domingo, 4 de dezembro de 2016

Qualidades Essenciais do Médium

Casa Espírita Missionários da Luz – ESDE2 - 07/07/2015

Tema: Qualidades Essenciais do Médium

Objetivos:
a)    Citar as qualidades essenciais dos médiuns;
b)    Relacionar as imperfeições que afastam os bons Espíritos;
a)    Analisar a influência moral dos médiuns nas comunicações.

Bibliografia:
O Livro dos Médiuns – “Da Influência Moral dos Médiuns” – itens 226 (pergs 7, 10 e 11), 227, 228,  e 230;
            Mecanismos da Mediunidade – André Luiz/Francisco Cândido Xavier, “Passividade Mediúnica”;
            O Consolador -Emmanuel/ Francisco Cândido Xavier, pergs 387, 410 e 411.
            Diversidade dos Carismas, Cap. 2, Vol I, Hermínio Miranda

Material:  perguntas em papeizinhos

Desenvolvimento:  
  1. Leitura de página De Joanna de Ângelis – Médiuns em Tormento, comentários e prece inicial.

2.    Fazer duplas para cochicho, entregando as perguntas abaixo aleatoriamente às duplas. As respostas devem tomar como base os textos da bibliografia, enviados antecipadamente por email:

-  o que é um médium de qualidade?
-  quais são as qualidades necessárias ao bom médium?
- quais os principais vícios que prejudicam o mandato mediúnico?
- como os vícios prejudicam o mandato mediúnico?
- no dizer de Emmanuel, no livro O Consolador, quais são os 2 principais inimigos do médium?
- quais os principais antídotos contra os perigos da mediunidade?  (oração, meditação, autoconhecimento)

3.    Apresentação das respostas das duplas.
- em cada resposta, pedir que dêem exemplos que conheçam, ou que leram em livros espíritas.

4.    Depois da percepção de que o aspecto moral é o principal, e sabendo de nossos defeitos e vícios, perguntar se em nosso contexto de mundo de Provas e Expiações, é possível termos/sermos bons médiuns?
ð  NÃO!!  èReconhece-se o verdadeiro espírita pelo esforço que faz em dominar suas más tendências...

5.    Distribuir cópias de texto do cap. 2 de Diversidade dos Carismas, Vol I., para leitura e discussões.

6.    Prece final.


7.    Anexos
MÉDIUNS EM TORMENTO.
Guarda a mediunidade, essa gema de inestimável preço, nos cofres fortes da conduta reta.
Acompanhando os portadores da abençoada concessão, identificarás tormentos em torno deles, ameaçando-lhes a paz, inquietando-os. Tormentos íntimos que os seguem desde o passado culposo e tormentos de fora com mil faces da sedução.
A mediunidade que enfloresce em tua alma é concessão da Vida ,para regularização dos velhos débitos .para com a vida.
Compulsando o Evangelho de Jesus Cristo, nele encontrarás os médiuns vencidos pelos tormentos, buscando o Mestre. No entanto, a grande maioria por Ele beneficiada, recuperou a paz íntima, calçando as sandálias do serviço edificante, permanecendo, porém, em vigília até o termo da jornada.
Faze o mesmo. Aplica a palavra de carinho sobre a ferida aberta no cerne do companheiro aflito, mesmo que ele se guarde sob as sedas da vaidade; estende os braços. ao passante atribulado, oferecendo-lhe entendimento a todo instante; doa o pensamento superior ao amigo amesquinhado no vendaval das paixões que necessita de amparo e de agasalho; oferece expressões de solidariedade ao homem de mente desalinhada que se deixou abraçar pelos tentáculos poderosos do polvo do crime.
Pelo bem que faças, lentamente sairás do pantanal do desequilíbrio onde o passado te precipitou.
Os tormentos de ontem te seguem hoje os passos pela senda da renovação. Tormentos de agora que surgem examinando a robustez da tua fé, são convites sóbrios para que te libertes e encontres paz. Para resistires, elege a oração do trabalho :como companheiro inseparável da tua instrumentalidade mediúnica, para que os tormentos naturais não encontrem acesso à tua mente, nem guarida no teu coração.
Mediunidade é filtro espiritual de registros especiais.
Opera no bem infatigável em nome do Infatigável Bem e procura, médium que és, caminhando pelas mesmas vicissitudes por onde os outros jornadeiam, compreender todos, mesmo aqueles que parecem felizes e distantes dos teus recursos de auxílio.
Herodíades, a infeliz concubina do Tetrarca, dominada por obsessão cruel, fascinou-se pelo Batista e, repudiada, voltou-se contra ele, tornando-se peça principal no seu infamante assassínio.
Enquanto o Senhor pregava na Sinagoga, um espírito infeliz tomou a boca de um médium atormentado e insultou o Mestre, interrogando:... -"que temos nós contigo"?...
Antes do memorável encontro com o Rabi Afável, a jovem de Magdala portava obsessores lastimáveis que a vinculavam a compromissos cruéis com o sexo.
Angustiado pai busca o Celeste Mensageiro para atender o filho perseguido por um "espírito que o toma, e de repente clama, e o despedaça até espumar"...
Judas, embora a convivência constante com Jesus, guardando investidura medianímica, deixa-se enredar pelas seduções de mentes perturbadas do :Além. . .
Considera a mediunidade como meio de sublimação.
Raros, somente raros médiuns trazem o superior mandato consigo. A quase totalidade, no entanto ...
O médium falante, cuja boca se enriquece de expressões sublimes, muitas vezes é um coração sensível ligado a compromissos e erros dos quais não se pode libertar; o médium escrevente, por cujas mãos escorrem os pensamentos divinos, compondo páginas .consoladoras, quase sempre caminha sob sombras de angústias interiores, sem forças para colocar a luz viva do Mestre na mente. turbilhonada; o médium curador, que distende os recursos magnéticos da paz e da saúde e que parece feliz na sua posição socorrista, é, invariavelmente, alma em perigo, entre as injunções de adversários impiedosos do mundo espiritual, que lhe sitiam a casa íntima, apedrejando-o com sofrimentos de todo jaez: o médium que enxerga, através de percepção especial e que surge como abençoado, donatário da mediunidade superior, na maioria das vezes tem os olhos perturbados por visões cruéis, que retratam os seus dramas íntimos, fugindo de si mesmo, sem forças para continuar; o médium que reflete o pensamento social, em acórdãos, nos tribunais da justiça terrena, ignorando a sua posição de medianeiro entre as forças do bem e o mundo dos homens, pode ser um pobre obsediado pelas mentes vigorosas e vingadoras da Erraticidade inferior....
Apieda-te de quantos passam, oferece o coração, doa a tua prece e agradece a Jesus, o Médium Excelso, a preciosa lição que hoje te clareia os passos, ajudando-te a vencer os tormentos que te impedem o avanço, recordando que "o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas".
(*) FRANCO, Divaldo Pereira. Dimensões da Verdade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, 2 ed. Salvador, Livraria Espírita "Alvorada" 1977, p. 19-21.


(Diversidade dos Carismas, Introdução)
‘A mediunidade não é doença, nem indício de desajuste mental ou emocional - é uma afinação especial de sensibilidade. Como na música, somente funciona de maneira satisfatória o instrumento que não apresenta rachaduras, cordas arrebentadas, desafinadas ou qualidade duvidosa.
Não é nada fácil à pessoa que descobre em si os primeiros sinais de mediunidade encontrar acesso ao território onde suas faculdades possam ser entendidas, identificadas, treinadas e, finalmente, praticadas com proveito para todos. O médium precisa de recolhimento para o exercício de suas atividades, mas não deve ser um trabalhador solitário. Ele necessita de todo um sistema de apoio logístico, de uma estrutura que lhe proporcione as condições mínimas que seu trabalho exige.’


Mecanismos da Mediunidade – André Luiz
PASSIVIDADE MEDIÚNICA — Se o médium consegue transpor, valoroso, a faixa de hesitações pueris, entendendo que importa, acima de tudo, o bem a fazer, procura ofertar a reta conduta, no reflexo condicionado específico da prece, à Espiritualidade Superior, e passa, então, a ser objeto da confiança dos Benfeitores desencarnados que lhe aproveitam as capacidades no amparo aos semelhantes, dentro do qual assimila o amparo a si mesmo.
Quanto mais se lhe acentuem o aperfeiçoamento e a abnegação, a cultura e o desinteresse, mais se lhe sutilizam os pensamentos, e, com isso, mais se lhe aguçam as percepções mediúnicas, que se elevam a maior demonstração de serviço, de acordo com as suas disposições individuais.
Com base no magnetismo enobrecido, os instrutores desencarnados influenciam os mecanismos do cérebro para a formação de certos fenômenos, como acontece aos musicistas que tangem as cordas do piano na produção da melodia. E assim como as ondas sonoras se associam na música, as ondas mentais se conjugam na expressão.
Se o instrumento oferece maleabilidade mais avançada, mais intensamente específico aparece o toque do artista.
Nessa base, identificamos a psicografia, desde a estritamente mecânica até a intuitiva, a incorporação em graus diversos de consciência, as inspirações e premonições.

O Consolador:
387 –Qual a maior necessidade do médium?
-A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregas às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.

410 –onde o maior escolho do apostolado mediúnico?
-O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Freqüentemente é personalismo, é a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não raro, o conduzem a invigilância, à leviandade e à confusão dos campos improdutivos.
Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas pelo estudo, pelo cultivo da humildade, pela boa-vontade, com o melhor esforço de auto-educação, à claridade do Evangelho.
O segundo inimigo mais poderoso do apostolado mediúnico não reside no campo das atividades contrárias à expansão da Doutrina, mas no próprio selo das organizações espiritistas, constituindo-se daquele que se convenceu quanto aos fenômenos, sem se converter ao Evangelho pelo coração, trazendo para as fileiras do Consolador os seus caprichos pessoais, as suas paixões inferiores, tendências nocivas, opiniões cristalizadas no endurecimento do coração, sem reconhecer a realidade de suas deficiências e a exigüidade dos seus cabedais íntimos. Habituados ao estacionamento, esses irmãos infelizes desdenham o esforço próprio – única estrada de edificação definitiva e sincera – para recorrerem aos espíritos amigos nas menores dificuldades da vida, como se o apostolado mediúnico fosse uma cadeira de cartomante. Incapazes do trabalho interior pela edificação própria na fé e na confiança em Deus, dizem-se necessitados de conforto. Se desatendidos em seus caprichos inferiores e nas suas questões pessoais, estão sempre prontos para acusar e escarnecer. Falam da caridade, humilhando todos os princípios fraternos; não conhecem outro interesse além do que lhes lastreia o seu próprio egoísmo. São irônicos, acusadores e procedem quase sempre como crianças levianas e inquietas.
Esses são também aqueles elementos da confusão, que não penetram o tempo de Jesus e nem permitem a entrada de seus irmãos.
Esse gênero de inimigos do apostolado mediúnico é muito comum e insistente nos seus processos de insinuação, sendo indispensável que o missionário do bem e da luz se resguarde na prece e na vigilância. E como a verdade deve sempre surgir no instante oportuno, para que o campo do apostolado não se esterilize, faz-se imprescindível fugir deles.

411 – Onde a luz definitiva para a vitória do apostolado mediúnico?
-Essa claridade divina está no Evangelho de Jesus, com o qual o missionário deve estar plenamente identificado para a realização sagrada da sua tarefa. O médium sem Evangelho pode fornecer as mais elevadas informações ao quadro das filosofias e ciências fragmentárias da Terra; pode ser um profissional de nomeada, um agente de experiências do invisível, mas não poderá ser um apóstolo pelo coração. Só a aplicação com o Divino Mestre prepara no íntimo do trabalhador a fibra da iluminação para o amor, e da resistência contra as energias destruidoras, porque o médium evangelizado sabe cultivar a humildade no amor ao trabalho de cada dia, na tolerância esclarecida, no esforço educativo de si mesmo, na significação da vida, sabendo, igualmente, levantar-se para a defesa da sua tarefa de amor, defendendo a verdade sem transigir com os princípios no momento oportuno.
O apostolado mediúnico, portanto, não se constitui tão-somente da movimentação das energias psíquicas em suas expressões fenomênicas e mecânicas, porque exige o trabalho e o sacrifício do coração, onde a luz da comprovação e da referência é a que nasce do entendimento e da aplicação com Jesus-Cristo.


226. 1ª O desenvolvimento da mediunidade guarda relação com o desenvolvimento moral dos médiuns?
“Não; a faculdade propriamente dita se radica no organismo; independe do moral. O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom, ou mau, conforme as qualidades do médium.”

7ª Por que permitem os Espíritos superiores que pessoas dotadas de grande poder, como médiuns, e que muito de bom poderiam fazer, sejam instrumentos do erro?
“Os Espíritos de que falas procuram influenciá-las; mas, quando essas pessoas consentem em ser arrastadas para mau caminho, eles as deixam ir. Daí o servirem-se delas com repugnância, visto que a verdade não pode ser interpretada pela mentira.”

10ª Se ele só com os bons Espíritos simpatiza, como permitem estes que seja enganado?
“Os bons Espíritos permitem, às vezes, que isso aconteça com os melhores médiuns, para lhes exercitar a ponderação e para lhes ensinar a discernir o verdadeiro do falso.
Depois, por muito bom que seja, um médium jamais é tão perfeito, que não possa ser atacado por algum lado fraco. Isto lhe deve servir de lição. As falsas comunicações, que de tempos a tempos ele recebe, são avisos para que não se considere infalível e não se ensoberbeça. Porque, o médium que receba as coisas mais notáveis não tem que se gloriar disso, como não o tem o tocador de realejo que obtém belas árias movendo a manivela do seu instrumento.”

11ª Quais as condições necessárias para que a palavra dos Espíritos superiores nos chegue isenta de qualquer alteração?
“Querer o bem; repulsar o egoísmo e o orgulho. Ambas essas coisas são necessárias.”

227. Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam.
Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos evocados. As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor do próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria.

228. Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar- se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções.
O orgulho, nos médiuns, traduz-se por sinais inequívocos, a cujo respeito tanto mais necessário é se insista, quanto constitui uma das causas mais fortes de suspeição, no tocante à veracidade de suas comunicações. Começa por uma confiança cega nessas mesmas comunicações e na infalibilidade do Espírito que lhas dá. Daí um certo desdém por tudo o que não venha deles: é que julgam ter o privilégio da verdade. O prestígio dos grandes nomes, com que se adornam os Espíritos tidos por seus protetores, os deslumbra e, como neles o amor-próprio sofreria, se houvessem de confessar que são ludibriados, repelem todo e qualquer conselho; evitam-nos mesmo, afastando-se de seus amigos e de quem quer que lhes possa abrir os olhos. Se condescendem em escutá-los, nenhum apreço lhes dão às opiniões, porquanto duvidar do Espírito que os assiste fora quase uma profanação. Aborrecem-se com a menor contradita, com uma simples observação crítica e vão às vezes ao ponto de tomar ódio às próprias pessoas que lhes têm prestado serviço. Por favorecerem a esse insulamento a que os arrastam os Espíritos que não querem contraditores, esses mesmos Espíritos se comprazem em lhes conservar as ilusões, para o que os fazem considerar coisas sublimes as mais polpudas absurdidades. Assim, confiança absoluta na superioridade do que obtém, desprezo pelo que deles não venha, irrefletida importância dada aos grandes nomes, recusa de todo conselho, suspeição sobre qualquer crítica, afastamento dos que podem emitir opiniões desinteressadas, crédito em suas aptidões, apesar de inexperientes: tais as características dos médiuns orgulhosos.
Devemos também convir em que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado e gabado e entra a julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu concurso. Mais de uma vez tivemos motivo de deplorar elogios que dispensamos a alguns médiuns, com o intuito de os animar.

Diversidade dos Carismas, Cap. 2, Vol I – Hermínio Miranda
12. DEFINIÇÕES E DECISÕES
A mediunidade é uma faculdade tão natural quanto qualquer um dos cinco sentidos habituais. Por isso não é necessário nem possível criar a faculdade a partir do nada e sim descobri-la, ou seja, identificá-la e aprender a utilizar-se corretamente do que existe nas profundezas de nossa estrutura espiritual. De forma idêntica ou semelhante, aprendemos a correta utilização da visão, da audição, do olfato, do paladar e do tato. (...)
Como lembra Boddington, a tarefa do médium é explorar o universo do pensamento. O médium precisa manter desobstruídos os canais psíquicos onde circulam suas idéias para que por esses mesmos canais e com esse mesmo material psíquico, utilizando-se de sua energia mediúnica, possam os espíritos igualmente fazer circular suas idéias. Mediunidade é pois uma transfusão de pensamento, mesmo quando se trata de energia destinada à produção de efeitos físicos, de vez que é o pensamento e a vontade dos espíritos que as direcionam.
Por outro lado, o médium é um ser que franqueou o acesso da sua intimidade aos seres invisíveis desencarnados (e até encarnados, sob condições especiais). Se ele adota atitudes de descaso, indiferença e preguiça, estará chamando para sua convivência espíritos semelhantes. É como um aparelho receptor de rádio ou televisão: captam a estação na qual se acham sintonizados e não, as outras. Se a pessoa assediada por fenômenos insólitos deseja exercer a sério a mediunidade, precisa a ela dedicar-se com seriedade (Atenção: seriedade e não, fanatismo). Se deseja apenas uma distração para passar o tempo ou um instrumento para fascinar platéias maravilhadas, é melhor dedicar-se a outra atividade. Terá, por certo, menos problemas e assumirá responsabilidades menos graves.
Isto não quer dizer que a mediunidade seja uma carga pesada demais, diante da qual devamos ficar aterrados e esmagados pela preocupação. Nada disso! É preciso, porém, que o médium incipiente esteja convicto de que é exatamente isso que ele deseja. A mediunidade é instrumento de trabalho, não para uso e gozo pessoal, mas para servir. Se a pessoa não se sente preparada para isso, é melhor cuidar de outra atividade. Não se esqueça, contudo, de que não se pode simplesmente apertar um botão, torcer uma chave ou aplicar uma rolha às faculdades nascentes que estará tudo resolvido. Se são apenas sinais esparsos e ocasionais, como já vimos, tudo bem, não vale a pena nem é recomendável forçar o desenvolvimento de faculdades nas quais a pessoa não está sequer interessada senão para 'brilhar' ou brincar com fatos insólitos. Se, porém, se trata de um conjunto de manifestações nítidas, insistentes, abundantes, então é preciso assumir com disposição as responsabilidades ali implícitas, entregar-se a umas tantas renúncias, aceitar certa disciplina mental e de comportamento e dedicar-se às tarefas que obviamente lhe estão destinadas em sua programação espiritual.
Em casos como esses, tudo indica que a mediunidade não é uma fantasia passageira, mas uma responsabilidade, um compromisso, uma tarefa a realizar. Longe de ser um ônus insuportável, é um privilégio concedido para servir ao próximo e, conseqüentemente, importante fator de aceleramento do nosso próprio ritmo evolutivo.
Temos tido freqüentes oportunidades de conversar com espíritos que, aqui entre os encarnados, foram médiuns. Estão sempre bem aqueles que exerceram suas tarefas com dedicação e boa vontade, ainda que com falhas, inevitáveis no contexto da imperfeição humana. Por contraste, temos recebido depoimentos dramáticos dos que rejeitaram suas faculdades e, portanto, as tarefas correspondentes ou delas se utilizaram para obter proveito pessoal ou, finalmente, não as levaram a sério como deviam. São inevitáveis as decepções em tais casos, desencanto dos mais amargos, porque não é com os outros, não podemos transferi-los a ninguém, dado que é de nossa inteira responsabilidade.
Não se trata, pois, de carga insuportável nem de tarefa irrealizável. Nossa programação espiritual antes de renascer é sempre compatibilizada com nossas possibilidades e limitações, nunca calculada para esmagar-nos. É, portanto, realizável. Se exige dedicação, cultivo, sacrifício? Sim. E daí?

13. REFLEXÕES SOBRE A HUMILDADE
Muitas mediunidades promissoras naufragam logo de início, aos primeiros embates, por excesso de confiança ou temor exagerado, por desânimo ante as dificuldades iniciais, por falta de perseverança no treinamento ou por desinteresse em promover certas mudanças íntimas, renunciar a algumas comodidades e pequenos vícios de comportamento ou de imaginação. São muitos, ainda, os que julgam que basta sentar-se à mesa mediúnica para começar a produzir fenômenos notáveis, receber espíritos elevados, ter vidências espetaculares ou curar doenças irredutíveis.
Nada disso. A primeira atitude a adotar-se, seja ou não este conselho tido como 'pregação', é a de humildade. Não pense que sua mediunidade vai abalar o mundo ou servir de veículo a revelações sensacionais. É mais fácil perder-se uma oportunidade de exercício mediúnico razoável pela vaidade do que por qualquer outro obstáculo; e mais desastroso, porque, em vez de uma contribuição modesta, porém positiva, optamos pelo desacerto. (...)
Qualquer que seja, porém, o tipo de mediunidade em desenvolvimento, é preciso que o médium em formação promova um severo e honesto auto-exame, a fim de identificar em que aspectos de comportamento precisa mudar e que eventuais virtudes ou qualidades pessoais devem e podem ser revigoradas. E para isso também uma boa dosagem, de humildade será de vital importância.
Essa é a orientação unânime de todos os autores confiáveis sobre o assunto.
Depois de sugerir exercícios respiratórios, Boddington recomenda que se abra espaço íntimo para considerar, com seriedade, o efeito das virtudes sobre si mesmo e, em conseqüência, sobre o mundo que nos cerca. É a velha tese de que, mudando o ser humano para melhor, também o mundo melhora.
Para o médium em formação, essa postura é da maior relevância. Ele está em treinamento para receber na sua intimidade a visita mais ou menos regular de seres desconhecidos. Não se deve esquecer de que sua sensibilidade atrai para o intercâmbio individualidades estranhas à sua. Esforçando-se por viver não um clima de santidade impossível, mas de honesto propósito de servir com o que tem de melhor em si, estará atraindo aqueles que têm afinidades com esses propósitos e não os que, ainda desarmonizados, só lhe poderão criar dificuldades adicionais.
"Meditação em torno de temas como amor, sabedoria e conhecimento" - escreve Boddington - "e sobre os métodos para consegui -los devem, portanto, acompanhar todo o trabalho de desenvolvimento da mediunidade".
Disciplina e dedicação, contudo, não justificam excessos nem os exigem.
O exercício da mediunidade desde o início acarreta certo desgaste energético que, embora nem sempre seja percebido pelo médium, é uma realidade que não pode ser impunemente ignorada. Tal exercício é, usualmente, à margem e em adição às atividades normais da vida, como trabalho profissional ou doméstico, por exemplo. É perfeitamente possível conjugar tais atividades de forma que a prática mediúnica seja, antes, um benefício também orgânico, além de espiritual, pois representa uma utilização ética de energias normalmente disponíveis no médium.
Tanto é assim que faculdades embotadas, rejeitadas ou ignoradas por médiuns em potencial causam distúrbios às vezes incontornáveis, porque as energias de que os sensitivos dispõem para essa finalidade não estão encontrando seu escoadouro natural no desempenho normal da tarefa. São inúmeros e freqüentes os casos de médiuns em potencial que, apenas iniciados no exercício controlado de suas faculdades, livram-se, como por encanto, de pressões íntimas, impaciências, irritações e desassossegos indefiníveis, além de assédios indesejáveis de desencarnados que ele não sabe como controlar ou neutralizar.
Se, porém, entregar-se desregradamente ao trabalho mediúnico, especialmente na fase inicial de ajustamento de suas faculdades, por certo terá problemas de saúde física e mental, acarretados por excesso no esbanjamento de energias psíquicas.
É preciso, portanto, que haja uma disciplina, tempo e lugares certos para o trabalho mediúnico. Sintomas de exaustão devem ser prontamente detectados e combatidos com um período de repouso, mudança de rotina nos hábitos, umas férias e coisas dessa natureza. A mediunidade não é um estado patológico e não deve ser exercida à custa da aniquilação da saúde física do médium.
A mediunidade é, por certo, um privilégio, no sentido de que constitui importante concessão ao espírito encarnado que deseja acelerar seu processo evolutivo, servindo ao semelhante, mas não coroa e cetro a conferir poder sobre os demais, halo de santidade para ser admirado ou virtude pessoal para ser louvada - é apenas uma faculdade natural para ser utilizada como instrumento de trabalho. Por que iria o telefone sentir-se orgulhoso apenas por transmitir a voz humana por seu intermédio? Se assim fosse, a televisão teria direito a uma parcela maior de vaidade, porque, além da voz, transmite também imagem, cor e movimento ...
Não é, também, um bem que se possa adquirir como mercadoria com embalagem vistosa, pronta para consumo. Não é sequer conseqüência natural de mais apurada sensibilidade, embora a sensibilidade seja um dos seus principais ingredientes. São muitos os que querem ser médiuns de qualquer maneira, mas não estão preparados para aceitar as renúncias e devotamentos que o desenvolvimento e a prática da mediunidade exigem de cada um. Daí muitas impaciências e até ressentimentos ou ciúmes. Por que fulana tem faculdades tão notáveis e eu não posso tê-las? Por que não posso psicografar mensagens como de beltrano? Ou curar males orgânicos como a sicrana? Será que vou ficar a vida inteira somente traçando rabiscos ilegíveis no papel?
Em verdade, se a faculdade não está programada para você, não adianta forçá-la. Busque outra tarefa na qual você poderá sair-se até muito bem, como por exemplo a do passe magnético ou a do trabalho social. Ou, simplesmente, compareça à reunião mediúnica para dar a sua presença, sim, mas, acima de tudo, o seu amor. Os espíritos não criam a mediunidade para você, segundo suas aspirações e até ambições. Eles apenas se utilizam de recursos já existentes em você para realizarem tarefas comuns de serviço ao próximo. Se você não dispõe daquele mínimo necessário sobre o qual eles possam construir alguma coisa, desista da mediunidade desejada e dirija seu esforço e boa vontade para outra direção. Afinal de contas, a mediunidade é apenas um dos muitos caminhos para a evolução.
E aqui estamos de volta ao tema da humildade. É preciso ter humildade tanto para desenvolver faculdades latentes, mas óbvias, seguindo procedimentos adequados, quanto para aceitar a condição de que sua tarefa não é ali, mas sim alhures. Ou seja, você não está programado para ser médium ou se está, não para as modalidades que você gostaria de exercer. A regra aqui é fazer o que podemos e devemos e não o que desejamos. É bastante conhecido o drama íntimo de Ingres, pintor e desenhista francês que muito desejava tocar violino, no qual era apenas medíocre, em prejuízo da pintura, na qual era um gênio.


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