Casa Espírita Missionários da Luz - ESDE - 11/07/2017
Estudo do livro: Os Mensageiros – André Luiz
Tema: Os Mensageiros – Cap 21 – Dementados
Monitora: Lilia
Objetivos:
- Refletir sobre as consequências da visão materialista da vida;
- Estudar a loucura e suas causas espirituais;
- Perceber os prejuízos causados pela culpa tormentosa.
Bibliografia:
- Os Mensageiros, André Luiz, Cap 21;
- Mateus, 6:19-21;
- Grilhões Partidos, Manoel P. Miranda/Divaldo Franco, Caps. 2, 10, 11;
- No Mundo Maior, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 12
‘Estranha Enfermidade’;
- Triunfo Pessoal,
Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. 6 ‘Transtornos Profundos’;
-
Momentos de Meditação, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. 13 ‘Questão de
consciência’ ;
-
Momentos de Consciência, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. ‘Culpa e
Consciência’
Material: apresentação PowerPoint; cópias dos textos dos
casos de estudo dos grupos.
Desenvolvimento:
- Leitura da página de Joanna: ‘CULPA E CONSCIÊNCIA’
- Apresentação de slides com os trechos a serem debatidos:
Slide 1 - Manicômio
“Mais alguns
passos e notei que centenas de entidades se reuniam em vastos albergues, olhos
vagueantes e rostos sombrios, parecendo uma assembleia de loucos em manicômio
de amplas proporções.”
“localizavam,
ali, grande número de Espíritos enfermos, mais desequilibrados que propriamente
perversos.”
Slide 2 - Alguns casos
Caso 1- Malaquias –
época da escravidão – preocupação com as terras e escravos
- “nunca pensou
senão em tirania no campo”
Caso 2 - Aristarco – época do Império – preocupação com a herança
dos avós
- “deseja lesar
os primos”
Caso 3 – Senhora
preocupada com as filhas
- ‘pretendia
envenenar o marido, às ocultas’
Slide 4 – Desequilíbrios
mentais – Plano Espiritual
“– No
circulo carnal, seriam todos absolutamente normais; no entanto, aqui, são
verdadeiros loucos. São desencarnados que, por muito tempo, se agarraram aos
problemas inferiores.”
“Acordaram
de longo sono, na inconsciência, e julgam-se ainda encarnados, supondo
igualmente que podem dissimular as pretensões criminosas.”
èAlfredo explica que são
Espíritos totalmente fora da realidade em que se encontram, por haverem se
fixado em questões inferiores quando encarnados.
Estavam fixados nessas
questões mentais quando a morte os colheu.
São desequilibrados
mentais no plano espiritual.
Nossa proposta de estudo
hoje, é a questão dos transtornos mentais durante a encarnação, para fazermos
um paralelo entre esses dois tipos de desequilíbrios mentais.
Slide 5 – Transtornos
mentais – na encarnação
“Idiotia, oligofrenia, mongolismo, epilepsia, psicoses várias,
esquizofrenia, demência são terapêuticas de que se utiliza a Justiça Divina
para alcançar os Espíritos doentes, que tentam fugir à Verdade, mancomunados com o crime e a ilusão.” (Grilhões Partidos, Cap. 11 ‘Epilepsia’)
Oligofrenia
substantivo feminino
[Medicina] Deficiência,
retardamento mental; escassez de inteligência.
ð Vemos nesse trecho, que na encarnação, os
transtornos mentais são terapêutica para Espíritos culpados.
ð Vamos estudar 2 casos: um de André Luiz, e outro
do Manoel P. de Miranda. Para isso, vamos dividir em 2 grupos. Analisar as
causas da loucura, comparando-a com as citadas pelo Alfredo.
- Trabalho em grupos
Grupo
1 - Esquizofrenia
irreversível (Grilhões Partidos, Cap. 10 – Caso Eudóxia)
Grupo
2 - Esquizofrenia
na velhice (Caso Fabrício - No Mundo Maior, Cap. 12
‘Estranha Enfermidade’)
- Apresentação dos grupos
Resumo caso 1 (slide 6)
- esquizofrênica irreversível, demorando-se na fase
da hebefrenia de largo porte;
- Cometeu 2
assassinatos na última encarnação (marido e a serviçal da casa), que não foram
identificados pela sociedade da época (envenenamento lento);
- remorsos
no final da vida èmonoideísmo;
- após a
desencarnação, foi perseguida pela serva por muito tempo;
- lesou os centros da consciência no
perispírito que geraram condições físicas no cérebro, provocando a doença
atual;
- Os
núcleos desarticulados no perispírito produziram as condições físicas do
encéfalo, que se desconectaram quando completou trinta anos, idade em que se
deixara assediar pela fúria do desequilíbrio, embora as distonias graves que a
perturbavam desde a adolescência.
- a doença se instalou aos 30 anos que
foi a idade que ela cometeu os delitos na vida anterior;
- incurável, somente após a
desencarnação, poderá recomeçar de onde parou, em nova encarnação.
èonde a origem desse transtorno mental em
estudo? No Espírito, de encarnação
anterior. A medicina identifica nesse caso, com acerto, problema físico no
cérebro, incurável.
Hebefrenia
- Forma de esquizofrenia que se manifesta na adolescência e que se caracteriza
por depressão, imaginação absurda e
ilusória com deterioração gradual e progressiva das faculdades mentais. (https://www.infopedia.pt/dicionarios/termos-medicos/hebefrenia)
Resumo
Caso 2 (slide 7)
- recebeu
o pai agonizante a tarefa de encaminhar os 3 irmãos menores, administrando a
fortuna que receberia como herança. Com ajuda de advogado sem valor moral,
ficou com toda a herança e deixou os irmãos na penúria;
-
‘Tudo isto nosso desditoso amigo conseguiu fazer,
escapando à justiça terrena; entretanto, não pôde eliminar dos escaninhos da
consciência os resquícios do mal praticado;’
- na
idade madura começou o remorso. Buscou os irmãos mas soube que já haviam
desencarnado;
- ‘O doente ouvia as
vozes internas, ansioso, amargurado. Desejava desfazer-se do pretérito, pagaria
pelo esquecimento qualquer preço, ansiava de fugir a si próprio, mas em vão:
sempre as mesmas recordações atrozes vergastando-lhe a consciência.’
-
‘Sentindo-se incriminado no tribunal da própria
consciência, começou a ver perseguidores em toda a parte. Adquiriu, assim,
fobias lamentáveis. Para ele, todos os pratos estão envenenados. Desconfia de
quase todos os familiares e não tolera as antigas relações.’
-
‘no caso dele, funcionariam em vão as terapêuticas
em uso. O espírito delinqüente pode receber os mais variados gêneros de
colaboração, mas será imperiosamente o médico de si mesmo.’
ènão tem
possibilidades de cura; não tem processo obsessivo.
- Conclusão
Qual a diferença que
podemos perceber entre os desequilíbrios mentais no Campos da Paz, desses casos
de transtornos em encarnados estudados?
èApós a desencarnação,
aqueles Espíritos ainda não haviam despertado para a sua condição atual; a
culpa ainda não havia se tornado consciente.
èNo caso dos encarnados,
a culpa tormentosa, o remorso já havia se instalado, porém sem o real
despertamento para a necessidade da reparação, e para o autoperdão, conforme
Joanna orienta na página inicial.
Slide 8
“Desse modo, quem se
detém nas sombrias paisagens da culpa ainda não descobriu a consciência da
própria responsabilidade perante a vida, negando-se a bênção da libertação.”
(Momentos de
Consciência, Joanna de Ângelis – ‘Culpa e Consciência’)
slide 9 - Terapêutica
èindependente do caso, o
carinho, o respeito, o amor, sempre!
‘Todas
as terapias acadêmicas procedem valiosas e oportunas, considerando-se a
imensa variedade de fatores preponderantes e predisponentes, para o atendimento
da esquizofrenia, não sendo também de desconsiderar-se a fluidoterapia,
o esclarecimento do agente perturbador e o consequente labor de
sociabilização do paciente através de grupos de apoio, de atividades
espirituais em núcleos próprios onde encontrará compreensão, fraternidade e
respeito humano, que o impulsionarão ao encontro com o Si profundo, em clima de
paz.’ (Triunfo Pessoal, Cap. 6, item ‘Esquizofrenia’)
èJoanna fala
especificamente da esquizofrenia, embora atenda também aos demais transtornos
mentais dos encarnados.
Slide 10 – Mateus,
6:19-21 – Tesouros Permanentes
“Não ajunteis para vós tesouros na terra;
onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas
ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem,
e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí
estará também o teu coração.”
6. Prece final
7. Anexos
No Mundo Maior, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 12 ‘Estranha Enfermidade’
Acompanhando o abnegado irmão dos sofredores, penetrei confortável
residência, onde Calderaro me conduziu, incontinente, à presença de um nobre
cavalheiro em repouso.
Achamo-nos
em elegante aposento, decorado em ouro-velho. Magnífico tapete completava a
graça ambiente, exibindo caprichosos arabescos em harmonia com os desenhos do
teto.
Estirado num
divã, o enfermo que visitávamos engolfava-se em profunda meditação. Ao lado,
humilde entidade de nossa esfera como que nos aguardava.
Aproximou-se
e cumprimentou-nos, gentil.
Às fraternas
interpelações do Assistente, respondeu solícita:
– Fabrício
vai melhorando; no entanto, continuam os fenômenos de angústia. Tem estado
inquieto, aflito...
O orientador
lançou expressivo olhar ao doente e insistiu:
– Mantém
ainda o autodomínio? Não se abandonou totalmente às impressões destrutivas?
A
interlocutora, revelando contentamento, informou:
– A Divina
Misericórdia não tem faltado. O desequilíbrio integral, por enquanto, não
erigiu seu império. Em nome de Jesus, nossa colaboração tem prevalecido. (...)
Ensimesmado,
Fabrício não se dava conta do que ocorria no plano externo. Braços imóveis,
olhos parados, mantinha-se distante das sugestões ambientes; no íntimo,
todavia, a zona mental semelhava-se a fornalha ardente.
A imaginação
superexcitada detinha-se a ouvir o passado...
Recordava-lhe
a figura de um velhinho agonizante. Escutava-lhe as palavras da última hora do
corpo, a recomendar-lhe aos cuidados três jovens presentes também ali, na
paisagem de suas reminiscências.
O moribundo
devia ser-lhe o genitor, e os rapazes, irmãos. Conversavam, entre si,
lacrimosos. De repente, modificavam-se-lhe as lembranças. O ancião e os jovens
pareciam revoltados contra ele, acusando-o. Nomeavam-no com descaridosas designações...
O doente
ouvia as vozes internas, ansioso, amargurado. Desejava desfazer-se do
pretérito, pagaria pelo esquecimento qualquer preço, ansiava de fugir a si
próprio, mas em vão: sempre as mesmas recordações atrozes vergastando-lhe a
consciência. (...)
Calderaro me
esclarecia, comovido:
– Está no
limiar da loucura e ainda não enveredou francamente pelo terreno da alienação
mental graças à dedicação de velha parenta desencarnada que o assiste,
vigilante. (...)
Ante o
neurastênico, mais calmo agora, narrou, com serenidade:
– Nosso
irmão enfermo teve a infelicidade de apropriar-se indebitamente de grande
herança, depois de haver prometido ao genitor moribundo velar pelos irmãos mais
novos, na presença destes; ao se sentir, porém, senhor da situação, desamparou
os manos e expulsou-os do lar, valendo-se de rábulas bem remunerados, desses
que, sem escrúpulo, vivem de inquinar os textos legais.
Por mais
enérgicas e convincentes as reclamações arrazoadas, por mais comovedores os
apelos à amizade fraterna, manteve-se ele em clamorosa surdez, arrojando os
irmãos à penúria e a dificuldades de toda a sorte. Dois deles morreram num
sanatório em catres da indigência, minados pela tuberculose que os surpreendeu em
excessivas tarefas noturnas; e o outro desencarnou em míseras condições de
infortúnio, relegado ao abandono, antes dos trinta anos, presa de profunda
avitaminose, conseqüente da subalimentação a que fora compelido. Tudo isto
nosso desditoso amigo conseguiu fazer, escapando à justiça terrena; entretanto,
não pôde eliminar dos escaninhos da consciência os resquícios do mal praticado;
os remanescentes do crime são guardados em sua organização mental como carvões
em paisagem denegrida, após incêndio devorador; e esses carvões convertem-se em
brasas vivas, sempre que excitados pelo sopro das
recordações. O mau filho e perverso irmão, enquanto senhor dos patrimônios de
resistência que a virilidade do corpo lhe permitia, lograva fugir de si mesmo, sem
grandes dificuldades. O dinheiro fácil, a saúde sólida, os divertimentos e
prazeres, desempenhavam para ele a função de pesadas cortinas entre o
personalismo arrogante e a realidade viva. Todavia, o tempo cansou-lhe o
aparelho fisiológico e consumiu-lhe a maioria das ilusões; pouco a pouco,
encontrou-se a si mesmo; na viagem de volta ao próprio eu, viu-se, porém, a sós
com as lembranças de que não conseguira escoimar-se. Debalde intentou descobrir
o bom ânimo e o bem-estar: estes se lhe ocultavam. Impossível era concentrar-se
no próprio ser, sem ouvir o pai e os irmãos, acusando-o, exprobrando-lhe a
vileza... A mente atormentada não achava refúgio consolador. Se rememorava o pretérito,
este lhe exigia reparação; se buscava o presente, não obtinha tranquilidade
para se manter no trabalho sadio; e, quando tentava erguer-se a plano superior,
desejoso de orar ao Altíssimo, era surpreendido, ainda aí, por dolorosas
advertências, no sentido de inadiável correção da falta cometida. Nesse estado
espiritual, interessou-se tardiamente pelo destino dos irmãos. As informações colhidas
não lhe deixavam margem ao pagamento imediato; haviam todos partido,
precedendo-o na grande jornada do túmulo.
Desde
então, verificando a impraticabilidade de rápida retificação do tortuoso
destino, o infeliz fixou-se nas zonas mais baixas do ser. Perdeu as ambições
nobres e os ideais sadios, passou a ignorar os recursos da esperança. As
vantagens materiais, ao invés de confortá-lo, infundiam-lhe, agora, pavoroso
tédio e indizível desgosto. Engrazado à máquina das responsabilidades
financeiras, criadas por ele mesmo sem o espírito de possuir para dar em nome do
Bem Universal, não lhe foi possível esquivar-se às imposições da vida social,
na qualidade de homem de alto comércio, até que baqueou, em supremo torpor.
Sentindo-se incriminado no tribunal da própria consciência, começou a ver
perseguidores em toda a parte. Adquiriu, assim, fobias lamentáveis. Para ele,
todos os pratos estão envenenados. Desconfia de quase todos os familiares e não
tolera as antigas relações. (...)
Calando-se o
Assistente, ousei interrogar:
– Mas há esperança de reequilíbrio para breve?
–
Absolutamente não – respondeu o interpelado, de maneira significativa –; no
caso dele, funcionariam em vão as terapêuticas em uso. O espírito delinquente
pode receber os mais variados gêneros de colaboração, mas será imperiosamente o
médico de si mesmo. A Justiça Divina exerce invariável ação, embora os homens não
a identifiquem no mecanismo de suas relações ordinárias.
Os
criminosos podem, por muito tempo, escapar ao corretivo da organização
judiciária do mundo; no entanto, mais cedo ou mais tarde, vaguearão, perante os
seus irmãos em humanidade, em baixo terreno espiritual, representado no quadro
de aflições punitivas.
Para os
familiares e amigos, Fabrício é um esquizofrênico, incapaz de resistir às
aplicações do choque insulínico em virtude do coração frágil e cansado;
todavia, para nós é um companheiro acidentado na ambição inferior, curtindo
amargos resultados de seus propósitos de dominar egoisticamente na vida.
Grilhões Partidos,
Manoel P. Miranda/Divaldo Franco, Cap. 10 – ‘Na Casa de Saúde’
O quarto em
que Ester se alojava, verdadeira cela presidiária, produziu-me incontinente
mal-estar. Empestada por vibrações perniciosas, densas, escuras, pareciam
fluído condensado, oleoso, que causava insuportável indisposição psíquica,
generalizando-se em sensação de náuseas contínuas. (...)
A jovem
subjugada em espírito jazia ao lado do corpo, em quase total inconsciência, sob
os efeitos de sedativo pernicioso e forte.
Nos três
outros catres infectos que infestavam o exíguo apartamento, a tresandar odores
insuportáveis, se encontravam duas jovens e uma senhora de meia-idade,
estigmatizadas por diversas alienações que as diferenciavam entre si.
Quase todas
se encontravam parcialmente fora do corpo, inconscientes, exceção feita à dama
perturbada, que altercava com um perseguidor imaginário, fruto de longo
processo ideoplástico. (...)
Com a
autoridade e sabedoria que lhe são peculiares, o “Apóstolo da caridade” exorou
a proteção divina em comovedora oração, quando do seu tórax, a pouco e pouco iluminado
que se transformou num sol engastado no peito, surgiram fulgurações carregadas
de superior energia incidindo sobre os Espíritos levianos, produzindo-lhes
choques, que os despertavam, expulsando-os quase todos e fazendo, por fim, que
se modificasse a paisagem fluídica reinante.
Ao terminar,
apontou-nos a senhora atribulada para assistência de minha parte, recomendando
condensasse as forças fluídicas até lograr ser por ela percebido.
Vendo-me,
repentinamente, a dama exclamou, emocionada:
— Mensageiro
Divino, salvai-me deste cruel perseguidor! Sou criminosa, reconheço, todavia,
venho pagando a longo prazo o compromisso infeliz da leviandade. Socorrei-me,
por Deus!
As lágrimas
abundantes, a face dorida e a voz amargurada infundiam compaixão.
Teleguiado pela
poderosa mente do Diretor Espiritual, acerquei-me e roguei-lhe descansasse em
sono reparador de que tinha imediata necessidade.
Aplicando-lhe
conveniente recurso fluídico, sem maior resistência descontraíram-se as forças
psíquicas concentradas pelo pavor e ela adormeceu.
Auscultando
as exteriorizações mentais da Senhora atormentada, em espírito, ora ressonando,
o abnegado Instrutor esclareceu:
— Esta nossa
irmã está catalogada como esquizofrênica irreversível, demorando-se na fase da
hebefrenia de largo porte, em diagnose apropriada. Fixadas as matrizes da
distonia mental, nas sedes perispirituais, o mecanismo cerebral correspondente
à área da razão e da personalidade, apresenta sombras características que
preexistem desde a vida anterior, quando supunha poder burlar as Leis,
entregando-se aos desvarios e alucinações complexos.
Em verdade,
manteve-se inatacável no conceito do mundo, entretanto, não conseguiu fugir a
si mesma, às lembranças da consciência em despertamento, lesando os centros
correspondentes da lucidez e do equilíbrio, que produziram nas sedes sutis
plasmadoras do “campo da forma” os desajustes que ora a lancinam.
Fazendo
significativa pausa, na qual aplicou passes cuidadosos, longitudinais, a
iniciar-se do centro coronário, qual se o desatrelasse de forças densas, em
baixo teor magnético, percebemos, a pouco e pouco, que o complexo núcleo se
clarificava, irrigando com opalina tonalidade o centro cerebral, igualmente
envolto em sombrias cargas fluídicas, onde imagens vigorosas e fixas nas telas
da memória se diluíam, sem que, contudo, se desfizessem totalmente.
A energia
vitalizadora que era infundida na enferma passou a percorrer-lhe os vários
centros de fixação físico-espiritual. E como recebendo ignota carga magnética,
revigorante e anestésica simultaneamente, esta proporcionava à organização
física melhor funcionamento com mais eficaz intercâmbio metabólico, de que se
beneficiava o cérebro todo transformado, agora, em um corpo multicolorido, no
qual miríades de grânulos infinitesimais ou fascículos luminosos se
movimentavam, penetrando neurônios e os ligando, quais impulsos de eletricidade
especial enviando ordens restauradoras e mantenedoras da harmonia vibratória
indispensável ao tônus do reequilíbrio.
Percebemos
que a respiração da doente se fez mais tranquila, os músculos tensos por todo o
corpo relaxaram, com admiráveis resultados no aparelho digestivo,
particularmente desgovernado.
Concluída a
operação complexa e tecnicamente realizada, o irmão Bezerra de Menezes
elucidou-nos:
- Toda enfermidade,
resguardada em qualquer nomenclatura, sempre resulta das conquistas negativas
do passado espiritual de cada um. Estando o “campo estruturador”, conforme
nominam os modernos pesquisadores parapsicológicos ao perispírito, sob o
bombardeio de energias deletérias, é óbvio que as ideias, plasmando as futuras
formas para o Espírito, criam as condições para que se manifestem as doenças...
“Tomemos por
exemplo nossa irmã Eudóxia, no momento, sob nossa observação.”
“Amanhã
apresentará sinais de significativa melhora na saúde, embora as causas
preponderantes da sua alienação nela mesma se encontrem. Numa forma de
autocídio indireto, através do qual pretende eximir-se à responsabilidade,
auto-suplicia-se, mergulhando no desconcerto da loucura.”
Observando-a
mais detidamente, continuou:
— Na metade
do século passado, encontramo-la senhora de terras, em próspera cidade do
Império, no solo fluminense... Consorciada com homem probo, de sentimentos
elevados, caracterizava-se pelo temperamento irascível, insuportável. Cansado
da esposa rebelde e malsinante, o companheiro propôs-lhe separação honrosa...
Acreditando-se, porém, substituída — e de imediato transferiu para humilde
serva a suposta preferência do marido — silenciou, planejando, então, hediondo
homicídio que culminou calma, calculadamente, com segurança. Envenenou o esposo
indefeso nas suas mãos, que de nada suspeitava e, passado algum tempo, repetiu
a façanha com a servidora que tudo ignorava...
“Dama altiva
e destacada, seus dois crimes não foram sequer suspeitados, ninguém tomou deles
conhecimento. Ela, porém, os sabia... A punição maior para o culpado é a
presença da culpa, insculpida na consciência. A princípio, quando as forças
orgânicas estão em plenitude, ela dorme. À medida que se afrouxam os liames das
potências da vida vegetativa, ressumam as evocações e se transformam em
complexo culposo, monoideísmo infeliz que mais grava o delito e agrava a
responsabilidade...
“Surpreendida
pela desencarnação, transferiu para o Além os dramas ocultos. Embora perdoada
pelo esposo-vítima, que se encontrava em melhor condição espiritual do que ela,
tornou-se perseguida pela serva, que a seviciou demoradamente em região de
compacta sombra espiritual.
“Trazida à
reencarnação, os fortes açoites do remorso, as impressões vigorosas da expiação
junto à vítima, a intranquilidade lesaram os centros da consciência, do que
resultou a enfermidade que ora padece...
Depois de
breve silêncio, concluiu:
— Os núcleos
desarticulados no perispírito produziram as condições físicas do encéfalo, que
se desconectaram quando completou trinta anos, idade em que se deixara assediar
pela fúria do desequilíbrio, embora as distonias graves que a perturbavam desde
a adolescência.
“Apesar de a
maior incidência de hebefrenia ocorrer na puberdade, conforme foi analisada e
descrita em 1871, sendo posteriormente incluída por Kraepelin como uma das
“demências precoces”, esta surge como se agrava em qualquer idade... (*)
“A
enfermidade que afeta a área da personalidade, produzindo deteriorização, gera
estados antípodas de comportamento em calma e fúria, modificação do humor,
jocosidade, com tendências, às vezes, para o crime, é o resultado natural do
abuso e desrespeito ao amor, à vida, ao próximo.
“Purgará,
ainda um pouco, até que a desencarnação lhe tome de volta as vestes, a fim de
recomeçar noutra condição o que espontânea e levianamente adiou...
Constatávamos
ali a procedência da Divina Justiça e poderíamos distinguir que, na etiologia
das enfermidades mentais, muitos fatores estudados pela moderna Psiquiatria são
legítimos, faltando a essa nobre Ciência um maior contato com as “questões do
Espírito”, do que hauriria suficiente luz para incluir
a obsessão
como uma das causas das alienações mentais, penetrando nas realidades da Alma
encarnada e melhor desintrincando os variados processos que sempre se originam
no ser espiritual, ao longo da sua jornada evolutiva.
(*) Quem primeiro definiu a Hebefrenia foi Kahlbaum (KarI Ludwig), em 1863,
como sendo uma alienação mental que surge precocemente na puberdade e se
caracteriza por uma cessação das aquisições intelectuais, conduzindo o paciente
para a demência total, incurável. (Nota do Autor espiritual).
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