Casa Espírita Missionários da Luz – ESDE2 - 13/10/2015
Tema: Das Reuniões Mediúnicas - Precauções Necessárias do Médium
Objetivos:
Determinar as
precauções que o médium deve tomar para participar das atividades mediúnicas.
Bibliografia:
- O Livro dos Médiuns – Cap. XX,
item 226 – perg 11; item 227 e 1º parágrafo item 228; item 230 – 4º
parágrafo; Cap. XXXI, item XIII (msg de Pascal); item XV (msg Espírito de
Verdade)
- Diretrizes de Segurança (Raul
Teixeira e Divaldo P. Franco)– perg perg 31, 33, 53, 84, 86.
- Nos Domínios da Mediunidade,
André Luiz/Chico Xavier, cap.3
- Missionários da Luz, André
Luiz/Chico Xavier, cap.10
- Os Mensageiros, André Luiz/Chico
Xavier, cap.9
Sugestões de Atividades: apostilas da FEP (Precauções
Necessárias do Médium) ou FEB – Roteiro
27
Material: enviar texto teórico por email para estudos
prévios
Desenvolvimento:
- Prece inicial (sem leitura de página devido ao tempo para o estudo
do tema).
- Iniciar falando
do tema e dos textos básicos que foram enviados por email. A sugestão para
o estudo da noite, é, a partir de 3 casos relatados por André Luiz,
identificar as precauções necessárias aos médiuns, que valem também, para
os demais membros das reuniões mediúnicas.
- Separar a turma em 3 grupos, ficando cada
um com um texto de André Luiz:
- Apresentação dos grupos
- Nos Domínios da
Mediunidade, André Luiz/Chico Xavier, cap.3
- necessidade do
estudo para entender e melhor controlar a passividade, além do esforço de
melhora moral;
- vigilância
constante, até o fim da tarefa mediúnica, pois o assédio dos Espíritos
inferiores não cessa.
- Percebemos o
cuidado constante da equipe espiritual com os médiuns da equipe encarnada.
- Missionários da Luz, André
Luiz/Chico Xavier, cap.10
- necessidade de vigilância e de
cuidados com a alimentação, para não atrapalhar o trabalho da equipe
espiritual. Lembrando a resposta de Raul Teixeira, no caso da alimentação, é
foco é a digestão.
- Os Mensageiros, André Luiz/Chico
Xavier, cap.9
- vícios e condutas que inutilizam a tarefa mediúnica:
medo, arrogância, irritação, falta de paciência com os familiares, desconfiança
(medo da mistificação).
- Reforçar a questão do sono, citado por Raul
Teixeira:
- cansaço físico;
- indiferença (estar
apenas fisicamente no ambiente com a mente em outro lugar);
- hipnose por Espíritos
inferiores.
6. Concluir
de acordo com os textos enviados por email:
- vigilância constante, pois em matéria de
condição mental, não há o improviso;
- a questão moral é o fator primordial;
- orgulho, vaidade, e outros vícios: perda, do
ponto de vista de utilidade, da mediunidade de muitos médiuns;
- perigo para médiuns que recebem em casa, pois
ficam mais acessíveis aos Espíritos impostores (não tem companheiros para ajudar
na análise das comunciações);
- quem não se sentir apto à tarefa (e seus
cuidados), que se abstenha!
- missão na mediunidade x compromisso (msg do
Espírito de Verdade)
7. Prece final
8. Anexos
Diretrizes de Segurança, Raul Teixeira,
perg. 33
O
espírita que freqüenta o labor mediúnico, além de espírita, é peça importante
no mecanismo de ação dos espíritos na direção da Terra. Ele deve fazer uma preparação, não
somente nos dias da reunião, mas sempre, porque tal preparação seria
insuficiente e ineficaz, já que ninguém muda de hábitos, apenas por alterar sua
atitude momentânea.
Nos
trabalhos mediúnicos, são exigíveis hábitos mentais de comportamento moral
enobrecido, e estes não podem ser improvisados. Então, os
membros de uma sessão mediúnica são pessoas que devem estar normalmente
vigilantes todos os dias e, em especial, nos reservados ao labor, para
que se poupem às incursões dos espíritos levianos e adversários do Bem, que,
nesse dia, tentarão prejudicar a colaboração e perturbar-lhes o estado interior,
levando distúrbios ao trabalho geral, que é o que eles objetivam destruir. Então, nesse dia, a vigilância
deve ser maior: orar, ler uma página salutar, meditar nela, reflexionar, evitar
atitudes da chamada reação e cultivar as da ação, pensar antes de agir,
espairecer e se, eventualmente, for colhido pela tempestade da ira, pela
tentação do revide, que às vezes nos chega, manter a atitude recomendada pelo
Evangelho de Jesus.
Livro dos Médiuns, Cap. XX, item 226
11ª Quais as condições necessárias para que
a palavra dos Espíritos superiores nos chegue isenta de qualquer alteração?
“Querer o bem; repulsar o egoísmo e
o orgulho. Ambas essas coisas são necessárias.”
Livro dos Médiuns, Cap. XX, item 227
Se o médium, do ponto de
vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência
muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito
desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se
pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se,
afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de
repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles. Ora, os bons têm
afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades
morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que
por ele se comunicam. Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm grupar os
Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos evocados.
As qualidades que, de
preferência, atraem os bons Espíritos são: a bondade, a benevolência, a
simplicidade do coração, o amor do próximo, o desprendimento das coisas
materiais. Os defeitos
que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez,
a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria.
Livro dos Médiuns, Cap. XX, item 228
Todas as imperfeições morais são outras
tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A que, porém, eles exploram
com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si
mesma. O orgulho tem perdido
muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa
imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao
passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se
haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por
amaríssimas decepções.
Livro dos Médiuns, Cap. XX, item 230
“Os médiuns levianos e pouco sérios
atraem, pois, Espíritos da mesma natureza; por isso é que suas
comunicações se mostram cheias de banalidades, frivolidades, idéias truncadas
e, não raro, muito heterodoxas, espiriticamente falando. Certamente, podem eles
dizer, e às vezes dizem, coisas aproveitáveis; mas, nesse caso, principalmente,
é que um exame severo e escrupuloso se faz necessário, porquanto, de envolta
com essas coisas aproveitáveis, Espíritos hipócritas insinuam, com habilidade e
preconcebida perfídia, fatos de pura invencionice, asserções mentirosas, a fim
de iludir a boa-fé dos que lhes
dispensam atenção. Devem riscar-se, então, sem piedade, toda palavra, toda
frase equívoca e só conservar do ditado o que a lógica possa aceitar, ou o que
a Doutrina já ensinou. As
comunicações desta natureza só são de temer para os espíritas que trabalham isolados,
para os grupos novos, ou pouco esclarecidos, visto que, nas reuniões onde os
adeptos estão adiantados e já adquiriram experiência, a gralha perde o seu
tempo a se adornar com as penas do pavão: acaba sempre desmascarada.
Livro dos
Médiuns, Cap. XXXI - item XIII (mensagem de Pascal)
Quando quiserdes receber
comunicações de bons Espíritos, importa vos prepareis para esse favor pelo recolhimento, por intenções
puras e pelo desejo de fazer o bem, tendo em vista o progresso geral.
Porque, lembrai-vos de que o egoísmo é causa de retardamento a todo progresso. Lembrai-vos
de que se Deus permite que alguns dentre vós recebam o sopro daqueles de seus
filhos que, pela sua conduta, souberam fazer-se merecedores de lhe compreender a
infinita bondade, é que ele quer, por solicitação nossa e atendendo às vossas
boas intenções, dar-vos os meios de avançardes no caminho que a ele conduz.
Assim, pois, médiuns!
aproveitai dessa faculdade que Deus houve por bem conceder-vos. Tende fé na
mansuetude do nosso Mestre; ponde
sempre em prática a caridade; não vos canseis jamais de exercitar essa
virtude sublime, assim
como a tolerância. Estejam
sempre as vossas ações de harmonia com a vossa consciência e tereis nisso
um meio certo de centuplicardes a vossa felicidade nessa vida passageira e de
preparardes para vós mesmos uma existência mil vezes ainda mais suave.
Que, dentre vós, o médium que não se sinta com forças
para perseverar no ensino espírita, se abstenha; porquanto, não fazendo
proveitosa a luz que o ilumina, será menos escusável do que outro qualquer e
terá que expiar a sua cegueira.
Livro dos
Médiuns, Cap. XXXI - item XV (mensagem do Espírito de Verdade)
Todos os médiuns são, incontestavelmente, chamados a
servir à causa do Espiritismo, na medida de suas faculdades, mas bem poucos há que não
se deixem prender nas armadilhas do amor-próprio. É uma pedra de toque, que raramente
deixa de produzir efeito. Assim é que, sobre cem médiuns, um, se tanto, encontrareis
que, por muito ínfimo que seja, não se tenha julgado, nos primeiros tempos da sua
mediunidade, fadado a obter coisas superiores e predestinado a grandes missões.
Os que sucumbem a essa vaidosa
esperança, e grande é o número deles, se tornam inevitavelmente presas de
Espíritos obsessores, que não tardam a subjugá-los, lisonjeando-lhes o
orgulho e apanhando-os pelo seu fraco. Quanto mais pretenderem eles elevar-se,
tanto mais ridícula lhes será a queda, quando não desastrosa.
As grandes missões só aos
homens de escol são confiadas e Deus mesmo os coloca, sem que eles o procurem, no
meio e na posição em que possam prestar concurso eficaz. Nunca será demais eu
recomende aos médiuns inexperientes que desconfiem do que lhes podem
certos Espíritos dizer, com relação ao
suposto papel que eles são chamados a desempenhar, porquanto, se o tomarem a
sério, só desapontamentos colherão nesse mundo, e, no outro, severo castigo.
Persuadam-se bem de que, na esfera modesta e obscura onde
se acham colocados, podem prestar grandes serviços, auxiliando a conversão
dos incrédulos, prodigalizando consolação aos aflitos. Se daí deverem sair,
serão conduzidos por mão invisível, que lhes preparará os caminhos, e serão
postos em evidência, por assim dizer, a seu mau grado.
Lembrem-se sempre destas
palavras: “Aquele que se exalçar será humilhado e o que se humilhar será
exalçado.”
Diretrizes de Segurança, Raul Teixeira,
Perg. 53
Quais as causas do sono de que
muitos companheiros se queixam quando participam de uma reunião ediúnica? Como
evitá-lo?
Raul - As causas podem ser várias.
Desde o cansaço físico, quando o indivíduo que vem de atividades muito intensas
e que, ao sentar-se, ao relaxar-se, naturalmente é tomado pelo torpor da
sonolência. Também, pode ser causado pela indiferença, pelo desligamento,
quando alguém está num lugar, fisicamente, entretanto, pensando em outro,
desejando não estar onde se acha. Compelido por uma circunstância qualquer, a
pessoa se desloca mentalmente.
O sono pode, ainda, ser provocado por
entidades espirituais que nos espreitam e que não têm nenhum interesse em nosso
aprendizado para o nosso equilíbrio e crescimento.
Muitas vezes, os companheiros
questionam. ‘Mas nós estamos no Centro Espírita, estamos num campo protegido e
como o sono nos perturba?” Temos que entender que tais entidades hipnotizadoras
podem não penetrar o circuito de forças vibratórias da Instituição ficam do
lado de fora. Mas, a pessoa que entrou no Centro, na reunião não sintonizou-se
com o ambiente, continua
Vinculada aos que se conservam fora, e
através dessa porta, desse plug aberto, ou dessa tomada, as entidades que
ficaram lá de fora lançam seus tentáculos mentais, formando uma ponte. Então,
estabelecida a ligação atuam na intimidade dos centros neuroniais desses
incautos, que dormem, que se dizem desdobrar: “Eu não estava dormindo... apenas
desdobrei, eu ouvi tudo... “Eles viram e ouviram tudo o que não fazia parte da
reunião. Foram fazer a viagem com as entidades que os narcotizaram.
Deparamos aí com distúrbios graves, Porque
quando termina a reunião o indivíduo está fagueiro, ótimo e sem sono e vai
assistir à televisão até altas horas, depois de se haver submetido aos fluidos
enfermiços. Por isso recomendamos àqueles que estão cansados fisicamente, que
façam um ligeiro
repouso antes da reunião ainda que seja
por poucos minutos, para que o organismo possa beneficiar-se do encontro, para
que fiquem mais atentos durante o trabalho doutrinário, levantar-se, borrifar o
rosto com água fria, colocar-se em uma posição discreta, sempre que possível ao
fundo do salão, em pé, sem encostar-se, a fim de lutar contra o sono.
Apelar para a prece, porque sempre que
estamos ‘desejosos de participar do trabalho do bem, contamos com a eficiente
colaboração dos Espíritos Bondosos. Faze a tua parte que o céu te ajudará.
Temos, então, o sono como esse terrível
adversário de nossa participação, de nosso aprendizado, de nosso crescimento
espiritual. Não permitamos que ele se apodere de nós. Lutemos o quanto conseguirmos,
e deveremos conseguir sempre, para combatê-lo, para termos bons frutos no bom
aprendizado.
Diretrizes de Segurança, Raul Teixeira,
Perg. 86
A alimentação
vegetariana será a mais aconselhável para os médiuns em geral?
Raul - A questão da dieta alimentar é
fundamentalmente de foro íntimo ou acatará a alguma necessidade de saúde,
devidamente prescrita. Afora isto, para o médium verdadeiro não há a chamada
alimentação ideal, embora recomende o bom senso que se utilize de uma
alimentação que lhe não sobrecarregue o organismo, principalmente nos dias da
reunião mediúnica, a fim de que não seja perturbado por qualquer processo de
conturbada digestão que, com certeza, lhe traria diversos inconvenientes.
A alimentação não define, por si só, o
potencial mediúnico dos médiuns que deverão dar muito maior validade à sua vida
moral do que à comida obviamente.
Algumas pessoas recomendam que não se
comam carnes, nos dias de tarefa mediúnica, enquanto outras recomendam que não
se deve tomar café ou chocolate, alegando problemas das toxinas, da cafeína,
etc., esquecendo-se que deveremos manter uma alimentação mais frugal, a partir
do período em que já não tenha tempo o organismo para uma digestão eficiente.
É mais compreensível e me parece mais
lógico, que a pessoa coma no almoço o seu bife, se foro caso, ou tome seu
cafezinho pela manhã, do que passar todo o dia atormentada pela Vontade desses
alimentos, sem conseguir retirar da cabeça o seu USO, deixando de concentrar-se
na tarefa, em razão da ansiedade para chegar em casa, após a reunião e comer ou
beber aquilo de que tem vontade.
Por outro lado, a resposta dos
espíritos à questão 723 de O Livro dos Espíritos é bastante nítida a esse
respeito, deixando o espírita bem à vontade para a necessária compreensão, até
porque a alimentação vegetariana não indica nada sobre o caráter do
vegetariano. Lembremo-nos que o “médium” Hitler era vegetariano e que o médium
Francisco Cândido Xavier se alimenta com carne.
Nos Domínios da Mediunidade – André Luiz/Chico
Xavier, Cap. 3
— Este é o nosso colaborador Antônio Castro,
moço bem-intencionado e senhor de valiosas possibilidades em nossas atividades
de permuta. Sonâmbulo, no entanto, é de uma passividade que nos requer grande
vigilância. Desdobra-se com facilidade, levando a efeito preciosas tarefas de
cooperação conosco, mas ainda necessita de maiores estudos e mais amplas
experiências para expressar-se com segurança, acerca das próprias observações.
Por vezes, comporta-se, fora da matéria densa, à maneira de uma criança,
comprometendo-nos a açao. Quando empresta o veículo a entidades dementes ou
sofredoras, reclama-nos cautela, porqüanto quase sempre deixa o corpo à mercê
dos comunicantes, quando lhe compete o dever de ajudar-nos na contenção deles,
a fim de que o nosso tentame de fraternidade não lhe traga prejuízo à organização
física. Será, porém, valioso auxiliar em nossos estudos.
(...)
— Apresento-lhes agora nossa irmã Cellna, devotada companheira de nosso
ministério espiritual. já atravessou meio século de existência física,
conquistando significativas vitórias em suas batalhas morais. (...) Ela não é
simples instrumento de fenômenos psíquicos. É abnegada servidora na construção
de valores do espírito. A clarividência e a clariaudiência, a incorporação
sonambúlica e o desdobramento da personalidade são estados em que ingressa, na
mesma espontaneidade com que respira, guardando noção de suas responsabilidades
e representando, por isso, valiosa colaboradora de nossas realizações.
Diligente e humilde, encontrou na plantação do amor fraterno a sua maior
alegria e, repartindo o tempo entre as obrigações e os estudos edificantes,
transformou-se num acumulador espiritual de energias benéficas, assimilando
elevadas correntes mentais, com o que se faz menos acessível às forças da
sombra.
(...)
— Não podemos realizar qualquer estudo
de faculdades medianímicas, sem o estudo da personalidade. Considero, assim,
de extrema importância a apreciação dos centros cerebrais, que representam
bases de operação do pensamento e da vontade, que influem de modo
compreensível em todos os fenômenos mediúnicos, desde a intuição pura à
materialização objetiva. Esses recursos, que merecem a defesa e o auxílio das
entidades sábias e benevolentes, em suas tarefas de amor e sacrifício junto
dos homens, quando os medianeiros se sustentam no ideal superior da bondade e
do serviço ao próximo, em muitas ocasiões podem ser ocupados por entidades
inferiores ou animalizadas, em lastimáveis processos de obsessão.
— Mas — interpôs Hilário, judicioso —, diante de
um campo cerebral tão iluminado quanto o de nossa irmã Celina, será lícitõ
aceitar a possibilidade de invasão dele por parte de Inteligências menos
evolvidas? Será cabível semelhante retrocesso?
(...)
— Numa viagem de cem léguas podem ocorrer
muitas surpresas no derradeiro quilômetro do caminho.
Logo após, colocando a destra paternal sobre a fronte da médium,
prosseguiu:
— Nossa irmã vem atravessando os seus
testemunhos de boa-vontade, fé viva, caridade e paciência. Tanto quanto nós,
ainda não possui plena quitação com o passado. Somos vasta legião de
combatentes em vias de vencer os inimigos que nos povoam a fortaleza íntima ou
o mundo de nós mesmos, inimigos simbolizados em nossos velhos hábitos de
convívio com a natureza inferior, a nos colocarem em sintonia com os habitantes
das sombras, evidentemente perigosos ao nosso equilíbrio. Se nossa amiga
Celina, quanto qualquer de nós, abandonar a disciplina a que somos
constrangidos para manter a boa forma na recepção da luz, rendendo-se às
sugestões da vaidade ou do desânimo, que costumamos fantasiar como sendo
direitos adquiridos ou injustificável desencanto, decerto sofrerá o assédio de
elementos destrutivos que lhe perturbarão a nobre experiência atual de subida.
Muitos médiuns se arrojam a prejuízos dessa ordem. Depois de ensaios
promissores e começo brilhante, acreditam-se donos de recursos espirituais que
lhes não pertencem ou temem as aflições prolongadas da marcha e recolhem-se à
inutilidade, descendo de nível moral ou conchegando-se a improdutivo repouso,
porqüanto retomam inevitavelmente a cultura dos impulsos primitivos que o
trabalho incessante no bem os induziria a olvidar.
Missionários
da Luz, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 10 – Materialização
Na
noite aprazada, Alexandre, que me proporcionava à satisfação de seguir-me de
perto, conduziu-me à casa residencial, onde teria lugar uma assembléia
diferente.
A
reunião seria iniciada as vinte e uma horas, mas, com antecedência de cinqüenta
minutos, estávamos ambos, ali, na sala íntima, acolhedora e confortável, aonde
grande número de servidores do nosso plano iam e vinham.
(...)
Não
se passaram muitos minutos e a jovem médium, afável e simpática, deu entrada no
recinto, acompanhada por diversas entidades, dentre as quais se destacava um
amigo de elevada condição, que parecia chefiar o grupo de servidores. Esse
exercia considerável controle sobre a moça, que a ele se ligava através de
tênues fios de natureza magnética.
Sentindo-me
a insopitável curiosidade, o orientador esclareceu:
-
O controlador mediúnico é o Irmão Alencar, que também foi médico na Terra.
Calimério é o dirigente legítimo, encarregado da supervisão dos trabalhos, em
nosso círculo.
Como
notasse minha estranheza, Alexandre reiterou:
-
Alencar é orientador do aparelho mediúnico para as atividades de materialização
propriamente ditas. Aproximemo-nos dele.
(...)
Entre
os colaboradores figurava uma criatura muito querida ao meu orientador.
Tratava-se de Verônica, que havia sido exímia enfermeira na Crosta (...).
-
Irmão Alexandre - disse ela, depois de rápidos momentos de palestra carinhosa
-, iniciemos o auxílio magnético. Precisamos incentivar os processos digestivos
para que o aparelho mediúnico funcione sem obstáculos.
Não
tive ensejo para interpelações verbais. Alexandre, porém, endereçou-me
significativo olhar, convidando-me a incentivar observações.
Ele,
Verônica e mais três assistentes diretos de Alencar colocaram as mãos, em forma
de coroa, sobre a fronte da jovem, e vi que as suas energias reunidas formavam
vigoroso fluxo magnético que foi projetado sobre o estômago e o fígado da
médium, órgãos esses que acusaram, imediatamente, novo ritmo de vibrações.
Concentraram-se as forças emitidas, gradualmente, sobre o plexo solar,
espalhando-se por todo o sistema nervoso vegetativo e, com espanto, observei
que se acelerava o processo químico da digestão. As glândulas do estômago
começaram a segregar pepsina e ácido clorídrico, em maior quantidade,
transformando rapidamente o bolo alimentar. Admirado, reconheci a elevada
produção de enzimas digestivas e vi que o pâncreas trabalhava ativamente,
lançando grandes porções de tripsina, na parte inicial dos intestinos, que
figuravam grande hospedaria de bacilos acidificantes. Valendo-me da oportunidade,
analisei o fígado, que parecia sofrer especial influenciação, notando-lhe a
condição de órgão intermediário, não somente com funções definidas na produção
da bile, mas também exercendo importante papel nos fenômenos nutritivos,
relacionado com a vida dos glóbulos do sangue. As células hepáticas
esforçavam-se, apressadas, armazenando recursos da nutrição ao longo das veias
interlobulares, que se assemelhavam a pequeninos canais de luz.
Em
poucos minutos, o estômago permanecia inteiramente livre.
-
Agora - exclamou Verônica, serviçal preparemos o sistema nervoso para as saídas
da força.
Reparei
na diferenciação dos fluxos magnéticos, diante da nova operação posta em prática. Separaram-se
os assistentes de algum modo e, enquanto Alexandre projetava a energia que lhe
era peculiar sobre a região do cérebro. Verônica e os companheiros lançavam os
recursos que lhes eram próprios sobre todo o sistema nervoso central,
encarregando-se cada um de determinada zona dos nervos cervicais, dorsais,
lombares e sacros.
As
forças projetadas sobre a organização mediúnica efetuavam limpeza eficiente e
enérgica, porqüanto via, espantados, os resíduos escuros que lhes eram
arrancados dos centros vitais.
Sob
o fluxo luminoso da destra de Alexandre, o cérebro da jovem alcançava brilho
singular, como se fora espelho cristalino. Todas as glândulas mais importantes
resplandeciam, à maneira de núcleos vigorosos, excitados por elementos
sublimes. Debaixo da chuva de raios espirituais em que se encontrava, a médium
deixava perceber o trabalho divino de que era objeto, na intimidade de todas as
células orgânicas, que pareciam restaurar o equilíbrio elétrico.
Terminada
a tarefa, Alexandre acercou-se de mim, observando, ante a minha indisfarçável
curiosidade:
-
O aparelho mediúnico foi submetido a operações magnéticas destinadas a
socorrer-lhe o organismo nos processos de nutrição, circulação, metabolismo e
ações protoplásmicas, a fim de que o seu equilíbrio fisiológico seja mantido
acima de qualquer surpresa desagradável.
Os
Mensageiros, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 9
Muitos grupos se
mantinham em palestra interessante e educativa, observando eu que quase todos
comentavam as derrotas sofridas na Terra.
- Fiz quanto pude — exclamava uma velhinha
simpática para duas companheiras que a escutavam atentamente —; no entanto, os
laços de família são muito fortes. Algo se fazia ouvir sempre, com voz muito
alta, em meu espírito, compelindo-me ao desempenho da tarefa; mas... e o
marido? Amâncio nunca se conformou. Se os enfermos me procuravam no receituário
comum, agravava-se-lhe a neurastenia; se os companheiros de doutrina me
convidavam aos estudos evangélicos, revoltava-se, ciumento. Que pensam vocês?
Chegava a mobilizar minhas filhas contra mim. Como seria possível, em tais
circunstâncias, atender a obrigações mediúnicas?
— Todavia — ponderou uma das senhoras que parecia
mais segura de si —, sempre temos recursos e pretextos para fugir às culpas.
Encaremos nossos problemas com realismo. Há de convir que, com o socorro da boa
vontade, sempre lhe ficariam alguns minutos na semana e algumas pequenas
oportunidades para fazer o bem. Talvez pudesse conquistar o entendimento do
esposo e a colaboração afetuosa das filhas, se trabalhasse em silêncio,
mostrando sincera disposição para o sacrifício. Nossos atos, Mariana, são muito
mais contagiosos que as nossas palavras.
— Sim — respondeu a interlocutora,
emitindo voz diferente —, concordo com a observação. Em verdade, nunca pude
sofrer a incompreensão dos meus, sem reclamar.
—
Para trabalharmos com eficiência — tornou a companheira, sensata —, é preciso
saber calar, antes de tudo. Teríamos atendido perfeitamente aos nossos deveres,
se tivéssemos usado todas as receitas de obediência e otimismo que fornecemos
aos outros. Aconselhar é sempre útil, mas aconselhar excessivamente pode
traduzir esquecimentos de nossas obrigações. Assim digo, porque meu caso, a bem
dizer, é muito semelhante ao seu. Fomos ao círculo carnal para construir com
Jesus, mas caímos na tolice de acreditar que andávamos pela Terra para discutir
nossos caprichos. Não executei minha tarefa mediúnica, em virtude da irritação
que me dominou, dada a indiferença dos meus familiares pelos serviços
espirituais. Nossos instrutores, aqui, muito me recomendaram, antes, que para
bem ensinar é necessário exemplificar melhor. Entretanto, por minha desventura,
tudo esqueci no trabalho temporário da Terra. Se meu marido fazia ponderações,
eu criava refutações. Não suportava qualquer parecer contrário ao meu ponto de
vista, em matéria de crença, incapaz de perceber a vaidade e a tolice dos meus
gestos. Das irreflexões nasceu minha perda última, na qual agravei, de muito,
as responsabilidades. Quase mensalmente, Joaquim e eu nos empenhávamos em
discussões e não trocávamos apenas os insultos contundentes, mas também os
fluidos venenoSos, segregados por nossa mente rebelde e enfermiça. Entre os
conflitos e suas conseqüências, passei o tempo inutilizada para qualquer
trabalho de elevação espiritual.
(...)
Ao nosso lado, outro grupo de senhoras conversava animadamente:
— Afinal, Ernestina — indagava uma
delas àmais jovem —, qual foi a causa do seu desastre?
— Apenas o medo, minha amiga —
explicou-se a interpelada —, tive medo de tudo e de todos. Foi o meu grande
mal.
— Mas, como tudo isto impressiona!
Você foi muitíssimo preparada. (...)
- Sim, minha querida Benita, suas reminiscências
fazem-me sentir, com mais clareza, a extensão da minha bancarrota pessoal.
Entretanto, não devo fugir à realidade. Fui a culpada de tudo. Preparei-me o
bastante para resgatar antigos débitos e efetuar edificações novas; contudo,
não vigiei como se impunha. O chamamento ao serviço ressoou no tempo próprio,
orientando-me o raciocínio a melhores esclarecimentos; nossos instrutores me
proporcionavam os mais santos incentivos, mas desconfiei dos homens, dos
desencarnados e até de mim mesma. Nos estudiosos do plano físico, enxergava
pessoas de má fé; nos irmãos invisíveis, presumia encontrar apenas galhofeiros
fantasiados de orientadores, e, em mim mesma, receava as tendências nocivas.
Muitos amigos tinham-me em conta de virtuosa, pelo rigorismo das minhas exigências;
todavia, no fundo, eu não passava de enferma voluntária, carregada de aflições
inúteis.
— Foi uma grande infantilidade da sua parte —
retrucou a outra —, você olvidou que, na esfera carnal, o maior interesse da
alma é a realização de algo útil para o bem de todos, com vistas ao Infinito e
à Eternidade. Nesse mister, é indispensável contar com o assédio de todos os
elementos contrários. Ironias da ignorância, ataques da insensatez, sugestões
inferiores da nossa própria animalidade surgirão, com certeza, no caminho de
todo trabalhador fiel. São circunstâncias lógicas e fatais do serviço, porque
não vamos ao mundo físico para descanso injustificável, mas para lutar pela
nossa melhoria, a despeito de todo impedimento fortuito.
— Compreendo, agora — disse a outra —; todavia,
o receio das mistificações prejudicou minha bela oportunidade.
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