Casa Espírita Missionários da Luz
ESDE1 - Arrependimento e o Perdão
Junho/2013
- Leitura Inicial – O Céu e o Inferno – Cap. VII, 3ª Parte:
Max, o mendigo
Após perguntar _
1)
Onde, na mensagem lida, se encontra o processo do arrependimento?
R: No momento em que Max roga aos seus vassalos e servidores
que por ele intercedem ao Senhor, perdoando-o.
2) Como o personagem do fato realizou seu ato de resgate das
faltas cometidas?
R) Reencarnando no seio de uma família pobre, trabalhando
muito e, após a sua paralisia, mendigando o próprio sustento, por mais de 50
anos, pelos mesmos lugares em que vivera anteriormente na opulência, tudo
suportando com resignação.
LE – Perguntas – 990, 991, 992, 998, 999, 1000, 1002.
Após, trabalhar o texto impresso.
Anexos
Do livro O Céu e o Inferno – parte 1, cap. VII, itens 16 e 17.
16º - O arrependimento, conquanto seja o primeiro
passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a
reparação. Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três
condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências.
O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o
caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito
destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma
anulação.
17º - O arrependimento pode dar-se por toda parte e
em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo. Até que
os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos
físicos e morais que lhe são consequentes, seja na vida atual, seja na vida
espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal. A reparação
consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os
seus erros numa existência, por fraqueza ou má-vontade, achar-se-á numa
existência ulterior em contacto com as mesmas pessoas que de si tiverem
queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes
reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito. Nem todas as
faltas acarretam prejuízo direto e efetivo; em tais casos a reparação se opera,
fazendo-se o que se deveria fazer e foi descurado; cumprindo os deveres
desprezados, as missões não preenchidas; praticando o bem em compensação ao mal
praticado, isto é, tornando-se humilde se se tem sido orgulhoso, amável se se
foi austero, caridoso se se tem sido egoísta, benigno se se tem sido perverso,
laborioso se se tem sido ocioso, útil se se tem sido inútil, frugal se se tem
sido intemperante, trocando em suma por bons os maus exemplos perpetrados. E
desse modo progride o Espírito, aproveitando-se do próprio passado.
O PERDÃO - Do livro
“Boa Nova”. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Não obstante
o calor daquelas afirmativas, Jesus meditava com uma doce placidez no olhar
profundo, enquanto os interlocutores o contemplavam, ansiando pela sua palavra
de franqueza e de amor.
Afinal,
saindo de suas reflexões silenciosas, o Mestre interrogou:
– Acaso
poderemos colher uvas nos espinheiros? De modo algum me empenharia em Nazaré
numa contradita estéril aos meus opositores. Contudo, procurei ensinar que a
melhor réplica é sempre a do nosso próprio trabalho, do esforço útil que nos
seja possível. Nesse particular, não deixei de operar na minha esfera de ação,
de modo a produzir resultados a nossa excursão à cidade vizinha, tornando-a
proveitosa, sem desdenhar as palavras construtivas no instante oportuno. De que
serviriam as longas discussões públicas, inçadas dedoestos
e zombarias? Ao termo de todas elas, teríamos apenas menores probabilidades
para o triunfo glorioso do amor e maiores motivos para a separatividade e
odiosas dissensões. Só devemos dizer aquilo que o coração pode testificar
mediante atos sinceros, porque, de outra forma, as afirmações são simples ruído
sonoro de uma caixa vazia.
– Mestre –
atalhou Filipe, quase com mágoa –, a verdade é que a maioria de quantos
compareceram às pregações de
Nazaré falava mal de vós!
– Mas, não
será vaidade exigirmos que toda gente faça de nossa personalidade
elevado conceito? – interrogou
Jesus com energia e serenidade.
– Nas
ilusões que as criaturas da Terra inventaram para a sua própria vida, nem
sempre constitui bom atestado da nossa conduta o falarem todos bem de nós,
indistintamente. Agradar a todos é marchar pelo caminho largo, onde estão as
mentiras da convenção. Servir a Deus é tarefa que deve estar acima de tudo e,
por vezes, nesse serviço divino, é natural que desagrademos aos mesquinhos
interesses humanos. Filipe, sabes de algum emissário de Deus que fosse bem
apreciado no seu tempo? Todos os portadores da verdade do céu são
incompreendidos de seus contemporâneos. Portanto, é indispensável consideremos
que o conceito justo é respeitável, mas, antes dele, necessitamos obter a
aprovação legítima da consciência, dentro de nossa lealdade para com Deus.
– Mestre –
obtemperou Simão Pedro, a quem as explicações da hora calavam profundamente –,
nos acontecimentos mais fortes da vida, não deveremos, então, utilizar as palavras
enérgicas e justas?
– Em toda
circunstância, convém naturalmente que se diga o necessário, porém, é
também imprescindível que não se
perca tempo.
Deixando
transparecer que as elucidações não lhe satisfaziam plenamente, perguntou
Filipe:
– Senhor,
vossos esclarecimentos são indiscutíveis; entretanto, preciso acrescentar que
alguns dos companheiros se revelaram insuportáveis nessa viagem a Nazaré: uns
me acusaram de brigão e desordeiro; outros, de mau entendedor de vossos
ensinamentos. Se os próprios irmãos da comunidade apresentam essas falhas, como
há de ser o futuro do Evangelho?
O Mestre
refletiu um momento e retrucou:
– Estas são
perguntas que cada discípulo deve fazer a si mesmo. Mas, com respeito à comunidade,
Filipe, pelo que me compete esclarecer, cumpre-me perguntar-te se já edificaste
o reino de Deus no íntimo do teu espírito.
– É verdade
que ainda não – respondeu, hesitante, o apóstolo.
– De dentro
dessa realidade, podes observar que, se o nosso colégio fosse constituído de
irmãos perfeitos, teria deixado de ser irrepreensível pela adesão de um amigo
que ainda não houvesse conquistado a divina edificação.
Ambos os
discípulos compreenderam e se puseram a meditar, enquanto o Cristo continuava:
– O que é
indispensável é nunca perdermos de vista o nosso próprio trabalho, sabendo
perdoar com verdadeira espontaneidade de coração. Se nos labores da vida um
companheiro nos parece insuportável, é possível que também algumas vezes
sejamos considerados assim. Temos que perdoar aos adversários, trabalhar pelo
bem dos nossos inimigos, auxiliar os que zombam da nossa fé. Nesse ponto de
suas afirmativas, Pedro atalhou-o, dizendo:
– Mas, para
perdoar não deveremos aguardar que o inimigo se arrependa? E que fazer, na
hipótese de o malfeitor assumir a atitude dos lobos sob a pele da ovelha?
– Pedro, o
perdão não exclui a necessidade da vigilância, como o amor não prescinde da
verdade. A paz é um patrimônio que cada coração está obrigado a defender, para
bem trabalhar no serviço divino que lhe foi confiado. Se o nosso irmão se
arrepende e procura o nosso auxílio fraterno, amparemo-lo com as energias que
possamos despender; mas, em nenhuma circunstância cogites de saber se o teu
irmão está arrependido. Esquece o mal e trabalha pelo bem. Quando ensinei que
cada homem deve conciliar-se depressa com o adversário, busquei salientar que
ninguém pode ir a Deus com um sentimento de odiosidade no coração. Não
poderemos saber se o nosso adversário está disposto à conciliação; todavia,
podemos garantir que nada se fará sem a nossa boa vontade e pleno esquecimento
dos males recebidos. Se o irmão infeliz se arrepender, estejamos sempre
dispostos a ampará-lo e, a todo momento, precisamos e devemos olvidar o mal.
Foi quando,
então, fez Simão Pedro a sua célebre pergunta:
– “Senhor,
quantas vezes pecará meu irmão contra mim, que lhe hei de perdoar? Será até
sete vezes?”
Jesus
respondeu-lhe, calmamente:
– Não te
digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
***
Daí por
diante, o Mestre sempre aproveitou as menores oportunidades para ensinar a necessidade
do perdão recíproco, entre os homens, na obra sublime da redenção. Acusado de
feiticeiro, de servo de Satanás, de conspirador, Jesus demonstrou, em todas as
ocasiões, o máximo de boa vontade para com os espíritos mais rasteiros de seu
tempo. Sem desprezar a boa palavra, no instante oportuno, trabalhou a todas as
horas pela vitória do amor, com o mais alto idealismo construtivo. E no dia
inesquecível do Calvário, em frente dos seus perseguidores e verdugos,
revelando aos homens ser indispensável a imediata conciliação entre o espírito
e a harmonia da vida, foram estas as suas últimas palavras:
– “Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!...”
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