Casa Espírita Missionários da Luz – ESDE2 - 07/07/2015
Tema: Qualidades Essenciais do Médium
Objetivos:
a)
Citar
as qualidades essenciais dos médiuns;
b)
Relacionar
as imperfeições que afastam os bons Espíritos;
a)
Analisar
a influência moral dos médiuns nas comunicações.
Bibliografia:
O
Livro dos Médiuns – “Da Influência Moral dos Médiuns” – itens 226 (pergs 7, 10
e 11), 227, 228, e 230;
Mecanismos da Mediunidade – André
Luiz/Francisco Cândido Xavier, “Passividade Mediúnica”;
O Consolador -Emmanuel/ Francisco
Cândido Xavier, pergs 387, 410 e 411.
Diversidade dos Carismas, Cap. 2,
Vol I, Hermínio Miranda
Material: perguntas
em papeizinhos
Desenvolvimento:
- Leitura de
página De Joanna de Ângelis – Médiuns em Tormento, comentários e prece
inicial.
2. Fazer duplas para cochicho, entregando as perguntas
abaixo aleatoriamente às duplas. As respostas devem tomar como base os textos
da bibliografia, enviados antecipadamente por email:
- o que é
um médium de qualidade?
- quais
são as qualidades necessárias ao bom médium?
- quais os principais vícios que prejudicam o
mandato mediúnico?
- como os vícios prejudicam o mandato mediúnico?
- no dizer de Emmanuel, no livro O Consolador,
quais são os 2 principais inimigos do médium?
- quais os principais antídotos contra os
perigos da mediunidade? (oração, meditação, autoconhecimento)
3. Apresentação das respostas das duplas.
- em cada resposta, pedir que dêem exemplos que
conheçam, ou que leram em livros espíritas.
4. Depois da percepção de que o aspecto moral é o
principal, e sabendo de nossos defeitos e vícios, perguntar se em nosso
contexto de mundo de Provas e Expiações, é possível termos/sermos bons médiuns?
ð NÃO!! èReconhece-se o verdadeiro espírita pelo esforço
que faz em dominar suas más tendências...
5. Distribuir cópias de texto do cap. 2 de
Diversidade dos Carismas, Vol I., para leitura e discussões.
6. Prece final.
7. Anexos
MÉDIUNS EM TORMENTO.
Guarda a mediunidade, essa gema de inestimável
preço, nos cofres fortes da conduta reta.
Acompanhando os portadores da abençoada
concessão, identificarás tormentos em torno deles, ameaçando-lhes a paz,
inquietando-os. Tormentos íntimos que os seguem desde o passado culposo e
tormentos de fora com mil faces da sedução.
A mediunidade que enfloresce em tua alma é
concessão da Vida ,para regularização dos velhos débitos .para com a vida.
Compulsando o Evangelho de Jesus Cristo, nele
encontrarás os médiuns vencidos pelos tormentos, buscando o Mestre. No entanto,
a grande maioria por Ele beneficiada, recuperou a paz íntima, calçando as
sandálias do serviço edificante, permanecendo, porém, em vigília até o termo da
jornada.
Faze o mesmo. Aplica a palavra de carinho sobre a
ferida aberta no cerne do companheiro aflito, mesmo que ele se guarde sob as
sedas da vaidade; estende os braços. ao passante atribulado, oferecendo-lhe
entendimento a todo instante; doa o pensamento superior ao amigo amesquinhado
no vendaval das paixões que necessita de amparo e de agasalho; oferece
expressões de solidariedade ao homem de mente desalinhada que se deixou abraçar
pelos tentáculos poderosos do polvo do crime.
Pelo bem que faças, lentamente sairás do pantanal
do desequilíbrio onde o passado te precipitou.
Os tormentos de ontem te seguem hoje os passos
pela senda da renovação. Tormentos de agora que surgem examinando a robustez da
tua fé, são convites sóbrios para que te libertes e encontres paz. Para
resistires, elege a oração do trabalho :como companheiro inseparável da tua
instrumentalidade mediúnica, para que os tormentos naturais não encontrem acesso
à tua mente, nem guarida no teu coração.
Mediunidade é filtro espiritual de registros
especiais.
Opera no bem infatigável em nome do Infatigável
Bem e procura, médium que és, caminhando pelas mesmas vicissitudes por onde os
outros jornadeiam, compreender todos, mesmo aqueles que parecem felizes e
distantes dos teus recursos de auxílio.
Herodíades, a infeliz concubina do Tetrarca,
dominada por obsessão cruel, fascinou-se pelo Batista e, repudiada, voltou-se
contra ele, tornando-se peça principal no seu infamante assassínio.
Enquanto o Senhor pregava na Sinagoga, um espírito
infeliz tomou a boca de um médium atormentado e insultou o Mestre,
interrogando:... -"que temos nós contigo"?...
Antes do memorável encontro com o Rabi Afável, a
jovem de Magdala portava obsessores lastimáveis que a vinculavam a compromissos
cruéis com o sexo.
Angustiado pai busca o Celeste Mensageiro para
atender o filho perseguido por um "espírito que o toma, e de repente
clama, e o despedaça até espumar"...
Judas, embora a convivência constante com Jesus,
guardando investidura medianímica, deixa-se enredar pelas seduções de mentes
perturbadas do :Além. . .
Considera a mediunidade como meio de sublimação.
Raros, somente raros médiuns trazem o superior
mandato consigo. A quase totalidade, no entanto ...
O médium falante, cuja boca se enriquece de
expressões sublimes, muitas vezes é um coração sensível ligado a compromissos e
erros dos quais não se pode libertar; o médium escrevente, por cujas mãos
escorrem os pensamentos divinos, compondo páginas .consoladoras, quase sempre
caminha sob sombras de angústias interiores, sem forças para colocar a luz viva
do Mestre na mente. turbilhonada; o médium curador, que distende os recursos
magnéticos da paz e da saúde e que parece feliz na sua posição socorrista, é,
invariavelmente, alma em perigo, entre as injunções de adversários impiedosos
do mundo espiritual, que lhe sitiam a casa íntima, apedrejando-o com
sofrimentos de todo jaez: o médium que enxerga, através de percepção especial e
que surge como abençoado, donatário da mediunidade superior, na maioria das
vezes tem os olhos perturbados por visões cruéis, que retratam os seus dramas
íntimos, fugindo de si mesmo, sem forças para continuar; o médium que reflete o
pensamento social, em acórdãos, nos tribunais da justiça terrena, ignorando a
sua posição de medianeiro entre as forças do bem e o mundo dos homens, pode ser
um pobre obsediado pelas mentes vigorosas e vingadoras da Erraticidade
inferior....
Apieda-te de quantos passam, oferece o coração,
doa a tua prece e agradece a Jesus, o Médium Excelso, a preciosa lição que hoje
te clareia os passos, ajudando-te a vencer os tormentos que te impedem o
avanço, recordando que "o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas".
(*) FRANCO, Divaldo Pereira. Dimensões da
Verdade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, 2 ed. Salvador, Livraria
Espírita "Alvorada" 1977, p. 19-21.
(Diversidade dos
Carismas, Introdução)
‘A
mediunidade não é doença, nem indício de desajuste mental ou emocional - é uma
afinação especial de sensibilidade. Como na música, somente funciona de maneira
satisfatória o instrumento que não apresenta rachaduras, cordas arrebentadas,
desafinadas ou qualidade duvidosa.
Não é
nada fácil à pessoa que descobre em si os primeiros sinais de mediunidade
encontrar acesso ao território onde suas faculdades possam ser entendidas,
identificadas, treinadas e, finalmente, praticadas com proveito para todos. O
médium precisa de recolhimento para o exercício de suas atividades, mas não
deve ser um trabalhador solitário. Ele necessita de todo um sistema de apoio
logístico, de uma estrutura que lhe proporcione as condições mínimas que seu
trabalho exige.’
Mecanismos da Mediunidade – André Luiz
PASSIVIDADE MEDIÚNICA — Se o médium consegue transpor, valoroso, a faixa de
hesitações pueris, entendendo que importa, acima de
tudo, o bem a fazer, procura ofertar a reta conduta, no reflexo condicionado
específico da prece, à Espiritualidade Superior, e passa, então, a ser
objeto da confiança dos Benfeitores desencarnados que lhe aproveitam as
capacidades no amparo aos semelhantes, dentro do qual assimila o amparo a si
mesmo.
Quanto mais se lhe acentuem o aperfeiçoamento e a abnegação, a cultura e o
desinteresse, mais se lhe sutilizam os pensamentos, e, com isso, mais se lhe aguçam as percepções mediúnicas, que se elevam a
maior demonstração de serviço, de acordo com as suas disposições individuais.
Com base no
magnetismo enobrecido, os instrutores desencarnados influenciam os mecanismos
do cérebro para a formação de certos fenômenos, como acontece aos musicistas
que tangem as cordas do piano na produção da melodia. E assim como as ondas
sonoras se associam na música, as ondas mentais se conjugam na expressão.
Se o instrumento
oferece maleabilidade mais avançada, mais intensamente específico aparece o
toque do artista.
Nessa base,
identificamos a psicografia, desde a estritamente mecânica até a intuitiva, a
incorporação em graus diversos de consciência, as inspirações e premonições.
O
Consolador:
387 –Qual a
maior necessidade do médium?
-A
primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se
entregas às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar
sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.
410 –onde o
maior escolho do apostolado mediúnico?
-O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo.
Freqüentemente é personalismo, é a ambição, a ignorância ou a rebeldia no
voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de
inferioridade moral que, não raro, o conduzem a invigilância, à leviandade e à
confusão dos campos improdutivos.
Contra esse
inimigo é preciso movimentar as energias íntimas pelo estudo, pelo cultivo da
humildade, pela boa-vontade, com o melhor esforço de auto-educação, à claridade
do Evangelho.
O
segundo inimigo mais poderoso do apostolado mediúnico não reside no campo das
atividades contrárias à expansão da Doutrina, mas no próprio selo das organizações
espiritistas, constituindo-se daquele que se convenceu
quanto aos fenômenos, sem se converter ao Evangelho pelo coração,
trazendo para as fileiras do Consolador os seus caprichos pessoais, as suas
paixões inferiores, tendências nocivas, opiniões cristalizadas no endurecimento
do coração, sem reconhecer a realidade de suas deficiências
e a exigüidade dos seus cabedais íntimos. Habituados ao estacionamento,
esses irmãos infelizes desdenham o esforço próprio – única estrada de
edificação definitiva e sincera – para recorrerem aos espíritos amigos nas menores
dificuldades da vida, como se o apostolado mediúnico fosse uma cadeira de cartomante.
Incapazes do trabalho interior pela edificação própria na fé e na confiança em
Deus, dizem-se necessitados de conforto. Se desatendidos em seus caprichos inferiores
e nas suas questões pessoais, estão sempre prontos para acusar e escarnecer.
Falam da caridade, humilhando todos os princípios fraternos; não conhecem outro
interesse além do que lhes lastreia o seu próprio egoísmo. São irônicos,
acusadores e procedem quase sempre como crianças levianas e inquietas.
Esses são
também aqueles elementos da confusão, que não penetram o tempo de Jesus e nem
permitem a entrada de seus irmãos.
Esse gênero
de inimigos do apostolado mediúnico é muito comum e insistente nos seus
processos de insinuação, sendo indispensável que o missionário do bem e da luz
se resguarde na prece e na vigilância. E como a verdade deve sempre surgir no instante
oportuno, para que o campo do apostolado não se esterilize, faz-se imprescindível
fugir deles.
411 – Onde a
luz definitiva para a vitória do apostolado mediúnico?
-Essa
claridade divina está no Evangelho de Jesus, com o qual o missionário deve
estar plenamente identificado para a realização sagrada da sua tarefa. O médium
sem Evangelho pode fornecer as mais elevadas informações ao quadro das
filosofias e ciências fragmentárias da Terra; pode ser um profissional de
nomeada, um agente de experiências do invisível, mas não poderá ser um apóstolo
pelo coração. Só a aplicação com o Divino Mestre prepara no íntimo do
trabalhador a fibra da iluminação para o amor, e da resistência contra as
energias destruidoras, porque o médium evangelizado sabe cultivar a humildade
no amor ao trabalho de cada dia, na tolerância esclarecida, no esforço
educativo de si mesmo, na significação da vida, sabendo, igualmente, levantar-se
para a defesa da sua tarefa de amor, defendendo a verdade sem transigir com os
princípios no momento oportuno.
O
apostolado mediúnico, portanto, não se constitui tão-somente da movimentação das energias
psíquicas em suas expressões fenomênicas e mecânicas, porque exige o trabalho e
o sacrifício do coração, onde a luz da comprovação e da
referência é a que nasce do entendimento e da aplicação com Jesus-Cristo.
226. 1ª
O desenvolvimento da mediunidade guarda relação com o desenvolvimento moral dos
médiuns?
“Não; a
faculdade propriamente dita se radica no organismo; independe do moral. O
mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom, ou mau, conforme as
qualidades do médium.”
7ª Por que
permitem os Espíritos superiores que pessoas dotadas de grande poder, como
médiuns, e que muito de bom poderiam fazer, sejam instrumentos do erro?
“Os Espíritos de
que falas procuram influenciá-las; mas, quando essas pessoas consentem em ser
arrastadas para mau caminho, eles as deixam ir. Daí o servirem-se delas com
repugnância, visto que a verdade não pode ser interpretada pela mentira.”
10ª Se ele só
com os bons Espíritos simpatiza, como permitem estes que seja enganado?
“Os bons
Espíritos permitem, às vezes, que isso aconteça com os melhores médiuns, para
lhes exercitar a ponderação e para lhes ensinar a discernir o verdadeiro do
falso.
Depois, por
muito bom que seja, um médium jamais é tão perfeito, que não possa ser atacado
por algum lado fraco. Isto lhe deve servir de lição. As falsas comunicações,
que de tempos a tempos ele recebe, são avisos para que não se considere
infalível e não se ensoberbeça. Porque, o médium que receba as coisas mais
notáveis não tem que se gloriar disso, como não o tem o tocador de realejo que
obtém belas árias movendo a manivela do seu instrumento.”
11ª Quais as
condições necessárias para que a palavra dos Espíritos superiores nos chegue
isenta de qualquer alteração?
“Querer o bem;
repulsar o egoísmo e o orgulho. Ambas essas coisas são
necessárias.”
227.
Se o médium, do ponto de vista da execução, não
passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o
aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito
desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se
pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito
dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de
atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles.
Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde
se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a
natureza dos Espíritos que por ele se comunicam.
Se
o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os Espíritos inferiores, sempre
prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos evocados. As
qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são:
a bondade, a benevolência, a simplicidade do
coração, o amor do próximo, o desprendimento das coisas materiais.
Os defeitos que os afastam
são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a
cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria.
228.
Todas as imperfeições morais são outras tantas
portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A que, porém, eles
exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que
a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns
dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam
podido tornar- se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de
Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido,
aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções.
O orgulho,
nos médiuns, traduz-se por sinais inequívocos, a cujo respeito tanto mais
necessário é se insista, quanto constitui uma das causas mais fortes de
suspeição, no tocante à veracidade de suas comunicações.
Começa por uma confiança cega nessas mesmas comunicações e na infalibilidade do
Espírito que lhas dá. Daí um certo desdém por tudo o que não venha deles: é que
julgam ter o privilégio da verdade. O prestígio dos grandes nomes, com que se
adornam os Espíritos tidos por seus protetores, os deslumbra e, como neles o
amor-próprio sofreria, se houvessem de confessar que são ludibriados, repelem
todo e qualquer conselho; evitam-nos mesmo, afastando-se de seus amigos e de
quem quer que lhes possa abrir os olhos. Se condescendem em escutá-los, nenhum
apreço lhes dão às opiniões, porquanto duvidar do Espírito que os assiste fora
quase uma profanação. Aborrecem-se com a menor contradita, com uma simples
observação crítica e vão às vezes ao ponto de tomar ódio às próprias pessoas
que lhes têm prestado serviço. Por favorecerem a esse insulamento a que os
arrastam os Espíritos que não querem contraditores, esses mesmos Espíritos se
comprazem em lhes conservar as ilusões, para o que os fazem considerar coisas
sublimes as mais polpudas absurdidades. Assim, confiança absoluta na
superioridade do que obtém, desprezo pelo que deles não venha, irrefletida
importância dada aos grandes nomes, recusa de todo conselho, suspeição sobre
qualquer crítica, afastamento dos que podem emitir opiniões desinteressadas,
crédito em suas aptidões, apesar de inexperientes: tais as características dos
médiuns orgulhosos.
Devemos
também convir em que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium
pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é
procurado e gabado e entra a julgar-se indispensável. Logo toma ares de
importância e desdém, quando presta a alguém o seu concurso. Mais de uma vez
tivemos motivo de deplorar elogios que dispensamos a alguns médiuns, com o
intuito de os animar.
Diversidade
dos Carismas, Cap. 2, Vol I – Hermínio Miranda
12.
DEFINIÇÕES E DECISÕES
A
mediunidade é uma faculdade tão natural quanto qualquer um dos cinco sentidos
habituais. Por isso não é necessário nem possível criar a faculdade a partir do
nada e sim descobri-la, ou seja, identificá-la e aprender a utilizar-se
corretamente do que existe nas profundezas de nossa estrutura espiritual. De
forma idêntica ou semelhante, aprendemos a correta utilização da visão, da
audição, do olfato, do paladar e do tato. (...)
Como lembra
Boddington, a tarefa do médium é explorar o universo do pensamento. O médium
precisa manter desobstruídos os canais psíquicos onde circulam suas idéias para
que por esses mesmos canais e com esse mesmo material psíquico, utilizando-se
de sua energia mediúnica, possam os espíritos igualmente fazer circular suas
idéias. Mediunidade é pois uma transfusão de pensamento, mesmo quando se trata
de energia destinada à produção de efeitos físicos, de vez que é o pensamento e
a vontade dos espíritos que as direcionam.
Por outro
lado, o médium é um ser que franqueou o acesso da sua intimidade aos seres invisíveis desencarnados (e até
encarnados, sob condições especiais). Se ele adota atitudes de descaso,
indiferença e preguiça, estará chamando para sua convivência espíritos
semelhantes. É como um aparelho receptor de rádio ou televisão: captam a
estação na qual se acham sintonizados e não, as outras. Se a pessoa assediada
por fenômenos insólitos deseja exercer a sério a mediunidade, precisa a ela
dedicar-se com seriedade (Atenção: seriedade e não, fanatismo). Se deseja
apenas uma distração para passar o tempo ou um instrumento para fascinar
platéias maravilhadas, é melhor dedicar-se a outra atividade. Terá, por certo,
menos problemas e assumirá responsabilidades menos graves.
Isto não
quer dizer que a mediunidade seja uma carga pesada demais, diante da qual
devamos ficar aterrados e esmagados pela preocupação. Nada disso! É preciso,
porém, que o médium incipiente esteja convicto de que é exatamente isso que ele
deseja. A mediunidade é instrumento de trabalho, não para
uso e gozo pessoal, mas para servir. Se a pessoa não se sente preparada para
isso, é melhor cuidar de outra atividade. Não se esqueça, contudo, de que não se pode
simplesmente apertar um botão, torcer uma chave ou aplicar uma rolha às
faculdades nascentes que estará tudo resolvido. Se são apenas sinais esparsos e
ocasionais, como já vimos, tudo bem, não vale a pena nem é recomendável forçar
o desenvolvimento de faculdades nas quais a pessoa não está sequer interessada
senão para 'brilhar' ou brincar com fatos insólitos. Se, porém, se trata de um
conjunto de manifestações nítidas, insistentes, abundantes, então é preciso
assumir com disposição as responsabilidades ali implícitas, entregar-se a umas
tantas renúncias, aceitar certa disciplina mental e de comportamento e
dedicar-se às tarefas que obviamente lhe estão destinadas em sua programação
espiritual.
Em casos
como esses, tudo indica que a mediunidade não é uma fantasia passageira, mas
uma responsabilidade, um compromisso, uma tarefa a realizar. Longe de ser um ônus insuportável, é um privilégio
concedido para servir ao próximo e, conseqüentemente, importante fator de
aceleramento do nosso próprio ritmo evolutivo.
Temos tido
freqüentes oportunidades de conversar com espíritos que, aqui entre os
encarnados, foram médiuns. Estão sempre bem aqueles que exerceram suas tarefas
com dedicação e boa vontade, ainda que com falhas, inevitáveis no contexto da
imperfeição humana. Por contraste, temos recebido depoimentos dramáticos dos
que rejeitaram suas faculdades e, portanto, as tarefas correspondentes ou delas
se utilizaram para obter proveito pessoal ou, finalmente, não as levaram a
sério como deviam. São inevitáveis as decepções em tais casos, desencanto dos
mais amargos, porque não é com os outros, não podemos transferi-los a ninguém,
dado que é de nossa inteira responsabilidade.
Não se
trata, pois, de carga insuportável nem de tarefa irrealizável. Nossa
programação espiritual antes de renascer é sempre compatibilizada com nossas
possibilidades e limitações, nunca calculada para esmagar-nos. É, portanto,
realizável. Se exige dedicação, cultivo, sacrifício? Sim. E daí?
13.
REFLEXÕES SOBRE A HUMILDADE
Muitas
mediunidades promissoras naufragam logo de início, aos primeiros embates, por
excesso de confiança ou temor exagerado, por desânimo ante as dificuldades
iniciais, por falta de perseverança no treinamento ou por desinteresse em
promover certas mudanças íntimas, renunciar a algumas comodidades e pequenos
vícios de comportamento ou de imaginação. São muitos, ainda, os que julgam que
basta sentar-se à mesa mediúnica para começar a produzir fenômenos notáveis,
receber espíritos elevados, ter vidências espetaculares ou curar doenças
irredutíveis.
Nada disso.
A primeira atitude a adotar-se, seja ou não este conselho tido como 'pregação',
é a de humildade. Não pense que sua mediunidade vai abalar o mundo ou servir de
veículo a revelações sensacionais. É mais fácil perder-se uma oportunidade de
exercício mediúnico razoável pela vaidade do que por qualquer outro obstáculo;
e mais desastroso, porque, em vez de uma contribuição modesta, porém positiva,
optamos pelo desacerto. (...)
Qualquer que
seja, porém, o tipo de mediunidade em desenvolvimento, é preciso que o médium
em formação promova um severo e honesto auto-exame, a fim de identificar em que
aspectos de comportamento precisa mudar e que eventuais virtudes ou qualidades
pessoais devem e podem ser revigoradas. E para isso também uma boa dosagem, de
humildade será de vital importância.
Essa é a
orientação unânime de todos os autores confiáveis sobre o assunto.
Depois de
sugerir exercícios respiratórios, Boddington recomenda que se abra espaço
íntimo para considerar, com seriedade, o efeito das virtudes sobre si mesmo e,
em conseqüência, sobre o mundo que nos cerca. É a velha tese de que, mudando o
ser humano para melhor, também o mundo melhora.
Para o
médium em formação, essa postura é da maior relevância. Ele está em treinamento
para receber na sua intimidade a visita mais ou menos regular de seres
desconhecidos. Não se deve esquecer de que sua sensibilidade atrai para o intercâmbio
individualidades estranhas à sua. Esforçando-se por viver não um clima de
santidade impossível, mas de honesto propósito de servir com o que tem de
melhor em si, estará atraindo aqueles que têm afinidades com esses propósitos e
não os que, ainda desarmonizados, só lhe poderão criar dificuldades adicionais.
"Meditação
em torno de temas como amor, sabedoria e conhecimento" - escreve
Boddington - "e sobre os métodos para consegui -los devem, portanto,
acompanhar todo o trabalho de desenvolvimento da mediunidade".
Disciplina e
dedicação, contudo, não justificam excessos nem os exigem.
O exercício
da mediunidade desde o início acarreta certo desgaste energético que, embora
nem sempre seja percebido pelo médium, é uma realidade que não pode ser
impunemente ignorada. Tal exercício é, usualmente, à margem e em adição às
atividades normais da vida, como trabalho profissional ou doméstico, por
exemplo. É perfeitamente possível conjugar tais atividades de forma que a
prática mediúnica seja, antes, um benefício também orgânico, além de
espiritual, pois representa uma utilização ética de energias normalmente
disponíveis no médium.
Tanto é
assim que faculdades embotadas, rejeitadas ou ignoradas por médiuns em
potencial causam distúrbios às vezes incontornáveis, porque as energias de que
os sensitivos dispõem para essa finalidade não estão encontrando seu escoadouro
natural no desempenho normal da tarefa. São inúmeros e freqüentes os casos de
médiuns em potencial que, apenas iniciados no exercício controlado de suas faculdades,
livram-se, como por encanto, de pressões íntimas, impaciências, irritações e
desassossegos indefiníveis, além de assédios indesejáveis de desencarnados que
ele não sabe como controlar ou neutralizar.
Se, porém,
entregar-se desregradamente ao trabalho mediúnico, especialmente na fase
inicial de ajustamento de suas faculdades, por certo terá problemas de saúde
física e mental, acarretados por excesso no esbanjamento de energias psíquicas.
É preciso,
portanto, que haja uma disciplina, tempo e lugares certos para o trabalho
mediúnico. Sintomas de exaustão devem ser prontamente detectados e combatidos
com um período de repouso, mudança de rotina nos hábitos, umas férias e coisas
dessa natureza. A mediunidade não é um estado patológico e não deve ser exercida
à custa da aniquilação da saúde física do médium.
A
mediunidade é, por certo, um privilégio, no sentido de que constitui importante
concessão ao espírito encarnado que deseja acelerar seu processo evolutivo,
servindo ao semelhante, mas não coroa e cetro a conferir poder sobre os demais,
halo de santidade para ser admirado ou virtude pessoal para ser louvada - é
apenas uma faculdade natural para ser utilizada como instrumento de trabalho.
Por que iria o telefone sentir-se orgulhoso apenas por transmitir a voz humana
por seu intermédio? Se assim fosse, a televisão teria direito a uma parcela
maior de vaidade, porque, além da voz, transmite também imagem, cor e movimento
...
Não é,
também, um bem que se possa adquirir como mercadoria com embalagem vistosa,
pronta para consumo. Não é sequer conseqüência natural de mais apurada
sensibilidade, embora a sensibilidade seja um dos seus principais ingredientes.
São muitos os que querem ser médiuns de qualquer maneira, mas não estão
preparados para aceitar as renúncias e devotamentos que o desenvolvimento e a
prática da mediunidade exigem de cada um. Daí muitas impaciências e até
ressentimentos ou ciúmes. Por que fulana tem faculdades tão notáveis e eu não
posso tê-las? Por que não posso psicografar mensagens como de beltrano? Ou
curar males orgânicos como a sicrana? Será que vou ficar a vida inteira somente
traçando rabiscos ilegíveis no papel?
Em verdade,
se a faculdade não está programada para você, não adianta forçá-la. Busque
outra tarefa na qual você poderá sair-se até muito bem, como por exemplo a do
passe magnético ou a do trabalho social. Ou, simplesmente, compareça à reunião
mediúnica para dar a sua presença, sim, mas, acima de tudo, o seu amor. Os
espíritos não criam a mediunidade para você, segundo suas aspirações e até
ambições. Eles apenas se utilizam de recursos já existentes em você para
realizarem tarefas comuns de serviço ao próximo. Se você não dispõe daquele
mínimo necessário sobre o qual eles possam construir alguma coisa, desista da
mediunidade desejada e dirija seu esforço e boa vontade para outra direção.
Afinal de contas, a mediunidade é apenas um dos muitos caminhos para a
evolução.
E aqui
estamos de volta ao tema da humildade. É preciso ter humildade tanto para
desenvolver faculdades latentes, mas óbvias, seguindo procedimentos adequados,
quanto para aceitar a condição de que sua tarefa não é ali, mas sim alhures. Ou
seja, você não está programado para ser médium ou se está, não para as
modalidades que você gostaria de exercer. A regra aqui é fazer o que podemos e devemos e não o
que desejamos. É bastante conhecido o drama íntimo de Ingres,
pintor e desenhista francês que muito desejava tocar violino, no qual era
apenas medíocre, em prejuízo da pintura, na qual era um gênio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário