terça-feira, 18 de julho de 2017

Os Mensageiros – Cap 21 – Dementados

Casa Espírita Missionários da Luz - ESDE - 11/07/2017
Estudo do livro: Os Mensageiros – André Luiz

Tema: Os Mensageiros – Cap 21 – Dementados
Monitora: Lilia
Objetivos:
- Refletir sobre as consequências da visão materialista da vida;
- Estudar a loucura e suas causas espirituais;
- Perceber os prejuízos causados pela culpa tormentosa.

Bibliografia:
- Os Mensageiros, André Luiz, Cap 21;
- Mateus, 6:19-21;
- Grilhões Partidos, Manoel P. Miranda/Divaldo Franco, Caps. 2, 10, 11;
- No Mundo Maior, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 12 ‘Estranha Enfermidade’;
- Triunfo Pessoal, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. 6 ‘Transtornos Profundos’;
- Momentos de Meditação, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. 13 ‘Questão de consciência’ ;
- Momentos de Consciência, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. ‘Culpa e Consciência


Material: apresentação PowerPoint; cópias dos textos dos casos de estudo dos grupos.

Desenvolvimento:

  1. Leitura da página de Joanna: ‘CULPA E CONSCIÊNCIA’
  2. Apresentação de slides com os trechos a serem debatidos:

Slide 1 - Manicômio
“Mais alguns passos e notei que centenas de entidades se reuniam em vastos albergues, olhos vagueantes e rostos sombrios, parecendo uma assembleia de loucos em manicômio de amplas proporções.”

“localizavam, ali, grande número de Espíritos enfermos, mais desequilibrados que propriamente perversos.”

Slide 2   - Alguns casos

Caso 1- Malaquias – época da escravidão – preocupação com as terras e escravos
- “nunca pensou senão em tirania no campo

Caso 2 - Aristarco – época do Império – preocupação com a herança dos avós
- “deseja lesar os primos

Caso 3 – Senhora preocupada com as filhas
- ‘pretendia envenenar o marido, às ocultas

Slide 4 – Desequilíbrios mentais – Plano Espiritual

“– No circulo carnal, seriam todos absolutamente normais; no entanto, aqui, são verdadeiros loucos. São desencarnados que, por muito tempo, se agarraram aos problemas inferiores.”

“Acordaram de longo sono, na inconsciência, e julgam-se ainda encarnados, supondo igualmente que podem dissimular as pretensões criminosas.”

èAlfredo explica que são Espíritos totalmente fora da realidade em que se encontram, por haverem se fixado em questões inferiores quando encarnados.
Estavam fixados nessas questões mentais quando a morte os colheu.
São desequilibrados mentais no plano espiritual.

Nossa proposta de estudo hoje, é a questão dos transtornos mentais durante a encarnação, para fazermos um paralelo entre esses dois tipos de desequilíbrios mentais.

Slide 5 – Transtornos mentais – na encarnação

Idiotia, oligofrenia, mongolismo, epilepsia, psicoses várias, esquizofrenia, demência são terapêuticas de que se utiliza a Justiça Divina para alcançar os Espíritos doentes, que tentam fugir à Verdade,  mancomunados com o crime e a ilusão.(Grilhões Partidos, Cap. 11 ‘Epilepsia’)
Oligofrenia
substantivo feminino
[Medicina] Deficiência, retardamento mental; escassez de inteligência.

ð  Vemos nesse trecho, que na encarnação, os transtornos mentais são terapêutica para Espíritos culpados.
ð  Vamos estudar 2 casos: um de André Luiz, e outro do Manoel P. de Miranda. Para isso, vamos dividir em 2 grupos. Analisar as causas da loucura, comparando-a com as citadas pelo Alfredo.

  1. Trabalho em grupos

Grupo 1 - Esquizofrenia irreversível (Grilhões Partidos, Cap. 10 – Caso Eudóxia)

Grupo 2 - Esquizofrenia na velhice (Caso Fabrício - No Mundo Maior, Cap. 12 ‘Estranha Enfermidade’)

  1. Apresentação dos grupos

Resumo caso 1  (slide 6)
- esquizofrênica irreversível, demorando-se na fase da hebefrenia de largo porte;
- Cometeu 2 assassinatos na última encarnação (marido e a serviçal da casa), que não foram identificados pela sociedade da época (envenenamento lento);
- remorsos no final da vida èmonoideísmo;
- após a desencarnação, foi perseguida pela serva por muito tempo;
- lesou os centros da consciência no perispírito que geraram condições físicas no cérebro, provocando a doença atual;
- Os núcleos desarticulados no perispírito produziram as condições físicas do encéfalo, que se desconectaram quando completou trinta anos, idade em que se deixara assediar pela fúria do desequilíbrio, embora as distonias graves que a perturbavam desde a adolescência.
- a doença se instalou aos 30 anos que foi a idade que ela cometeu os delitos na vida anterior;
- incurável, somente após a desencarnação, poderá recomeçar de onde parou, em nova encarnação.
èonde a origem desse transtorno mental em estudo?  No Espírito, de encarnação anterior. A medicina identifica nesse caso, com acerto, problema físico no cérebro, incurável.

Hebefrenia - Forma de esquizofrenia que se manifesta na adolescência e que se caracteriza por  depressão, imaginação absurda e ilusória com deterioração gradual e progressiva das faculdades mentais.  (https://www.infopedia.pt/dicionarios/termos-medicos/hebefrenia)

Resumo Caso 2   (slide 7)
- recebeu o pai agonizante a tarefa de encaminhar os 3 irmãos menores, administrando a fortuna que receberia como herança. Com ajuda de advogado sem valor moral, ficou com toda a herança e deixou os irmãos na penúria;
- ‘Tudo isto nosso desditoso amigo conseguiu fazer, escapando à justiça terrena; entretanto, não pôde eliminar dos escaninhos da consciência os resquícios do mal praticado;
- na idade madura começou o remorso. Buscou os irmãos mas soube que já haviam desencarnado;
- ‘O doente ouvia as vozes internas, ansioso, amargurado. Desejava desfazer-se do pretérito, pagaria pelo esquecimento qualquer preço, ansiava de fugir a si próprio, mas em vão: sempre as mesmas recordações atrozes vergastando-lhe a consciência.
- ‘Sentindo-se incriminado no tribunal da própria consciência, começou a ver perseguidores em toda a parte. Adquiriu, assim, fobias lamentáveis. Para ele, todos os pratos estão envenenados. Desconfia de quase todos os familiares e não tolera as antigas relações.
-  ‘no caso dele, funcionariam em vão as terapêuticas em uso. O espírito delinqüente pode receber os mais variados gêneros de colaboração, mas será imperiosamente o médico de si mesmo.
            ènão tem possibilidades de cura; não tem processo obsessivo.



  1. Conclusão

Qual a diferença que podemos perceber entre os desequilíbrios mentais no Campos da Paz, desses casos de transtornos em encarnados estudados?
èApós a desencarnação, aqueles Espíritos ainda não haviam despertado para a sua condição atual; a culpa ainda não havia se tornado consciente.
èNo caso dos encarnados, a culpa tormentosa, o remorso já havia se instalado, porém sem o real despertamento para a necessidade da reparação, e para o autoperdão, conforme Joanna orienta na página inicial.

Slide  8

“Desse modo, quem se detém nas sombrias paisagens da culpa ainda não descobriu a consciência da própria responsabilidade perante a vida, negando-se a bênção da libertação.”
(Momentos de Consciência, Joanna de Ângelis – ‘Culpa e Consciência’)

slide 9 - Terapêutica

èindependente do caso, o carinho, o respeito, o amor, sempre!

Todas as terapias acadêmicas procedem valiosas e oportunas, considerando-se a imensa variedade de fatores preponderantes e predisponentes, para o atendimento da esquizofrenia, não sendo também de desconsiderar-se a fluidoterapia, o esclarecimento do agente perturbador e o consequente labor de sociabilização do paciente através de grupos de apoio, de atividades espirituais em núcleos próprios onde encontrará compreensão, fraternidade e respeito humano, que o impulsionarão ao encontro com o Si profundo, em clima de paz.’  (Triunfo Pessoal, Cap. 6, item ‘Esquizofrenia’)
èJoanna fala especificamente da esquizofrenia, embora atenda também aos demais transtornos mentais dos encarnados.


Slide 10 – Mateus, 6:19-21 – Tesouros Permanentes

“Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”



6.    Prece final


7.    Anexos

No Mundo Maior, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 12 ‘Estranha Enfermidade’

Acompanhando o abnegado irmão dos sofredores, penetrei confortável residência, onde Calderaro me conduziu, incontinente, à presença de um nobre cavalheiro em repouso.
Achamo-nos em elegante aposento, decorado em ouro-velho. Magnífico tapete completava a graça ambiente, exibindo caprichosos arabescos em harmonia com os desenhos do teto.
Estirado num divã, o enfermo que visitávamos engolfava-se em profunda meditação. Ao lado, humilde entidade de nossa esfera como que nos aguardava.
Aproximou-se e cumprimentou-nos, gentil.
Às fraternas interpelações do Assistente, respondeu solícita:
– Fabrício vai melhorando; no entanto, continuam os fenômenos de angústia. Tem estado inquieto, aflito...
O orientador lançou expressivo olhar ao doente e insistiu:
– Mantém ainda o autodomínio? Não se abandonou totalmente às impressões destrutivas?
A interlocutora, revelando contentamento, informou:
– A Divina Misericórdia não tem faltado. O desequilíbrio integral, por enquanto, não erigiu seu império. Em nome de Jesus, nossa colaboração tem prevalecido. (...)

Ensimesmado, Fabrício não se dava conta do que ocorria no plano externo. Braços imóveis, olhos parados, mantinha-se distante das sugestões ambientes; no íntimo, todavia, a zona mental semelhava-se a fornalha ardente.
A imaginação superexcitada detinha-se a ouvir o passado...
Recordava-lhe a figura de um velhinho agonizante. Escutava-lhe as palavras da última hora do corpo, a recomendar-lhe aos cuidados três jovens presentes também ali, na paisagem de suas reminiscências.
O moribundo devia ser-lhe o genitor, e os rapazes, irmãos. Conversavam, entre si, lacrimosos. De repente, modificavam-se-lhe as lembranças. O ancião e os jovens pareciam revoltados contra ele, acusando-o. Nomeavam-no com descaridosas designações...
O doente ouvia as vozes internas, ansioso, amargurado. Desejava desfazer-se do pretérito, pagaria pelo esquecimento qualquer preço, ansiava de fugir a si próprio, mas em vão: sempre as mesmas recordações atrozes vergastando-lhe a consciência. (...)

Calderaro me esclarecia, comovido:
– Está no limiar da loucura e ainda não enveredou francamente pelo terreno da alienação mental graças à dedicação de velha parenta desencarnada que o assiste, vigilante. (...)

Ante o neurastênico, mais calmo agora, narrou, com serenidade:
– Nosso irmão enfermo teve a infelicidade de apropriar-se indebitamente de grande herança, depois de haver prometido ao genitor moribundo velar pelos irmãos mais novos, na presença destes; ao se sentir, porém, senhor da situação, desamparou os manos e expulsou-os do lar, valendo-se de rábulas bem remunerados, desses que, sem escrúpulo, vivem de inquinar os textos legais.
Por mais enérgicas e convincentes as reclamações arrazoadas, por mais comovedores os apelos à amizade fraterna, manteve-se ele em clamorosa surdez, arrojando os irmãos à penúria e a dificuldades de toda a sorte. Dois deles morreram num sanatório em catres da indigência, minados pela tuberculose que os surpreendeu em excessivas tarefas noturnas; e o outro desencarnou em míseras condições de infortúnio, relegado ao abandono, antes dos trinta anos, presa de profunda avitaminose, conseqüente da subalimentação a que fora compelido. Tudo isto nosso desditoso amigo conseguiu fazer, escapando à justiça terrena; entretanto, não pôde eliminar dos escaninhos da consciência os resquícios do mal praticado; os remanescentes do crime são guardados em sua organização mental como carvões em paisagem denegrida, após incêndio devorador; e esses carvões convertem-se em brasas vivas, sempre que excitados pelo sopro das recordações. O mau filho e perverso irmão, enquanto senhor dos patrimônios de resistência que a virilidade do corpo lhe permitia, lograva fugir de si mesmo, sem grandes dificuldades. O dinheiro fácil, a saúde sólida, os divertimentos e prazeres, desempenhavam para ele a função de pesadas cortinas entre o personalismo arrogante e a realidade viva. Todavia, o tempo cansou-lhe o aparelho fisiológico e consumiu-lhe a maioria das ilusões; pouco a pouco, encontrou-se a si mesmo; na viagem de volta ao próprio eu, viu-se, porém, a sós com as lembranças de que não conseguira escoimar-se. Debalde intentou descobrir o bom ânimo e o bem-estar: estes se lhe ocultavam. Impossível era concentrar-se no próprio ser, sem ouvir o pai e os irmãos, acusando-o, exprobrando-lhe a vileza... A mente atormentada não achava refúgio consolador. Se rememorava o pretérito, este lhe exigia reparação; se buscava o presente, não obtinha tranquilidade para se manter no trabalho sadio; e, quando tentava erguer-se a plano superior, desejoso de orar ao Altíssimo, era surpreendido, ainda aí, por dolorosas advertências, no sentido de inadiável correção da falta cometida. Nesse estado espiritual, interessou-se tardiamente pelo destino dos irmãos. As informações colhidas não lhe deixavam margem ao pagamento imediato; haviam todos partido, precedendo-o na grande jornada do túmulo.
Desde então, verificando a impraticabilidade de rápida retificação do tortuoso destino, o infeliz fixou-se nas zonas mais baixas do ser. Perdeu as ambições nobres e os ideais sadios, passou a ignorar os recursos da esperança. As vantagens materiais, ao invés de confortá-lo, infundiam-lhe, agora, pavoroso tédio e indizível desgosto. Engrazado à máquina das responsabilidades financeiras, criadas por ele mesmo sem o espírito de possuir para dar em nome do Bem Universal, não lhe foi possível esquivar-se às imposições da vida social, na qualidade de homem de alto comércio, até que baqueou, em supremo torpor. Sentindo-se incriminado no tribunal da própria consciência, começou a ver perseguidores em toda a parte. Adquiriu, assim, fobias lamentáveis. Para ele, todos os pratos estão envenenados. Desconfia de quase todos os familiares e não tolera as antigas relações. (...)

Calando-se o Assistente, ousei interrogar:
– Mas há esperança de reequilíbrio para breve?
– Absolutamente não – respondeu o interpelado, de maneira significativa –; no caso dele, funcionariam em vão as terapêuticas em uso. O espírito delinquente pode receber os mais variados gêneros de colaboração, mas será imperiosamente o médico de si mesmo. A Justiça Divina exerce invariável ação, embora os homens não a identifiquem no mecanismo de suas relações ordinárias.
Os criminosos podem, por muito tempo, escapar ao corretivo da organização judiciária do mundo; no entanto, mais cedo ou mais tarde, vaguearão, perante os seus irmãos em humanidade, em baixo terreno espiritual, representado no quadro de aflições punitivas.
Para os familiares e amigos, Fabrício é um esquizofrênico, incapaz de resistir às aplicações do choque insulínico em virtude do coração frágil e cansado; todavia, para nós é um companheiro acidentado na ambição inferior, curtindo amargos resultados de seus propósitos de dominar egoisticamente na vida.


Grilhões Partidos, Manoel P. Miranda/Divaldo Franco, Cap. 10 – ‘Na Casa de Saúde’

O quarto em que Ester se alojava, verdadeira cela presidiária, produziu-me incontinente mal-estar. Empestada por vibrações perniciosas, densas, escuras, pareciam fluído condensado, oleoso, que causava insuportável indisposição psíquica, generalizando-se em sensação de náuseas contínuas. (...)

A jovem subjugada em espírito jazia ao lado do corpo, em quase total inconsciência, sob os efeitos de sedativo pernicioso e forte.
Nos três outros catres infectos que infestavam o exíguo apartamento, a tresandar odores insuportáveis, se encontravam duas jovens e uma senhora de meia-idade, estigmatizadas por diversas alienações que as diferenciavam entre si.
Quase todas se encontravam parcialmente fora do corpo, inconscientes, exceção feita à dama perturbada, que altercava com um perseguidor imaginário, fruto de longo processo ideoplástico. (...)

Com a autoridade e sabedoria que lhe são peculiares, o “Apóstolo da caridade” exorou a proteção divina em comovedora oração, quando do seu tórax, a pouco e pouco iluminado que se transformou num sol engastado no peito, surgiram fulgurações carregadas de superior energia incidindo sobre os Espíritos levianos, produzindo-lhes choques, que os despertavam, expulsando-os quase todos e fazendo, por fim, que se modificasse a paisagem fluídica reinante.
Ao terminar, apontou-nos a senhora atribulada para assistência de minha parte, recomendando condensasse as forças fluídicas até lograr ser por ela percebido.
Vendo-me, repentinamente, a dama exclamou, emocionada:
— Mensageiro Divino, salvai-me deste cruel perseguidor! Sou criminosa, reconheço, todavia, venho pagando a longo prazo o compromisso infeliz da leviandade. Socorrei-me, por Deus!
As lágrimas abundantes, a face dorida e a voz amargurada infundiam compaixão.
Teleguiado pela poderosa mente do Diretor Espiritual, acerquei-me e roguei-lhe descansasse em sono reparador de que tinha imediata necessidade.
Aplicando-lhe conveniente recurso fluídico, sem maior resistência descontraíram-se as forças psíquicas concentradas pelo pavor e ela adormeceu.
Auscultando as exteriorizações mentais da Senhora atormentada, em espírito, ora ressonando, o abnegado Instrutor esclareceu:
— Esta nossa irmã está catalogada como esquizofrênica irreversível, demorando-se na fase da hebefrenia de largo porte, em diagnose apropriada. Fixadas as matrizes da distonia mental, nas sedes perispirituais, o mecanismo cerebral correspondente à área da razão e da personalidade, apresenta sombras características que preexistem desde a vida anterior, quando supunha poder burlar as Leis, entregando-se aos desvarios e alucinações complexos.
Em verdade, manteve-se inatacável no conceito do mundo, entretanto, não conseguiu fugir a si mesma, às lembranças da consciência em despertamento, lesando os centros correspondentes da lucidez e do equilíbrio, que produziram nas sedes sutis plasmadoras do “campo da forma” os desajustes que ora a lancinam.
Fazendo significativa pausa, na qual aplicou passes cuidadosos, longitudinais, a iniciar-se do centro coronário, qual se o desatrelasse de forças densas, em baixo teor magnético, percebemos, a pouco e pouco, que o complexo núcleo se clarificava, irrigando com opalina tonalidade o centro cerebral, igualmente envolto em sombrias cargas fluídicas, onde imagens vigorosas e fixas nas telas da memória se diluíam, sem que, contudo, se desfizessem totalmente.
A energia vitalizadora que era infundida na enferma passou a percorrer-lhe os vários centros de fixação físico-espiritual. E como recebendo ignota carga magnética, revigorante e anestésica simultaneamente, esta proporcionava à organização física melhor funcionamento com mais eficaz intercâmbio metabólico, de que se beneficiava o cérebro todo transformado, agora, em um corpo multicolorido, no qual miríades de grânulos infinitesimais ou fascículos luminosos se movimentavam, penetrando neurônios e os ligando, quais impulsos de eletricidade especial enviando ordens restauradoras e mantenedoras da harmonia vibratória indispensável ao tônus do reequilíbrio.
Percebemos que a respiração da doente se fez mais tranquila, os músculos tensos por todo o corpo relaxaram, com admiráveis resultados no aparelho digestivo, particularmente desgovernado.
Concluída a operação complexa e tecnicamente realizada, o irmão Bezerra de Menezes elucidou-nos:
- Toda enfermidade, resguardada em qualquer nomenclatura, sempre resulta das conquistas negativas do passado espiritual de cada um. Estando o “campo estruturador”, conforme nominam os modernos pesquisadores parapsicológicos ao perispírito, sob o bombardeio de energias deletérias, é óbvio que as ideias, plasmando as futuras formas para o Espírito, criam as condições para que se manifestem as doenças...
“Tomemos por exemplo nossa irmã Eudóxia, no momento, sob nossa observação.”
“Amanhã apresentará sinais de significativa melhora na saúde, embora as causas preponderantes da sua alienação nela mesma se encontrem. Numa forma de autocídio indireto, através do qual pretende eximir-se à responsabilidade, auto-suplicia-se, mergulhando no desconcerto da loucura.”
Observando-a mais detidamente, continuou:
— Na metade do século passado, encontramo-la senhora de terras, em próspera cidade do Império, no solo fluminense... Consorciada com homem probo, de sentimentos elevados, caracterizava-se pelo temperamento irascível, insuportável. Cansado da esposa rebelde e malsinante, o companheiro propôs-lhe separação honrosa... Acreditando-se, porém, substituída — e de imediato transferiu para humilde serva a suposta preferência do marido — silenciou, planejando, então, hediondo homicídio que culminou calma, calculadamente, com segurança. Envenenou o esposo indefeso nas suas mãos, que de nada suspeitava e, passado algum tempo, repetiu a façanha com a servidora que tudo ignorava...
“Dama altiva e destacada, seus dois crimes não foram sequer suspeitados, ninguém tomou deles conhecimento. Ela, porém, os sabia... A punição maior para o culpado é a presença da culpa, insculpida na consciência. A princípio, quando as forças orgânicas estão em plenitude, ela dorme. À medida que se afrouxam os liames das potências da vida vegetativa, ressumam as evocações e se transformam em complexo culposo, monoideísmo infeliz que mais grava o delito e agrava a responsabilidade...
“Surpreendida pela desencarnação, transferiu para o Além os dramas ocultos. Embora perdoada pelo esposo-vítima, que se encontrava em melhor condição espiritual do que ela, tornou-se perseguida pela serva, que a seviciou demoradamente em região de compacta sombra espiritual.
“Trazida à reencarnação, os fortes açoites do remorso, as impressões vigorosas da expiação junto à vítima, a intranquilidade lesaram os centros da consciência, do que resultou a enfermidade que ora padece...
Depois de breve silêncio, concluiu:
— Os núcleos desarticulados no perispírito produziram as condições físicas do encéfalo, que se desconectaram quando completou trinta anos, idade em que se deixara assediar pela fúria do desequilíbrio, embora as distonias graves que a perturbavam desde a adolescência.
“Apesar de a maior incidência de hebefrenia ocorrer na puberdade, conforme foi analisada e descrita em 1871, sendo posteriormente incluída por Kraepelin como uma das “demências precoces”, esta surge como se agrava em qualquer idade... (*)
“A enfermidade que afeta a área da personalidade, produzindo deteriorização, gera estados antípodas de comportamento em calma e fúria, modificação do humor, jocosidade, com tendências, às vezes, para o crime, é o resultado natural do abuso e desrespeito ao amor, à vida, ao próximo.
“Purgará, ainda um pouco, até que a desencarnação lhe tome de volta as vestes, a fim de recomeçar noutra condição o que espontânea e levianamente adiou...
Constatávamos ali a procedência da Divina Justiça e poderíamos distinguir que, na etiologia das enfermidades mentais, muitos fatores estudados pela moderna Psiquiatria são legítimos, faltando a essa nobre Ciência um maior contato com as “questões do Espírito”, do que hauriria suficiente luz para incluir
a obsessão como uma das causas das alienações mentais, penetrando nas realidades da Alma encarnada e melhor desintrincando os variados processos que sempre se originam no ser espiritual, ao longo da sua jornada evolutiva.


(*) Quem primeiro definiu a Hebefrenia foi Kahlbaum (KarI Ludwig), em 1863, como sendo uma alienação mental que surge precocemente na puberdade e se caracteriza por uma cessação das aquisições intelectuais, conduzindo o paciente para a demência total, incurável. (Nota do Autor espiritual).

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