            - Atendimento Fraterno – Projeto Manoel Philomeno de Miranda;
            - Como Fazer Atendimento Fraterno - FEP

Material: notebook, projetor, casos a serem estudados em papel

Desenvolvimento:  

  1. Prece inicial.

  1. Conduzir as reflexões iniciais com auxílio de slides, com base nos textos de apoio

  1. Propor exercícios em duplas ou trios

  1. Apresentação dos casos

5.    Prece final

6.    Anexos



CASO 01 -    ESTÁ BLOQUEADO, MAS QUER AJUDA

- NARRATIVA:
— “Estou passando por problemas muito difíceis, mas não gostaria de relatá-los. São muito pessoais. Eu nem sei por que vim aqui, nunca fui muito religioso. Será que mesmo assim eu receberia algum tipo de ajuda?”

­Qual a orientação mais correta ?


CASO 02 - COMPROMISSO AMEAÇADO

 - NARRATIVA:
“Nem sei como começar. Não estou mais suportando a situação em casa: meu marido bebe e se enche de dívidas. Ele já prometeu, várias vezes, parar de beber e não consegue. Estou desesperada. Meus filhos estão vivenciando todo o problema, mas tenho medo de me separar e me complicar espiritualmente. Já me disseram que é meu carma e devo agüentar até o fim. O que eu faço?”


Qual a orientação mais correta ?



CASO 03 - PROBLEMA PSÍQUICO OU OBSESSÃO ?

- NARRATIVA:
Apresentou-se, na Sociedade Espírita Joanna de Ângelis, de Juiz de Fora -MG, um casal com o filho de 16 anos, para o qual pediam orientação e ajuda, visto que o jovem estava com depressão e muito angustiado.
O atendimento foi realizado com a presença da mãe, através da qual ficamos sabendo que Lincoln (nome fictício) tinha vida normal, era estudioso e praticava esportes.
“No início do ano em curso, meu marido resolveu tirá-lo do colégio onde cursava o segundo grau e matriculá-lo em outro. No primeiro dia, no novo colégio, meu filho passou mal em plena sala de aula, tendo que se retirar apressadamente, sentindo uma aflição inexplicável, medo e sensação que iria desmaiar. A partir desse dia, embora tentasse, não conseguiu ir às aulas. O estado de angústia tornou-se intenso e não teve mais condições de sair com os colegas antigos, fechando-se em casa, tendo crises de choro, insegurança, medo e profundo abatimento.”
Voltou a mãe a ressaltar as qualidades de Lincoln: excelente filho, estudioso, bom gênio, muito educado e de relacionamento normal com os pais e a irmã mais nova.
A senhora, prosseguindo, comentou que, ao surgirem os primeiros sintomas, foram aconselhados a levar o filho a um Centro Espírita. Isto não seria difícil, pois já estavam freqüentando o Espiritismo há algum tempo, assistindo palestras em Casas diversas e lendo obras espíritas.
Durante o seu relato, Lincoln também forneceu alguns detalhes, porém com certa dificuldade pois emocionava-se até às lágrimas. Era evidente que se tratava de um rapaz dócil, fino, muito educado, de bons sentimentos (inclusive, já participara de reuniões de jovens numa das Instituições Espíritas da cidade) sem vícios, e de excelente conduta.
“Fomos eu, meu marido e Lincoln — continuou a senhora — ao Centro Espírita que nos indicaram e levamos o caso ao conhecimento das pessoas incumbidas desse trabalho, sendo por elas orientados de que se tratava de obsessão grave. A convite, participamos de reunião de desobsessão, na qual diversos Espíritos comunicaram-se, dizendo-se inimigos ferrenhos do nosso filho e da família. Ele ficou ainda mais apavorado. Resolvemos tentar outro local e o fato se repetiu de forma semelhante por mais duas vezes. Invariavelmente ouvíamos esclarecimentos de que eram obsessores terríveis e foram feitas “revelações” do passado da família”.
Após o relato da mãe, pedimos ao próprio Lincoln que narrasse, se fosse possível, os sintomas que o acometiam desde a primeira vez. Ele o fez, com algum esforço.
Ao procurarmos saber se haviam recorrido a um médico ou psicólogo responderam que não, pois devido à afirmativa de que era obsessão julgaram que só através do Espiritismo teriam solução para o problema.

Qual a orientação mais correta ?
CASO 04 - PRESSENTIMENTO FALSO


- NARRATiVA
Era casada, o marido ficara paralítico e tinha 5 filhos para criar. Defrontava-se, agora, com um problema grave de saúde: estava com um câncer ovariano e, no último exame, fora detectada a metástase.
Estava desesperada, antevendo a possibilidade de morrer deixando os entes queridos em dificuldade econômica.
Para acrescer a sua ansiedade, estava vivendo um instante de grande tristeza e amargura, pois, no dia seguinte, seria submetida à cirurgia e tivera um pressentimento de que não sairia com vida da mesa de operação.

Qual a orientação mais correta ?



CASO 5 -  Mediunidade aflorada

- NARRATIVA
A jovem chegou à Casa Espírita pela primeira vez, é recebida por um trabalhador(recepcionista da noite) que a encaminha ao anfiteatro onde aconteceria a palestra pública. Poucos minutos depois, a jovem deixa o local onde estava sentada, dirige-se ao trabalhador que a recepcionara, reclama de angústia  acentuada, medo e vontade de chorar. Diz ao trabalhador que está sentindo-se mal ali e quer ir embora. O recepcionista oferece ajuda e a orienta a conversar com outro trabalhador da Casa. Explica sobre o Atendimento Fraterno. A jovem deixa-se conduzir a uma sala reservada onde um outro trabalhador está fazendo uma leitura. O recepcionista apresenta à jovem ao “atendente” e se retira. Imediatamente após entrar na sala a jovem começa a falar algumas frases aparentemente desconexas. Afirma de forma severa que não ficará ali, que todos ali querem retê-la, que ela odeia o atendente e todos os trabalhadores. Fala em vingar-se de todos. O trabalhador percebe desde o início da fala que a jovem estava envolvida por um espírito aparentemente endurecido e infeliz.

Qual a orientação mais correta ?


 --- Orientação para os atendimentos ---



CASO 1-        ESTÁ BLOQUEADO, MAS QUER AJUDA - Tânia Hupsel

- NARRATIVA:
— “Estou passando por problemas muito difíceis, mas não gostaria de relatá-los. São muito pessoais. Eu nem sei por que vim aqui, nunca fui muito religioso. Será que mesmo assim eu receberia algum tipo de ajuda?”
- ORIENTAÇÃO:
Observando a sua ansiedade, procuramos, inicialmente, tranqüilizá-lo, afirmando que respeitaríamos a sua opção de não relatar o problema, e depois o felicitamos por ter recorrido à Casa Espírita, num momento de aflição. Orientamo-lo sobre como a Doutrina Espírita poderia auxiliá-lo, e, em particular, esta Casa. E acrescentamos:
Não há necessidade que saibamos o que se passa com você; o importante é que você saiba, da maneira mais completa possível, pois só então poderá realizar as transformações necessárias em si próprio e, conseqüentemente, em sua vida. Você não está só, e, assim como a Divindade soube trazê-lo até aqui, saberá como auxiliá-lo. Procure dar um crédito de confiança a você mesmo e à sua fonte interna de sabedoria, conectada com Deus.
- COMENTÁRIOS:
Aproveitamos o caso acima, para recordar, nos atendimentos habituais, que precisamos evitar expor as pessoas a constrangimentos desnecessários e, para isso, devemos até desestimular revelações de determinados detalhes que não seriam úteis para o aconselhamento. Lembremos que muitos dos que nos procuram são ou passarão a ser freqüentadores da mesma Casa Espírita e, alguns, poderão sentir-se incomodados ao nos reencontrarem em outras circunstâncias, arrependendo-se por certas confidências, mesmo sabendo da nossa diretriz de sigilo.
Durante atendimentos semelhantes ao presente caso, se por algum motivo sentirmos a necessidade de um melhor esclarecimento para o aconselhamento, podemos solicitar ao assistido que relate o seu problema de uma maneira genérica, contudo respeitando sempre a sua decisão.


CASO 2 - COMPROMISSO AMEAÇADO - Tânia Hupsel

        - NARRATIVA:
“Nem sei como começar. Não estou mais suportando a situação em casa: meu marido bebe e se enche de dívidas. Ele já prometeu, várias vezes, parar de beber e não consegue. Estou desesperada. Meus filhos estão vivenciando todo o problema, mas tenho medo de me separar e me complicar espiritualmente. Já me disseram que é meu carma e devo agüentar até o fim. O que eu faço?”
- ORIENTAÇÃO:
Falamos da Doutrina Espírita e do conceito de carma, que é dinâmico e não determinista, ou fatalista, como erroneamente se pensa. Demos a visão espírita do Deus-Amor e não Deus-punição e explicamos que a responsabilidade dos nossos atos, através do livre-arbítrio, é uma das maiores provas desse amor. Falamos da colheita a partir da sementeira, que se dará de acordo com a nossa capacidade, limites e nível evolutivo; do reencontro de Espíritos através da reencarnação para novas oportunidades de reparação e crescimento; da finalidade essencial da vida, que é aprendermos a nos amar, à medida que evoluimos.
No casamento o compromisso é mútuo — disse-lhe. Sugerimos que se perguntasse: — “Eu quero, realmente, manter, ou salvar este relacionamento (e, ou, ajudar o marido)? — Já investi tudo o que podia para que isso aconteça? — O que eu poderia fazer além do que já fiz, com esse objetivo?” E lhe orientamos que antes de tomar uma decisão, procurasse harmonizar-se mais através da oração, freqüência às reuniões doutrinárias, passes; que realizasse o Evangelho no lar e procurasse envolver o companheiro e a família em vibrações de paz e mentalizações positivas.
Tentasse o diálogo carinhoso e evitasse o conflito. Pensasse nele como um doente (sem rancor, mas sim, com piedade) e propusesse-lhe a terapia médica e espírita. Caso ele não aceitasse, auxiliasse-o, da maneira possível, independente da decisão de manter ou não o casamento.
- COMENTÁRiOS:
É importante termos sempre em mente durante o atendimento uma de suas diretrizes: que não nos compete induzir ou tomar qualquer decisão pelo assistido, respeitando o livre-arbítrio de cada um, fator preponderante na evolução individual. Devemos oferecer a palavra espírita,inclusive esclarecendo quanto a conceitos errôneos, ampliando assim a visão do problema e oferecendo alternativas de reflexões, que auxiliarão na escolha (individual e intransferível).


CASO 3 - PROBLEMA PSÍQUICO OU OBSESSÃO? - Suely Caldas Schubert

- NARRATIVA:
Apresentou-se, na Sociedade Espírita Joanna de Ângelis, de Juiz de Fora -MG, um casal com o filho de 16 anos, para o qual pediam orientação e ajuda, visto que o jovem estava com depressão e muito angustiado.
O atendimento foi realizado com a presença da mãe, através da qual ficamos sabendo que Lincoln (nome fictício) tinha vida normal, era estudioso e praticava esportes.
“No início do ano em curso, meu marido resolveu tirá-lo do colégio onde cursava o segundo grau e matriculá-lo em outro. No primeiro dia, no novo colégio, meu filho passou mal em plena sala de aula, tendo que se retirar apressadamente, sentindo uma aflição inexplicável, medo e sensação que iria desmaiar. A partir desse dia, embora tentasse, não conseguiu ir às aulas. O estado de angústia tornou-se intenso e não teve mais condições de sair com os colegas antigos, fechando-se em casa, tendo crises de choro, insegurança, medo e profundo abatimento.”
Voltou a mãe a ressaltar as qualidades de Lincoln: excelente filho, estudioso, bom gênio, muito educado e de relacionamento normal com os pais e a irmã mais nova.
A senhora, prosseguindo, comentou que, ao surgirem os primeiros sintomas, foram aconselhados a levar o filho a um Centro Espírita. Isto não seria difícil, pois já estavam freqüentando o Espiritismo há algum tempo, assistindo palestras em Casas diversas e lendo obras espíritas.
Durante o seu relato, Lincoln também forneceu alguns detalhes, porém com certa dificuldade pois emocionava-se até às lágrimas. Era evidente que se tratava de um rapaz dócil, fino, muito educado, de bons sentimentos (inclusive, já participara de reuniões de jovens numa das Instituições Espíritas da cidade) sem vícios, e de excelente conduta.
“Fomos eu, meu marido e Lincoln — continuou a senhora — ao Centro Espírita que nos indicaram e levamos o caso ao conhecimento das pessoas incumbidas desse trabalho, sendo por elas orientados de que se tratava de obsessão grave. A convite, participamos de reunião de desobsessão, na qual diversos Espíritos comunicaram-se, dizendo-se inimigos ferrenhos do nosso filho e da família. Ele ficou ainda mais apavorado. Resolvemos tentar outro local e o fato se repetiu de forma semelhante por mais duas vezes. Invariavelmente ouvíamos esclarecimentos de que eram obsessores terríveis e foram feitas “revelações” do passado da família”.
Após o relato da mãe, pedimos ao próprio Lincoln que narrasse, se fosse possível, os sintomas que o acometiam desde a primeira vez. Ele o fez, com algum esforço.
Ao procurarmos saber se haviam recorrido a um médico ou psicólogo responderam que não, pois devido à afirmativa de que era obsessão julgaram que só através do Espiritismo teriam solução para o problema.
- ORIENTAÇÃO:
Procuramos explicar que existem certos sintomas que podem ser confundidos com obsessão, e que, no caso de Lincoln, tudo indicava ser outro o diagnóstico, embora pudesse haver também um componente de ordem espiri¬tual negativa (instintivamente pensávamos tratar-se de síndrome do pânico, mas não o mencionamos para não ferir a ética, já que não temos formação profissional nessa área). Aos poucos, procuramos evidenciar que deveriam consultar um médico, no que concordaram, informando-nos que já estavam pensando em fazê-lo. Acrescentamos que se poderia realizar um tratamento espiritual simultâneo. E porque ambos, mãe e filho, insistissem em saber se era um caso de obsessão grave, respondemos que, a nosso ver, tratava-se de outro problema, coisa que só o médico poderia afirmar. Outro ponto importante foi sobre as perguntas que fizeram sobre as orientações que receberam para participarem de reuniões de desobsessão. Esclarecemos que não eram indicadas, explicando que, infelizmente, existem pessoas, embora bem intencionadas, que por falta de estudo da Doutrina Espírita, levam outras a cometerem enganos.

- COMENTÁRIOS:
Lincoln foi a um psiquiatra e teve o diagnóstico de síndrome do pânico, sendo-lhe prescrita a medicação. Por outro lado, passou a freqüentar a instituição, três vezes por semana, ouvindo as palestras e recebendo fluidoterapia. Ao fim de um ano Lincoln estava com a vida normalizada. A medicação foi sendo reduzida até a suspensão. Voltou aos estudos, aos esportes e ao convívio com os amigos. Prossegue participando das atividades espíritas. Hoje toda a família é profundamente agradecida à Doutrina pelos benefícios recebidos.
Algumas lições importantes a tirar desse fato:
1) Nem tudo é obsessão;
2) O perigo de se fazer afirmativas nesse campo tão complexo;
3) A inconveniência de se levar pessoas totalmente despreparadas — e o que é pior: enfermas — para as reuniões de desobsessão.


CASO 4 - PRESSENTIMENTO FALSO
João Neves da Rocha

- NARRATiVA
Era casada, o marido ficara paralítico e tinha 5 filhos para criar. Defrontava-se, agora, com um problema grave de saúde: estava com um câncer ovariano e, no último exame, fora detectada a metástase.
Estava desesperada, antevendo a possibilidade de morrer deixando os entes queridos em dificuldade econômica.
Para acrescer a sua ansiedade, estava vivendo um instante de grande tristeza e amargura, pois, no dia seguinte, seria submetida à cirurgia e tivera um pressentimento de que não sairia com vida da mesa de operação.
 - ORIENTAÇÃO
As nossas primeiras palavras foram de estímulo, de enaltecimento pela forma corajosa como aquela mulher assumira as suas responsabilidades até ali.
“Que ela confiasse em Deus e se entregasse à Sua providência, de forma total, naquele momento de tanta expectativa e tensão. O Pai saberia ampará-la, nada acontecendo de ruim, pois Ele só para o bem age, em proveito de seus filhos arrematei.
“Naturalmente — explicamos — nos momentos de grande tensão, ante provas excruciantes, a nossa mente perde o contato com o Divino e se envolve no manto do pessimismo, pensando só no pior. É por essa razão que você está assimilando a idéia de morrer. Não se trata de pressentimento algum. É conseqüência da tristeza e do medo que lhe invadem a alma neste momento de dificuldade.”
Então, dissemos:
“Você, que tem sido uma batalhadora, infundindo ânimo em seus familiares em prova, acudindo o marido enfermo, será que Deus a deixaria desamparada nesta hora? Renove-se na oração para asserenar-se e enfrentar a cirurgia com coragem e bem disposta”.
Ela esboçou um discreto sorriso, prenunciador de mudanças positivas na paisagem dos sentimentos, agradeceu, e se dispôs a sair, quando lhe propusemos: — Deixe o seu nome para as vibrações, nós oraremos por você, e aproveite as horas que antecedem a cirurgia para tomar passes e se preparar, mental e emocionalmente, para a intervenção...
E, lembre-se, quando estiver restabelecida, retorne para dar notícias.

- COMENTÁRIOS
É comum, em momentos de grande tensão emocional, pessoas menos resistentes se deixarem envolver pela dúvida, desânimo, depressão, fatos de que, muitas vezes, se servem Espíritos maus e ignorantes para incutirem idéias pessimistas, gerando um quadro de obsessão simples, de graves conseqüências, terminando por minar a mente, em momentos decisivos em que as mesmas precisam do máximo de forças para vencer os obstáculos.
Cabe ao atendente fraterno sacudir aquela tristeza (pelo menos concorrer para isso) sendo animado e estimulador.
Analisando especificamente o caso apresentado, imaginemos que o pressentimento que passava pela mente da consulente fosse uma realidade, e que se tratasse, de fato, de um presságio de desencarnação. De nada adiantaria o atendente fraterno reforçar aquela idéia que tanto a inquietava, pois isso só causaria mais desânimo quando, o que a pessoa precisava era de força, energia, confiança para continuar a sua trajetória, fosse onde fosse.
Por outro lado, uma orientação dúbia, do tipo: “Devemos estar preparados para o que quer que nos aconteça, conforme a vontade de Deus...” Estaria indiretamente reforçando a idéia do óbito, conduzindo aos mesmos resultados de desestímulo e pessimismo que a consulente apresentava.
Ainda que racionalmente saibamos ser a morte uma possibilidade em casos de tal complexidade, não podemos matar o momento de esperança de ninguém, ainda porque ante a falta de tempo para uma conscientização demorada optamos pelo incentivo, pela superação do conflito.
No caso, a providência era de emergência. O comando único que se impunha era estimular e estimular. O que não se pode fazer, de modo algum, é dar garantias absolutas, prometer curas e maravilhas.





Textos de apoio
Ao perceber alguém que chega, por primeira vez, a Casa Espírita a que você está vinculado  por  laços de afeição e compromissos  de serviços, aproxime-se, sorria, converse... seja  alguém a dar  boas-vindas com efusão de legítima fraternidade. Esse não é um  trabalho  protocolar e formal da  responsabilidade exclusiva de quem dirige a Casa, mas um impulso  espontâneo de quem está feliz com a convivência cristã e, por isso mesmo, interessado em  expandir sentimentos de amizade.
Lembre-se que uma recepção fria traduz apatia in­justificável, e que a presença de alguém na  Casa  Espírita, por muito tempo despercebida, demonstra que os que es­tão ali albergados se  encontram  enclausurados em si mes­mos e pouco interessados  na expansão da Boa Nova na  Terra.
Que seja a sua presença na Casa Espírita uma via­gem permanente ao coração de seu irmão.
Integre-se no espírito da alegria, disputando a honra de trabalhar, com todos e entre todos,  sem preocupações hegemônicas ou dominadoras.
Cordialidade permanente, silêncio a qualquer impulso maledicente, o máximo de empenho  para o  aproveita­mento de toda e qualquer contribuição, sem cobranças, exibicionismos,  querelas... lembre-se  que, em parte, de­pende de você o clima de amizade que atrairá os bons  Espíritos.


É um dos objetivos do Atendimento Fraterno levar o atendido a essa compreensão de si  mesmo (ainda que em níveis superficiais, no início) para que ele atendido — seja capaz de  flexibilizar suas crenças pouco racionais e lógicas e alterar  os seus valores, a forma de ver a  vida e a própria situação, tornando-se mais otimista, para, a partir daí, fazer uma  programação de vida, traçar um roteiro evolutivo que envolva a superação das dificuldades  na ocasião apresentadas.
Não cabe ao atendente fraterno passar receitas prontas, encaminhar soluções que saiam  exclusivamente de sua cabeça.
 É preciso a adesão, a “cumplicidade” do atendido, que deverá estar disposto a assumir a  rédea da própria vida. Bom mesmo será quando o ajudado tomar a orientação que recebe  (discretamente) como uma descoberta sua, porque, nesse caso, ele se aplicará com mais  energia ao esforço pela superação de obstáculos.

Digamos que um perfil apropriado ao atendente,  englobaria duas ordens de requisitos: os humanos básicos  e os de natureza doutrinária.
Entre os primeiros alinham-se as seguintes qualidades:
·         saber ajudar-se, ou seja, a pessoa já ter uma equação de vida bem delineada;
·         interesse fraternal por outras pessoas, que sintetizaremos com a expressão: gostar de gente;
·         bom repertório de conhecimentos, não apenas do ponto de vista informativo mas também  vivencial;
·         hábito de oração e de estudo — oração para mantê-lo na sintonia com os bons Espíritos, e  estudo para mantê-lo atualizado e em condição de compreender as pessoas;
·         ser pessoa moralizada, ou seja, estar conscientemente vivendo mais em função da essência   — o Espírito — que da aparência — a vida transitória do corpo e dos prazeres —;
·         eqüanimidade, ponderação, equilíbrio emocional, paciência e segurança, que constituem um  leque de conquistas  emocionais e psíquicas que o capacitam a lidar com situações  desafiadoras.
Entre os requisitos doutrinários ou relacionados com a vivência espírita incluiríamos:  integração nas atividades do Centro  e conhecimento da sua estrutura de funcionamento;  familiaridade com o Evangelho de Jesus; conhecimento da Doutrina  Espírita — obras  básicas da Codificação e obras complementares sobre mediunidade e obsessão/desobsessão.

O Atendimento Fraterno, conquanto seja uma atividade que requer dos atendentes a posse de  habilidades interpessoais, na dinâmica da Casa Espírita assume um caráter eminentemente  inspirativo, em que atendentes e atendidos são auxiliados  pelos bons Espíritos que se  vinculam à tarefa, os primeiros, recebendo intuições quanto à natureza dos problemas  enfocados e as sugestões a serem fornecidas para a solução dos mesmos e os segundos,  recebendo o apoio emocional indispensável,  a fim de que tenham confiança para se  desvelarem.
“Ouvir é mais produtivo que falar, em todos os níveis. A pessoa que sabe ouvir é mais  simpática, conquista o interlocutor e, acima de tudo acrescenta ao seu pró­prio patrimônio  cultural, a informação que o outro exterioriza”.
“Interromper constitui violação do principal objeto da comunicação humana na audição: fazer  com que o outro fale.
Observações e comentários podem ser guar­dados até o final da exposição, quando sempre  haverá tempo para dirimir  dúvidas.”
“Ouvir é renunciar. É a mais alta forma de altruísmo, em tudo quanto essa palavra significa  de amor e atenção ao próximo.”
“O ato de ouvir, exige, de quem ouve, associar-se a quem fala. É necessário empenho de  quem fala para fazer-se compreender.”
“Qualquer pessoa pode melhorar sua capacidade para ouvir. Ouvir é uma técnica mental que  pode ser aperfeiçoada em treinamento e prática.”
 Bibliografia:J. R. Whitakev Penteado. A Técnica da Comunicação Humana — Livraria Pioneira Editora 


Robert R. Carkhuff definiu os grupos principais das habilidades interpessoais, conforme citadas na Obra de Clara Feldmam: Construindo a Relação de Ajuda:
ATENDER: expressar de forma indireta (não verbalmente) disponibilidade e interesse pelo ajudado;
RESPONDER: demonstrar, por gestos e palavras, compreensão por ele, correspondendo-lhe à expectativa pessoal;
PERSONALIZAR: conscientizá-lo de que é uma pessoa ativa, com responsabilidade no seu problema, e capaz de solucioná-lo;
ORIENTAR: saber avaliar, com ele, as alternativas de ação possíveis, de modo a facilitar-lhe a escolha (que é dele) da ação  transformadora.
********
ATENDER envolve desde o cuidado com o ambi­ente físico (decoração, conforto, pessoal de recepção) ao próprio  comportamento de polidez e de interesse do Aten­dente, que deverá saber receber, ter postura adequada durante a entrevista, aproximar-se (não criar distâncias por superioridade ou excesso de formalismo), prestar atenção (concentrando-se para ouvir bem e observar as reações do outro).
Queremos particularizar, neste tópico, uma habili­dade especial: o saber ouvir, que, além de impressionar positivamente pelo grau de empatia que vincula ajudador e ajudado, assegura, através da memorização, a evocação dos elementos  fáticos e opinativos que o ajudado expressa, favorecendo a orientação.
Nada pior do que um ajudador que não presta atenção e que a cada momento pre­cisa recapitular com perguntas o  que ouviu.
É nessa fase do ouvir que começa a brotar na mente do Atendente a inspiração dos bons Espíritos, que deve ser  guardada para, no momento próprio, nas fases seguin­tes, do atendimento, basear a sua orientação.

RESPONDER não significa tão somente a devolução de respostas às perguntas formuladas pelo atendido. Responder  perguntas é só uma parte desta fase. Responder é identificar e confirmar com o próprio ajudado o seu problema  principal, escoimando-o dos acessórios inúteis de sua mente em confusão. E expressar com os próprios, os sentimentos  do outro. É, enfim, perceber a linguagem corporal do outro e o que ela representa como mensagem a ser correspondida  adequadamente.

PERSONALIZAR é o momento do ajudado se descobrir como pessoa, perceber o fato de que não é um passivo diante de sua experiência mas um atuante, uma pes­soa responsável por seus atos, pensamentos e emoções, alcançando a compreensão de que os outros podem ser, tão somente, agentes estimuladores dessas emoções (positivas ou negativas). A partir dai, torna-se consciência de deficiências que precisam ser alijadas e qualidades a ser aperfeiçoadas no esforço da reconquista do equilí­brio íntimo.
Este é um processo muitas vezes doloroso, mas ne­cessário, por ser a antecâmara do autodescobrimento, que só  pode ser alcançado pelos caminhos do amor, quando o atendente é capaz de passar essa chama divina, através de palavras e atitudes gentis, e quando o atendido é capaz de recebê-la através de uma entrega confiante e esperançosa.
É por esta razão que se afirma serem as duas fases iniciais do atendimento, o atender e o responder, praticamente  definidoras do sucesso da ajuda, pois estes são os momentos do contato pessoa a pessoa em que o amor deve  penetrar a alma do atendido prëdispondo-o à transfor­mação. É preciso que haja uma certa instantaneidade, como uma reação química, para que esse fogo divino — o amor — passe de um indivíduo para outro, sendo esta a razão  para o sucesso dos Atendentes Fraternos carismáti­cos e afetuosos.
Implantada a confiança pelo amor, o parto do auto-descobrimento se dá, em níveis mínimos que sejam. Compatíveis  com o estágio consciencial de cada um; predis­posto estará o atendido para receber a orientação, como um campo  a ser semeado, prenunciando uma colheita fu­tura de bênçãos. Isto porque a semente — a Doutrina Espí­rita — é de excelente qualidade.

ORIENTAR será a parte mais fácil, se o Atendente conhece a Doutrina, cabendo-lhe organizar a sua expres­são de  forma clara e simples para transferi-la para o aten­dido como informações práticas, a partir das quais se definirá um plano de ação, que o atendido deverá seguir por iniciativa própria, objetivando a solução almejada.
Bibliografia: Clara Feldmande de Miranda.
            Márcio Lúcio de Miranda — Construindo a Relação de Ajuda — Edição Crescer, Belo Horizon­te, MG.


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