domingo, 4 de dezembro de 2016

Precauções Necessárias do Médium

Casa Espírita Missionários da Luz – ESDE2 - 13/10/2015

Tema: Das Reuniões Mediúnicas - Precauções Necessárias do Médium

Objetivos:
Determinar as precauções que o médium deve tomar para participar das atividades mediúnicas.

Bibliografia:
  • O Livro dos Médiuns – Cap. XX, item 226 – perg 11; item 227 e 1º parágrafo item 228; item 230 – 4º parágrafo; Cap. XXXI, item XIII (msg de Pascal); item XV (msg Espírito de Verdade)
  • Diretrizes de Segurança (Raul Teixeira e Divaldo P. Franco)– perg perg 31, 33, 53, 84, 86.
  • Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz/Chico Xavier, cap.3
  • Missionários da Luz, André Luiz/Chico Xavier, cap.10
  • Os Mensageiros, André Luiz/Chico Xavier, cap.9


Sugestões de Atividades: apostilas da FEP (Precauções Necessárias do Médium)  ou FEB – Roteiro 27

Material: enviar texto teórico por email para estudos prévios

Desenvolvimento:  

  1. Prece inicial (sem leitura de página devido ao tempo para o estudo do tema).

  1. Iniciar falando do tema e dos textos básicos que foram enviados por email. A sugestão para o estudo da noite, é, a partir de 3 casos relatados por André Luiz, identificar as precauções necessárias aos médiuns, que valem também, para os demais membros das reuniões mediúnicas.

  1. Separar a turma em 3 grupos, ficando cada um com um texto de André Luiz:

  1. Apresentação dos grupos

  • Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz/Chico Xavier, cap.3
- necessidade do estudo para entender e melhor controlar a passividade, além do esforço de melhora moral;
- vigilância constante, até o fim da tarefa mediúnica, pois o assédio dos Espíritos inferiores não cessa.
- Percebemos o cuidado constante da equipe espiritual com os médiuns da equipe encarnada.

  • Missionários da Luz, André Luiz/Chico Xavier, cap.10
- necessidade de vigilância e de cuidados com a alimentação, para não atrapalhar o trabalho da equipe espiritual. Lembrando a resposta de Raul Teixeira, no caso da alimentação, é foco é a digestão.

  • Os Mensageiros, André Luiz/Chico Xavier, cap.9
- vícios e condutas que inutilizam a tarefa mediúnica: medo, arrogância, irritação, falta de paciência com os familiares, desconfiança (medo da mistificação).


  1. Reforçar a questão do sono, citado por Raul Teixeira:
- cansaço físico;
- indiferença (estar apenas fisicamente no ambiente com a mente em outro lugar);
- hipnose por Espíritos inferiores.

6.    Concluir  de acordo com os textos enviados por email:
- vigilância constante, pois em matéria de condição mental, não há o improviso;
- a questão moral é o fator primordial;
- orgulho, vaidade, e outros vícios: perda, do ponto de vista de utilidade, da mediunidade de muitos médiuns;
- perigo para médiuns que recebem em casa, pois ficam mais acessíveis aos Espíritos impostores (não tem companheiros para ajudar na análise das comunciações);
- quem não se sentir apto à tarefa (e seus cuidados), que se abstenha!
- missão na mediunidade x compromisso (msg do Espírito de Verdade)

7.    Prece final

8.    Anexos




Diretrizes de Segurança, Raul Teixeira, perg. 33

O espírita que freqüenta o labor mediúnico, além de espírita, é peça importante no mecanismo de ação dos espíritos na direção da Terra. Ele deve fazer uma preparação, não somente nos dias da reunião, mas sempre, porque tal preparação seria insuficiente e ineficaz, já que ninguém muda de hábitos, apenas por alterar sua atitude momentânea.
Nos trabalhos mediúnicos, são exigíveis hábitos mentais de comportamento moral enobrecido, e estes não podem ser improvisados. Então, os membros de uma sessão mediúnica são pessoas que devem estar normalmente vigilantes todos os dias e, em especial, nos reservados ao labor, para que se poupem às incursões dos espíritos levianos e adversários do Bem, que, nesse dia, tentarão prejudicar a colaboração e perturbar-lhes o estado interior, levando distúrbios ao trabalho geral, que é o que eles objetivam destruir. Então, nesse dia, a vigilância deve ser maior: orar, ler uma página salutar, meditar nela, reflexionar, evitar atitudes da chamada reação e cultivar as da ação, pensar antes de agir, espairecer e se, eventualmente, for colhido pela tempestade da ira, pela tentação do revide, que às vezes nos chega, manter a atitude recomendada pelo Evangelho de Jesus.

Livro dos Médiuns, Cap. XX, item 226

11ª Quais as condições necessárias para que a palavra dos Espíritos superiores nos chegue isenta de qualquer alteração?
“Querer o bem; repulsar o egoísmo e o orgulho. Ambas essas coisas são necessárias.”

Livro dos Médiuns, Cap. XX, item 227

Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam. Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos evocados. As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor do próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria.

Livro dos Médiuns, Cap. XX, item 228

 Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções.

Livro dos Médiuns, Cap. XX, item 230

“Os médiuns levianos e pouco sérios atraem, pois, Espíritos da mesma natureza; por isso é que suas comunicações se mostram cheias de banalidades, frivolidades, idéias truncadas e, não raro, muito heterodoxas, espiriticamente falando. Certamente, podem eles dizer, e às vezes dizem, coisas aproveitáveis; mas, nesse caso, principalmente, é que um exame severo e escrupuloso se faz necessário, porquanto, de envolta com essas coisas aproveitáveis, Espíritos hipócritas insinuam, com habilidade e preconcebida perfídia, fatos de pura invencionice, asserções mentirosas, a fim de iludir a boa-fé dos que  lhes dispensam atenção. Devem riscar-se, então, sem piedade, toda palavra, toda frase equívoca e só conservar do ditado o que a lógica possa aceitar, ou o que a Doutrina já ensinou. As comunicações desta natureza só são de temer para os espíritas que trabalham isolados, para os grupos novos, ou pouco esclarecidos, visto que, nas reuniões onde os adeptos estão adiantados e já adquiriram experiência, a gralha perde o seu tempo a se adornar com as penas do pavão: acaba sempre desmascarada.

Livro dos Médiuns, Cap. XXXI  - item XIII  (mensagem de Pascal)

Quando quiserdes receber comunicações de bons Espíritos, importa vos prepareis para esse favor pelo recolhimento, por intenções puras e pelo desejo de fazer o bem, tendo em vista o progresso geral. Porque, lembrai-vos de que o egoísmo é causa de retardamento a todo progresso. Lembrai-vos de que se Deus permite que alguns dentre vós recebam o sopro daqueles de seus filhos que, pela sua conduta, souberam fazer-se merecedores de lhe compreender a infinita bondade, é que ele quer, por solicitação nossa e atendendo às vossas boas intenções, dar-vos os meios de avançardes no caminho que a ele conduz.
Assim, pois, médiuns! aproveitai dessa faculdade que Deus houve por bem conceder-vos. Tende fé na mansuetude do nosso Mestre; ponde sempre em prática a caridade; não vos canseis jamais de exercitar essa virtude sublime, assim como a tolerância. Estejam sempre as vossas ações de harmonia com a vossa consciência e tereis nisso um meio certo de centuplicardes a vossa felicidade nessa vida passageira e de preparardes para vós mesmos uma existência mil vezes ainda mais suave.
Que, dentre vós, o médium que não se sinta com forças para perseverar no ensino espírita, se abstenha; porquanto, não fazendo proveitosa a luz que o ilumina, será menos escusável do que outro qualquer e terá que expiar a sua cegueira.

Livro dos Médiuns, Cap. XXXI  - item XV  (mensagem do Espírito de Verdade)

Todos os médiuns são, incontestavelmente, chamados a servir à causa do Espiritismo, na medida de suas faculdades, mas bem poucos há que não se deixem prender nas armadilhas do amor-próprio. É uma pedra de toque, que raramente deixa de produzir efeito. Assim é que, sobre cem médiuns, um, se tanto, encontrareis que, por muito ínfimo que seja, não se tenha julgado, nos primeiros tempos da sua mediunidade, fadado a obter coisas superiores e predestinado a grandes missões. Os que sucumbem a essa vaidosa esperança, e grande é o número deles, se tornam inevitavelmente presas de Espíritos obsessores, que não tardam a subjugá-los, lisonjeando-lhes o orgulho e apanhando-os pelo seu fraco. Quanto mais pretenderem eles elevar-se, tanto mais ridícula lhes será a queda, quando não desastrosa.
As grandes missões só aos homens de escol são confiadas e Deus mesmo os coloca, sem que eles o procurem, no meio e na posição em que possam prestar concurso eficaz. Nunca será demais eu recomende aos médiuns inexperientes que desconfiem do que lhes podem certos  Espíritos dizer, com relação ao suposto papel que eles são chamados a desempenhar, porquanto, se o tomarem a sério, só desapontamentos colherão nesse mundo, e, no outro, severo castigo.
Persuadam-se bem de que, na esfera modesta e obscura onde se acham colocados, podem prestar grandes serviços, auxiliando a conversão dos incrédulos, prodigalizando consolação aos aflitos. Se daí deverem sair, serão conduzidos por mão invisível, que lhes preparará os caminhos, e serão postos em evidência, por assim dizer, a seu mau grado.
Lembrem-se sempre destas palavras: “Aquele que se exalçar será humilhado e o que se humilhar será exalçado.”

Diretrizes de Segurança, Raul Teixeira, Perg. 53

Quais as causas do sono de que muitos companheiros se queixam quando participam de uma reunião ediúnica? Como evitá-lo?
Raul - As causas podem ser várias. Desde o cansaço físico, quando o indivíduo que vem de atividades muito intensas e que, ao sentar-se, ao relaxar-se, naturalmente é tomado pelo torpor da sonolência. Também, pode ser causado pela indiferença, pelo desligamento, quando alguém está num lugar, fisicamente, entretanto, pensando em outro, desejando não estar onde se acha. Compelido por uma circunstância qualquer, a pessoa se desloca mentalmente.
O sono pode, ainda, ser provocado por entidades espirituais que nos espreitam e que não têm nenhum interesse em nosso aprendizado para o nosso equilíbrio e crescimento.
Muitas vezes, os companheiros questionam. ‘Mas nós estamos no Centro Espírita, estamos num campo protegido e como o sono nos perturba?” Temos que entender que tais entidades hipnotizadoras podem não penetrar o circuito de forças vibratórias da Instituição ficam do lado de fora. Mas, a pessoa que entrou no Centro, na reunião não sintonizou-se com o ambiente, continua
Vinculada aos que se conservam fora, e através dessa porta, desse plug aberto, ou dessa tomada, as entidades que ficaram lá de fora lançam seus tentáculos mentais, formando uma ponte. Então, estabelecida a ligação atuam na intimidade dos centros neuroniais desses incautos, que dormem, que se dizem desdobrar: “Eu não estava dormindo... apenas desdobrei, eu ouvi tudo... “Eles viram e ouviram tudo o que não fazia parte da reunião. Foram fazer a viagem com as entidades que os narcotizaram.
Deparamos aí com distúrbios graves, Porque quando termina a reunião o indivíduo está fagueiro, ótimo e sem sono e vai assistir à televisão até altas horas, depois de se haver submetido aos fluidos enfermiços. Por isso recomendamos àqueles que estão cansados fisicamente, que façam um ligeiro
repouso antes da reunião ainda que seja por poucos minutos, para que o organismo possa beneficiar-se do encontro, para que fiquem mais atentos durante o trabalho doutrinário, levantar-se, borrifar o rosto com água fria, colocar-se em uma posição discreta, sempre que possível ao fundo do salão, em pé, sem encostar-se, a fim de lutar contra o sono.
Apelar para a prece, porque sempre que estamos ‘desejosos de participar do trabalho do bem, contamos com a eficiente colaboração dos Espíritos Bondosos. Faze a tua parte que o céu te ajudará.
Temos, então, o sono como esse terrível adversário de nossa participação, de nosso aprendizado, de nosso crescimento espiritual. Não permitamos que ele se apodere de nós. Lutemos o quanto conseguirmos, e deveremos conseguir sempre, para combatê-lo, para termos bons frutos no bom aprendizado.

Diretrizes de Segurança, Raul Teixeira, Perg. 86

A alimentação vegetariana será a mais aconselhável para os médiuns em geral?
Raul - A questão da dieta alimentar é fundamentalmente de foro íntimo ou acatará a alguma necessidade de saúde, devidamente prescrita. Afora isto, para o médium verdadeiro não há a chamada alimentação ideal, embora recomende o bom senso que se utilize de uma alimentação que lhe não sobrecarregue o organismo, principalmente nos dias da reunião mediúnica, a fim de que não seja perturbado por qualquer processo de conturbada digestão que, com certeza, lhe traria diversos inconvenientes.
A alimentação não define, por si só, o potencial mediúnico dos médiuns que deverão dar muito maior validade à sua vida moral do que à comida obviamente.
Algumas pessoas recomendam que não se comam carnes, nos dias de tarefa mediúnica, enquanto outras recomendam que não se deve tomar café ou chocolate, alegando problemas das toxinas, da cafeína, etc., esquecendo-se que deveremos manter uma alimentação mais frugal, a partir do período em que já não tenha tempo o organismo para uma digestão eficiente.
É mais compreensível e me parece mais lógico, que a pessoa coma no almoço o seu bife, se foro caso, ou tome seu cafezinho pela manhã, do que passar todo o dia atormentada pela Vontade desses alimentos, sem conseguir retirar da cabeça o seu USO, deixando de concentrar-se na tarefa, em razão da ansiedade para chegar em casa, após a reunião e comer ou beber aquilo de que tem vontade.
Por outro lado, a resposta dos espíritos à questão 723 de O Livro dos Espíritos é bastante nítida a esse respeito, deixando o espírita bem à vontade para a necessária compreensão, até porque a alimentação vegetariana não indica nada sobre o caráter do vegetariano. Lembremo-nos que o “médium” Hitler era vegetariano e que o médium Francisco Cândido Xavier se alimenta com carne.






Nos Domínios da Mediunidade – André Luiz/Chico Xavier, Cap. 3

—  Este é o nosso colaborador Antônio Castro, moço bem-intencionado e senhor de valiosas possi­bilidades em nossas atividades de permuta. So­nâmbulo, no entanto, é de uma passividade que nos requer grande vigilância. Desdobra-se com fa­cilidade, levando a efeito preciosas tarefas de cooperação conosco, mas ainda necessita de maiores estudos e mais amplas experiências para expres­sar-se com segurança, acerca das próprias obser­vações. Por vezes, comporta-se, fora da matéria densa, à maneira de uma criança, comprometendo-nos a açao. Quando empresta o veículo a entidades dementes ou sofredoras, reclama-nos cautela, porqüanto quase sempre deixa o corpo à mercê dos comunicantes, quando lhe compete o dever de aju­dar-nos na contenção deles, a fim de que o nosso tentame de fraternidade não lhe traga prejuízo à organização física. Será, porém, valioso auxiliar em nossos estudos.
(...)
       — Apresento-lhes agora nossa irmã Cellna, devotada companheira de nosso ministério espiri­tual. já atravessou meio século de existência fí­sica, conquistando significativas vitórias em suas batalhas morais. (...) Ela não é simples instrumento de fenômenos psíquicos. É abnegada servidora na construção de valores do espírito. A clarividência e a clariaudiência, a incorporação sonambúlica e o desdobramento da personalidade são estados em que ingressa, na mesma espontaneidade com que respira, guardando noção de suas responsabilidades e representando, por isso, valiosa colaboradora de nossas realizações. Diligente e humilde, encontrou na plantação do amor fraterno a sua maior alegria e, repartindo o tempo entre as obrigações e os estudos edificantes, transformou-se num acumula­dor espiritual de energias benéficas, assimilando elevadas correntes mentais, com o que se faz me­nos acessível às forças da sombra.
(...)
— Não podemos realizar qualquer estudo de faculdades medianímicas, sem o estudo da perso­nalidade. Considero, assim, de extrema importância a apreciação dos centros cerebrais, que represen­tam bases de operação do pensamento e da von­tade, que influem de modo compreensível em todos os fenômenos mediúnicos, desde a intuição pura à materialização objetiva. Esses recursos, que me­recem a defesa e o auxílio das entidades sábias e benevolentes, em suas tarefas de amor e sacri­fício junto dos homens, quando os medianeiros se sustentam no ideal superior da bondade e do ser­viço ao próximo, em muitas ocasiões podem ser ocupados por entidades inferiores ou animalizadas, em lastimáveis processos de obsessão.
— Mas — interpôs Hilário, judicioso —, dian­te de um campo cerebral tão iluminado quanto o de nossa irmã Celina, será lícitõ aceitar a possi­bilidade de invasão dele por parte de Inteligências menos evolvidas? Será cabível semelhante retro­cesso?
(...)
— Numa viagem de cem léguas podem ocor­rer muitas surpresas no derradeiro quilômetro do caminho.
Logo após, colocando a destra paternal sobre a fronte da médium, prosseguiu:
— Nossa irmã vem atravessando os seus tes­temunhos de boa-vontade, fé viva, caridade e paciência. Tanto quanto nós, ainda não possui plena quitação com o passado. Somos vasta legião de combatentes em vias de vencer os inimigos que nos povoam a fortaleza íntima ou o mundo de nós mesmos, inimigos simbolizados em nossos velhos hábitos de convívio com a natureza inferior, a nos colocarem em sintonia com os habitantes das som­bras, evidentemente perigosos ao nosso equilíbrio. Se nossa amiga Celina, quanto qualquer de nós, abandonar a disciplina a que somos constrangidos para manter a boa forma na recepção da luz, ren­dendo-se às sugestões da vaidade ou do desâni­mo, que costumamos fantasiar como sendo direitos adquiridos ou injustificável desencanto, decerto so­frerá o assédio de elementos destrutivos que lhe perturbarão a nobre experiência atual de subida. Muitos médiuns se arrojam a prejuízos dessa or­dem. Depois de ensaios promissores e começo bri­lhante, acreditam-se donos de recursos espirituais que lhes não pertencem ou temem as aflições pro­longadas da marcha e recolhem-se à inutilidade, descendo de nível moral ou conchegando-se a im­produtivo repouso, porqüanto retomam inevitavel­mente a cultura dos impulsos primitivos que o trabalho incessante no bem os induziria a olvidar.



Missionários da Luz, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 10 – Materialização

Na noite aprazada, Alexandre, que me proporcionava à satisfação de seguir-me de perto, conduziu-me à casa residencial, onde teria lugar uma assembléia diferente.
A reunião seria iniciada as vinte e uma horas, mas, com antecedência de cinqüenta minutos, estávamos ambos, ali, na sala íntima, acolhedora e confortável, aonde grande número de servidores do nosso plano iam e vinham.
 (...)
Não se passaram muitos minutos e a jovem médium, afável e simpática, deu entrada no recinto, acompanhada por diversas entidades, dentre as quais se destacava um amigo de elevada condição, que parecia chefiar o grupo de servidores. Esse exercia considerável controle sobre a moça, que a ele se ligava através de tênues fios de natureza magnética.
Sentindo-me a insopitável curiosidade, o orientador esclareceu:
- O controlador mediúnico é o Irmão Alencar, que também foi médico na Terra. Calimério é o dirigente legítimo, encarregado da supervisão dos trabalhos, em nosso círculo.
Como notasse minha estranheza, Alexandre reiterou:
- Alencar é orientador do aparelho mediúnico para as atividades de materialização propriamente ditas. Aproximemo-nos dele.
(...)
Entre os colaboradores figurava uma criatura muito querida ao meu orientador. Tratava-se de Verônica, que havia sido exímia enfermeira na Crosta (...).
- Irmão Alexandre - disse ela, depois de rápidos momentos de palestra carinhosa -, iniciemos o auxílio magnético. Precisamos incentivar os processos digestivos para que o aparelho mediúnico funcione sem obstáculos.
Não tive ensejo para interpelações verbais. Alexandre, porém, endereçou-me significativo olhar, convidando-me a incentivar observações.
Ele, Verônica e mais três assistentes diretos de Alencar colocaram as mãos, em forma de coroa, sobre a fronte da jovem, e vi que as suas energias reunidas formavam vigoroso fluxo magnético que foi projetado sobre o estômago e o fígado da médium, órgãos esses que acusaram, imediatamente, novo ritmo de vibrações. Concentraram-se as forças emitidas, gradualmente, sobre o plexo solar, espalhando-se por todo o sistema nervoso vegetativo e, com espanto, observei que se acelerava o processo químico da digestão. As glândulas do estômago começaram a segregar pepsina e ácido clorídrico, em maior quantidade, transformando rapidamente o bolo alimentar. Admirado, reconheci a elevada produção de enzimas digestivas e vi que o pâncreas trabalhava ativamente, lançando grandes porções de tripsina, na parte inicial dos intestinos, que figuravam grande hospedaria de bacilos acidificantes. Valendo-me da oportunidade, analisei o fígado, que parecia sofrer especial influenciação, notando-lhe a condição de órgão intermediário, não somente com funções definidas na produção da bile, mas também exercendo importante papel nos fenômenos nutritivos, relacionado com a vida dos glóbulos do sangue. As células hepáticas esforçavam-se, apressadas, armazenando recursos da nutrição ao longo das veias interlobulares, que se assemelhavam a pequeninos canais de luz.
Em poucos minutos, o estômago permanecia inteiramente livre.
- Agora - exclamou Verônica, serviçal preparemos o sistema nervoso para as saídas da força.
Reparei na diferenciação dos fluxos magnéticos, diante da nova operação posta em prática. Separaram-se os assistentes de algum modo e, enquanto Alexandre projetava a energia que lhe era peculiar sobre a região do cérebro. Verônica e os companheiros lançavam os recursos que lhes eram próprios sobre todo o sistema nervoso central, encarregando-se cada um de determinada zona dos nervos cervicais, dorsais, lombares e sacros.
As forças projetadas sobre a organização mediúnica efetuavam limpeza eficiente e enérgica, porqüanto via, espantados, os resíduos escuros que lhes eram arrancados dos centros vitais.
Sob o fluxo luminoso da destra de Alexandre, o cérebro da jovem alcançava brilho singular, como se fora espelho cristalino. Todas as glândulas mais importantes resplandeciam, à maneira de núcleos vigorosos, excitados por elementos sublimes. Debaixo da chuva de raios espirituais em que se encontrava, a médium deixava perceber o trabalho divino de que era objeto, na intimidade de todas as células orgânicas, que pareciam restaurar o equilíbrio elétrico.
Terminada a tarefa, Alexandre acercou-se de mim, observando, ante a minha indisfarçável curiosidade:
- O aparelho mediúnico foi submetido a operações magnéticas destinadas a socorrer-lhe o organismo nos processos de nutrição, circulação, metabolismo e ações protoplásmicas, a fim de que o seu equilíbrio fisiológico seja mantido acima de qualquer surpresa desagradável.
Os Mensageiros, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 9

Muitos grupos se mantinham em palestra in­teressante e educativa, observando eu que quase todos comentavam as derrotas sofridas na Terra.
       - Fiz quanto pude — exclamava uma ve­lhinha simpática para duas companheiras que a escutavam atentamente —; no entanto, os laços de família são muito fortes. Algo se fazia ouvir sem­pre, com voz muito alta, em meu espírito, com­pelindo-me ao desempenho da tarefa; mas... e o marido? Amâncio nunca se conformou. Se os enfermos me procuravam no receituário comum, agravava-se-lhe a neurastenia; se os companheiros de doutrina me convidavam aos estudos evangélicos, revoltava-se, ciumento. Que pensam vocês? Chegava a mobilizar minhas filhas contra mim. Como seria possível, em tais circunstâncias, atender a obri­gações mediúnicas?
       — Todavia — ponderou uma das senhoras que parecia mais segura de si —, sempre temos recur­sos e pretextos para fugir às culpas. Encaremos nossos problemas com realismo. Há de convir que, com o socorro da boa vontade, sempre lhe ficariam alguns minutos na semana e algumas pequenas oportunidades para fazer o bem. Talvez pudesse conquistar o entendimento do esposo e a colabora­ção afetuosa das filhas, se trabalhasse em silên­cio, mostrando sincera disposição para o sacrifício. Nossos atos, Mariana, são muito mais contagiosos que as nossas palavras.
— Sim — respondeu a interlocutora, emitindo voz diferente —, concordo com a observação. Em verdade, nunca pude sofrer a incompreensão dos meus, sem reclamar.
      — Para trabalharmos com eficiência — tornou a companheira, sensata —, é preciso saber calar, antes de tudo. Teríamos atendido perfeitamente aos nossos deveres, se tivéssemos usado todas as receitas de obediência e otimismo que fornecemos aos outros. Aconselhar é sempre útil, mas acon­selhar excessivamente pode traduzir esquecimentos de nossas obrigações. Assim digo, porque meu caso, a bem dizer, é muito semelhante ao seu. Fomos ao círculo carnal para construir com Jesus, mas caímos na tolice de acreditar que andávamos pela Terra para discutir nossos caprichos. Não execu­tei minha tarefa mediúnica, em virtude da irrita­ção que me dominou, dada a indiferença dos meus familiares pelos serviços espirituais. Nossos ins­trutores, aqui, muito me recomendaram, antes, que para bem ensinar é necessário exemplificar melhor. Entretanto, por minha desventura, tudo esqueci no trabalho temporário da Terra. Se meu marido fa­zia ponderações, eu criava refutações. Não supor­tava qualquer parecer contrário ao meu ponto de vista, em matéria de crença, incapaz de per­ceber a vaidade e a tolice dos meus gestos. Das irreflexões nasceu minha perda última, na qual agravei, de muito, as responsabilidades. Quase mensalmente, Joaquim e eu nos empenhávamos em discussões e não trocávamos apenas os insultos contundentes, mas também os fluidos venenoSos, segregados por nossa mente rebelde e enfermiça. Entre os conflitos e suas conseqüências, passei o tempo inutilizada para qualquer trabalho de ele­vação espiritual.
(...)
Ao nosso lado, outro grupo de senhoras con­versava animadamente:
— Afinal, Ernestina — indagava uma delas àmais jovem —, qual foi a causa do seu desastre?
— Apenas o medo, minha amiga — explicou-se a interpelada —, tive medo de tudo e de todos. Foi o meu grande mal.
— Mas, como tudo isto impressiona! Você foi muitíssimo preparada. (...)
       - Sim, minha querida Benita, suas reminis­cências fazem-me sentir, com mais clareza, a ex­tensão da minha bancarrota pessoal. Entretanto, não devo fugir à realidade. Fui a culpada de tudo. Preparei-me o bastante para resgatar antigos dé­bitos e efetuar edificações novas; contudo, não vigiei como se impunha. O chamamento ao serviço ressoou no tempo próprio, orientando-me o raciocí­nio a melhores esclarecimentos; nossos instrutores me proporcionavam os mais santos incentivos, mas desconfiei dos homens, dos desencarnados e até de mim mesma. Nos estudiosos do plano físico, en­xergava pessoas de má fé; nos irmãos invisíveis, presumia encontrar apenas galhofeiros fantasiados de orientadores, e, em mim mesma, receava as tendências nocivas. Muitos amigos tinham-me em conta de virtuosa, pelo rigorismo das minhas exi­gências; todavia, no fundo, eu não passava de en­ferma voluntária, carregada de aflições inúteis.
       — Foi uma grande infantilidade da sua par­te — retrucou a outra —, você olvidou que, na esfe­ra carnal, o maior interesse da alma é a realização de algo útil para o bem de todos, com vistas ao Infinito e à Eternidade. Nesse mister, é indispensável contar com o assédio de todos os elemen­tos contrários. Ironias da ignorância, ataques da insensatez, sugestões inferiores da nossa própria animalidade surgirão, com certeza, no caminho de todo trabalhador fiel. São circunstâncias lógicas e fatais do serviço, porque não vamos ao mundo fí­sico para descanso injustificável, mas para lutar pela nossa melhoria, a despeito de todo impedimen­to fortuito.

— Compreendo, agora — disse a outra —; to­davia, o receio das mistificações prejudicou minha bela oportunidade.

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