domingo, 13 de agosto de 2017

Os Mensageiros – Cap 23 – Pesadelos

Casa Espírita Missionários da Luz - ESDE - 11/07/2017
Estudo do livro: Os Mensageiros – André Luiz

Tema: Os Mensageiros – Cap 23 – Pesadelos
Coordenadora: Jeane
Objetivos:
- Examinar e refletir sobre os sono atormentado que acometem os espíritos delinquentes;
- Estudar o monoideismo e a fixação mental;
- Perceber como a Bondade Divina nos dá uma nova chance de retificação e progresso através da reencarnação.

Bibliografia:
- Os Mensageiros, André Luiz, Cap 23;
- Evolução em dois mundos, André Luiz, cap. 16 – mecanismos da mente;
- Ação e Reação, André Luiz, cap. 13 – débito estacionário;
- Florações evangélicas, Joanna de Ângelis, cap. 12 – Examinando a desencarnação.

Material: apresentação PowerPoint; cópias dos textos dos casos de estudo dos grupos.

Desenvolvimento:

  1. Leitura da página de Joanna: ‘Examinando a desencarnação’
2.    Apresentação de slides com os trechos a serem debatidos:

Slide 1 – Capítulo 23 - Pesadelos

Slide 2 - Aniceto conduz André Luiz e Vicente a leitos mais distantes, sem auxílio magnético.
- Desejaria conhecer a extensão dos benefícios colhidos por vocês no Gabinete de Auxílio Magnético às Percepções. Para ajudar eficientemente aos nossos amigos
encarnados, é necessário saibamos ver com clareza e precisão.

Slide 3 - Todos os que dormem nestes pavilhões permanecem dentro do mau sono.
– Mas teremos, porventura, nas zonas espirituais, os que estejam em bom sono? – interrogou Vicente, de modo brusco.
– Sem dúvida – respondeu Aniceto, solícito –, temos na esfera de nossas atividades os que repousam períodos curtos, quais trabalhadores retos que esperam o repouso noturno, com a tranquilidade dos que sabem trabalhar e descansar, de consciência aliviada.

Slide 4 - (...) Quem dorme em desequilíbrio, entrega-se a pesadelos. Todos estes irmãos desventurados que nos cercam, aparentemente mortos, são presas de horríveis visões íntimas. Vejamos o aproveitamento de vocês.
Designando-me um corpo envelhecido de mulher, recomendou:
– Você, André, examine detidamente essa irmã. Abstenha-se de todas as considerações do plano exterior. Observe-a com todas as possibilidades e percepções ao seu alcance.

Slide 5 - Procurei esquecer os quadros externos, focalizando aquela máscara feminina com todos os meus recursos mentais. Observava a sombra cinzento-escura que se lhe ia condensando em torno da fronte. Estupefato, comecei a divisar formas movimentadas no âmbito da pequena tela sombria.

Slide 6 - Surgiu uma casa modesta de cidade humilde. Tive a impressão de transpor-lhe a porta. Lá dentro, um quadro horrível e angustioso. Uma senhora de idade madura, demonstrando crueldade impassível no rosto, lutava com um homem embriagado.
– “Ana! Ana! pelo amor de Deus! não me mates!” – dizia ele, súplice, incapaz de defender-se. - perdoa-me se te causei algum mal!
– “Morrerás mesmo assim. Tenho a infelicidade de amar-te, a ti que pertences a outra mulher! Não quiseste seguir-me e preciso vingar-me!”
E, de súbito, crivou-lhe o crânio de marteladas surdas.

Slide 7 - Logo após, vi a criminosa conduzindo o cadáver em carrinho de mão, através de um trilho ermo. Via dispondo o cadáver para que a cabeça fosse decepada à passagem do comboio, retirando-se apressadamente, reconduzindo o pequeno carro vazio. (...) Antes, porém, que depusesse o carrinho no extenso quintal, vi que arregalava os olhos como louca, cercada de seres que me pareceram bandidos de negras vestes.
– “Acudam-me! Acudam-me!” – gritava, espavorida. E continuava a cena, em que a desventurada golfava súplicas em vão.
E, graças à Bondade Divina, não experimentei pela mulher infeliz senão a mais viva compaixão.

Slide 8 - Porque haveria de acusá-la, se não lhe conhecia o passado total? Que laços a uniriam à vítima, igualmente digna de piedade fraternal? Como teria começado o drama doloroso? Não sabia. Enxergava somente a pobre mulher rodeada de sombras agressivas, implorando socorro. Ignorava como ajudá-la, mas recordei que Ana era minha irmã, filha do mesmo Pai, irmã que adoecera no caminho comum, sem que eu pudesse, pelo menos por agora, indagar a causa. Procurava, comigo mesmo, algum meio de auxiliá-la, quando alguém me chamou de súbito.

Slide 9 - Era Aniceto que exclamava, bondoso:
– Venha, André! Vicente e você têm sabido aproveitar alguma coisa. Seus pensamentos de fraternidade e paz muito auxiliaram essa irmã infeliz. Guarde a certeza disso e continue buscando a compreensão para socorrer e ajudar com êxito. Conforme observaram de perto, sabem agora que cada um dos que aqui dormem sono atormentado, vivem estranhos pesadelos, de que não podem isentar-se de um instante para outro.

Slide 10 - Bastará lembrar sempre que a dívida, em toda parte, anda com os devedores.


  1. Trabalho em grupos
  • Grupo 1 - Ação e reação - Débito estacionário
Silas foi procurado por um companheiro aflito, que avisou, atencioso:
– Assistente, nossa irmã Poliana parece vergar, em definitivo, ao peso da imensa prova.
– Revoltada? – indagou nosso amigo com inflexão de paciência e bondade.
– Não – aclarou o interpelado. – Nossa irmã está enferma e o equilíbrio orgânico declina de hora a hora... Apesar disso vem lutando heroicamente para conservar-se ao pé do filho infeliz.
(...) A breves minutos, achávamo-nos em paisagem rural pobre e triste. Num casebre, totalmente exposto à ventania noturna, infortunada mulher jazia enrolada em farrapos, numa esteira de palha ao rés do solo e, a poucos metros, mísero anão paralítico exibia o semblante alvar. Reconhecia-se-lhe, de pronto, a idiotia completa, sob a vigilância da enferma desditosa, que o fitava entre a aflição e o desencanto.
– Temos aqui nossa irmã Poliana e Sabino, o filho desventurado que o Poder Celeste lhe confiou. Espiritualmente, são ambos tutelados da Mansão, em pedregoso caminho de reajuste.
(...)Em rápidos minutos, energias imponderáveis da Natureza, associadas aos fluidos de plantas medicinais, foram trazidas à nossa enferma, que as inalava a longos sorvos, e, em tempo breve, vimos Poliana surpreendentemente refeita, pronta a retomar o envoltório para a necessária restauração.
Em seguida, convidou-nos a observar o campo orgânico de Sabino. Por fora, sim, era ele dolorosa máscara de anormalidade e aberração. Recomendou-nos o Assistente auscultar-lhe o campo íntimo, e, em razão disso, findos alguns minutos de reflexão, assimilei-lhe a faixa mental, observando-lhe as singulares reminiscências...
Corporificados ante a nossa visão espiritual, os pensamentos dele tomavam consistência, compelindo-nos a enxergá-lo qual se sentia em verdade. Víamo-lo em trajes de palaciano bem-posto, influenciando pessoas categorizadas para a consumação de crimes ocultos, a culminarem sempre na flagelação do povo. E, ao seu lado, sempre a mesma mulher, cujo porte soberbo revelava Poliana, aquela mesma Poliana que jazia inerme na esteira de palha... Assombrados, identificávamos ambos cercados de luxo e ouro, manchados, porém, de sangue, ao qual se faziam plenamente insensíveis...
Percebendo-nos a perplexidade, Silas observou:
– Decerto, não lhe ouviremos a palavra articulada, mudo e surdo qual se encontra, mas podemos consultar-lhe o pensamento, porquanto reagirá em pensamento, respondendo-nos às interpelações, através da conversação ideada. Para isso, porém, é imprescindível lhe dispensemos o tratamento devido à personalidade que julga viver... Mentalizemo-lo como sendo o Barão de S..., titulo que exibiu na existência última e com o qual se desvairou calamitosamente nas trevas da delinqüência e da vaidade.
Diante dos problemas que o estudo suscitava, indagou Hilário, surpreso:
– Mas... onde a vantagem de semelhantes padecimentos?
Silas esboçou leve expressão de tristeza e considerou:
– Temos sob nossa atenção lamentável débito congelado. Nosso pobre companheiro, deploravelmente tombado, praticou numerosos delitos na Terra e no Plano Espiritual e, há mais de mil anos, vem sucumbindo, vaidoso e desprevenido, às garras da criminalidade... De existência a existência, não soube senão consumir os recursos do campo físico, tumultuando as paisagens sociais em que o Senhor lhe concedeu viver. Calamidades diversas, como sejam homicídios, rebeliões, extorsões, calúnias, falências, suicídios, abortos e obsessões foram por ele provocados, desde muitos séculos, porquanto nada viu à frente dos olhos senão o seu egoísmo a saciar... Entre o berço e o túmulo, é o desatino incessante, e, do túmulo para o berço, é a maldade fria e inconse qüente, apesar das intercessões de amigos abnegados, que o amparam em novas tentativas de regeneração e levantamento. Quase sempre inspirado nos pontos de vista de Poliana, que lhe vem sendo a companheira de múltiplas jornadas, cristalizou-se como infeliz empresário do crime, agigantando-se-lhe de tal modo o desequilíbrio na existência última, terminada no suicídio indireto através do mergulho deliberado na viciação, que não houve outro remédio para ele senão o insulamento absoluto na carne, ao nevoeiro da romagem presente, na qual o identificamos, assim, como fera enjaulada na armadura de células aviltantes, sob a custódia da mulher que o ajudou nas quedas sucessivas, erigida agora à posi- ção de enfermeira maternal do seu longo infortúnio. Poliana, a companheira fútil e transviada do bem, que habitualmente escolheu para si a condição de boneca do prazer delituoso, acordou, além-túmulo, para as realidades da vida, antes dele... Despertou e sofreu muito, aceitando a tarefa de auxiliá-lo na recuperação em que, por certo, despenderão muito tempo ainda... Sabino é um problema de débito estacionário, porque jaz em processo de hibernação espiritual, compulsoriamente enquistado no próprio íntimo, a benefício da comunidade de Espíritos desencarnados e encarnados, porquanto tão expressivos se lhe destacam os gravames de ordem material e moral que a sua presença consciente, na Terra ou no Espaço, provocaria perturbações e tumultos de conseqüências imprevisíveis. Desfruta, desse modo, uma pausa na luta, como ensaio de esquecimento, a fim de que possa, de futuro, encarar o montante dos compromissos em que se enleia, promovendo-lhes solução digna nos séculos próximos, a golpes de férrea vontade na renunciação de si mesmo. (...)Como vemos, tamanhas são as ligações de nosso companheiro nos planos infernais que, por mercê de Jesus, foi ele ocultado provisoriamente neste corpo monstruoso em que se faz não apenas incomunicável, mas também de algum modo irreconhecível, em favor dele próprio. É indispensável que o tempo com a Bondade Divina lhe amparem os problemas aflitivos e complexos.

  • Grupo 2 - Evolução em dois mundos – mecanismos da mente
Mecanismos do monoideísmo
Em vista disso, se a criatura encarnada pode cair em amnésia ou afasia pela oclusão dos núcleos da memória ou  da fala, sem desequilíbrio integral da inteligência, a criatura desencarnada pode arrojar­se a frustrações semelhantes, sem perturbação total do pensamento, enquanto se lhe mantenha a distonia.
Segundo critério idêntico, se a habilidade de um homem para manobrar  determinado idioma pode cessar numa das subdivisões do núcleo da fala, no córtex, persistindo a habilidade para lidar com idiomas outros, assim também o núcleo da visão profunda, no centro coronário, pode sofrer disfunção específica pela qual um Espírito desencarnado contemplará tão somente, por  tempo equivalente à conturbação em que se encontre, os quadros terríficos que lhe digam respeito às culpas contraídas, sem capacidade para observar paisagens de outra espécie; escutará exclusivamente vozes acusadoras que lhe testemunhem os compromissos inconfessáveis, sem possibilidade de ouvir quaisquer outros valores sônicos, tanto  quanto poderá recordar apenas acontecimentos que se lhe refiram aos padecimentos morais, com absoluto olvido de fatos outros, até mesmo daqueles que se relacionem com a sua personalidade, motivo pelo qual se fazem tão raros os processos de perfeita identificação individual, na generalidade das comunicações mediúnicas, com entidades dementadas ou sofredoras, comumente estacionárias no monoideísmo  que as isola em tipos exclusivos de recordação ou  emoção, de vez que, nessas condições, o pensamento contínuo que lhes flui da mente, em circuito viciado sobre si mesmo, age coagulando ou materializando pesadelos fantásticos, em conexão com as lembranças que albergam.
E esses pesadelos não são realmente meras criações abstraías, porquanto, em fluxo constante, as imagens repetidas, formadas pelas partículas vivas de matéria mental, se articulam em quadros que obedecem também à vitalidade mais ou menos longa do pensamento, justapondo-se às criaturas desencarnadas que lhes dão a forma e que, congregando criações do mesmo teor, de outros Espíritos afins, estabelecem, por associações espontâneas, os painéis apavorantes em que a consciência culpada expia, por tempo justo, as consequências dos crimes a que se empenhou, prejudicando a harmonia das Leis Divinas e conturbando, concomitantemente, a si mesma. 
Zonas purgatórias
Obliterados os núcleos energéticos da alma, capazes de conduzi-­la às sensações de euforia e elevação, entendimento e beleza, precipita-­se a mente, pelo  excesso da taxa de remorso nos fulcros da memória, na dor do arrependimento a que se encarcera por automatismo, conforme os princípios de responsabilidade a se lhe delinearem no ser, plasmando com os seus próprios pensamentos as telas temporárias, mas por vezes de longuíssima duração, em que contempla, incessantemente, por reflexão mecânica, o fruto amargo de suas próprias obras, até que esgote os resíduos das culpas esposadas ou  receba caridosa intervenção dos agentes do amor divino, que, habitualmente, lhe oferecem o preparo adequado para a reencarnação necessária, pela qual retornará ao aprendizado prático das lições em que faliu. É dessa forma que os suicidas, com agravantes à frente do Plano Espiritual, como também os delinquentes de variada categoria, padecem por largo tempo a influência constante das aflitivas criações mentais deles mesmos, a elas aprisionados, pela fixação monoidéica de certos núcleos do corpo espiritual, em detrimento de outros que se mantêm malbaratados e oclusos. E porque o pensamento é força criativa e aglutinante na criatura consciente em plena Criação, as imagens plasmadas pelo mal, à custa da energia inestancável que lhe constitui atributo inalienável e imanente, servem para a formação das paisagens regenerativas em que a alma alucinada pelos próprios remorsos é detida em sua marcha, ilhando-­se nas consequências dos próprios delitos, em lugares que, retendo a associação  de centenas e milhares de transviados, se transformam em verdadeiros continentes de angústia, filtros de aflição e de dor, em que a loucura ou  a crueldade, juguladas pelo sofrimento que geram para si mesmas, se rendem lentamente ao raciocínio equilibrado, para a readmissão indispensável ao trabalho  remissor.

  1. Apresentação dos grupos
- Poliana e Sabino
- Mecanismos da mente

  1. Conclusão
Por que alguns espíritos tem necessidade do torpor quase absoluto?
Quais as consequências dos nossos crimes no mundo espiritual?
Qual o valor da reencarnação para estes espíritos atormentados?


Slide  11 - “Vá e não peques mais para que não te suceda algo pior.” João 5:14


Slide 12 - Terapêutica

Fixação mental
Analisando, superficialmente embora, o problema da fixação mental, depois da morte, convém não esquecer que a alma, quando encarnada, permanece munida do equipamento fisiológico que lhe faculta o atrito constante com a natureza exterior. As reações contínuas, hauridas pelos nervos da organização sensorial, determinando a compulsória movimentação do cérebro, associadas aos múltiplos serviços da alimentação, da higiene e da preservação orgânica, estabelecem todo um conjunto vibratório de emoções e sensações sobre as cordas sensíveis da memória, valendo por impactos diretos da luta evolutiva no espírito em desenvolvimento, obrigando-o a exteriorizar-se para a conquista de experiência. Esse exercício incessante, enquanto a alma se demora no mundo físico, trabalha o cosmo mental, inclinando-o a buscar no bem o clima da atividade que o investirá na posse dos recursos de elevação. Como sabemos, todo bem é expansão, crescimento e harmonia e todo mal é condensação, atraso e desequilíbrio. O bem é a onda permanente da vida a irradiar-se como o Sol e o mal pode ser considerado como sendo essa mesma onda, a enovelar-se sobre si mesma, gerando a treva enquistada. Ambos personalizam o amor que é libertação e o egoísmo, que é cárcere. E se a alma não conseguiu desvencilhar-se, enquanto na Terra, das variadas cadeias de egoísmo, como sejam o ódio e a revolta, a perversidade e a delinqüência, o fanatismo e a vingança, a paixão e o vício, em se afastando do corpo de carne, pela imposição da morte, assemelha-se a um balão electromagnético, pejado de sombra e cativo aos processos da vida inferior, a retirar-se dos plexos que lhe garantiam a retenção, através da dupla cadeia de gânglios do grande simpático, projetando-se na esfera espiritual, não com a leveza específica, suscetível de alçá-la a níveis superiores, em circuito aberto, mas sim com a densidade característica da fixação mental a que se afeiçoa, sofrendo em si os choques e entrechoques das suas próprias forças desvairadas, em circuito fechado sobre si mesma, revelando lamentável desequilíbrio que pode perdurar até mesmo por séculos, conforme a concentração do pensamento na desarmonia em que se compraz. Nesse sentido, podemos simbolizar a vontade como sendo a âncora que retém a embarcação do espírito em seu clima ideal. É necessário, assim, consagrar nossa vida ao bem completo, a fim de que estejamos de acordo com a Lei Divina, escalando, ao seu influxo, os acumes da Vida Superior. E é por isso que, encarecendo o valor da reencarnação, como preciosa oportunidade de progresso, lembraremos aqui as palavras do Senhor, no versículo 35, do capítulo 12, no Evangelho do Apóstolo João: “Avançai enquanto tendes luz para que as trevas não vos alcancem, porque todo aquele que caminha nas trevas, marchará fatalmente sob o nevoeiro, perdendo o próprio rumo.”
Francisco de Menezes Dias da Cruz (Instruções psicofônicas, Francisco Xavier, por Espíritos diversos)

6.    Prece final





7.    Anexos

Examinando a desencarnação
Fatalidade biológica, a morte, ou seja a mudança de uma forma para outra, por impositivo da necessidade de transformações incessantes, começa quando  ocorrem as primeiras expressões da vida. No homem, por exemplo, em cada segundo, no seu aparelho circulatório, morrem um milhão de hemácias que são aproveitadas por  células especiais, no  fígado, para a elaboração de outras, graças ao ferro que é delas extraído. Segundo alguns biólogos, em cada sete anos, o corpo humano se renova quase integralmente, à exceção das células nervosas, graças ao processo de transformação ou morte que ocorre na estrutura somática. Modificações incessantes em que a matéria assume a forma energética e esta se adensa em novas expressões físicas, a, morte da aparência é uma constante indispensável à evolução. Do resfriamento da energia que se condensa em matéria, da dissociação das moléculas para o retorno à energia, no homem, o espírito, que é o modelador da forma, sofre na sua intimidade os diversos fenômenos de aglutinação e desagregação  estrutural.Morrer, portanto, ou desencarnar, significa, somente, mudar de estado.
* * *
A desencarnação tem início de dentro para fora do corpo, nos tecidos sutis do perispírito, que condicionado a vibrações especiais, encarregadas de manterem a vitalidade físiopsíquica, começam a perder a sintonia, por cuja exteriorização  mantém nas suas órbitas as moléculas constitutivas da matéria. Mesmo nas ocorrências da desencarnação violenta, por circunstâncias de vária ordem, não obstante a morte fisiológica por interrupção da corrente mantenedora da vitalidade, o processo desencarnatório só a pouco e pouco se consuma, através da liberação dos liames psicossomáticos que se encontram imantados ao corpo. Disso decorrem as sensações violentas, danosas, aflitivas que experimentam os desencarnados, ainda imantados à carne, que são à violência arrancados da estrutura material, sem o correspondente desligamento dos núcleos vitalizadores pelo processo paulatino da dissociação liberativa. As expressões cadavéricas, em tais casos, transitam em forma de dor ou  angústia, dos tecidos em decomposição ao  espírito, mediante a complexa rede de filamentos semimateriais que se fixam nas intimidades celulares, encarregadas do  processo aglutinador dos átomos nas realidades das funções e formas fisiológicas. Expressiva a contribuição da mente no processo desencarnatório. Seja o  hábito salutar  do desprendimento, exercitado pelo espírito encarnado, seja a lembrança mental dos que se vinculam aos desencarnados, as vibrações se transformam em sensações, produzindo, obviamente, liberação ou  cativeiro do  espírito às formas materiais, conquanto muitas vezes reduzidas a resíduos já em fase final de fusão na química inorgânica do subsolo ou nas carneiras em que jazem. Comumente, após o desaparecimento da forma, as construções mentais, elaboradas em contínuas fixações nos centros da memória espiritual, se encarregam de reproduzir nas telas sensíveis do perispírito as formas­pensamento  que se transformam em suplício de demorado curso — fantasmas que se corporificam e se atam ao desencarnado, angustiando­o e atemorizando­o — até que a dor corretiva, por paulatino processo  de coercitivo  desgaste das imagens vitalizadas, desapareça dos painéis mentais. O mesmo ocorre no campo da organização semática, quando o espírito  sofre a constrição das elaborações mentais, a elas submetendo­se, e experimentando  o efeito do seu efeito — círculo vicioso dominante —, que somente se modifica ao  império da renovação interior, através de registros salutares que realizarão o  ministério da paz, como resultante das conseqüências favoráveis que decorrem dessas causas edificantes.
* * *
Descontrai-­te, libertando-­te do medo, das paixões, das limitações e voa na direção das paisagens superiores, a fim de que a desencarnação, cujo processo lento  já experimentas sem que o saibas, em se consumando, não te agrilhoe ao mundo das formas de que necessitas desvincular­te. Dia chegará em que o  teu  processo reencarnatório culminará com a cessação dos ciclos vibratórios no corpo e terás que pairar além e acima das circunstâncias materiais, desencarnado, porém vivo, morto na forma, no entanto, em transformações de dentro para fora, prosseguindo na direção da Vida Abundante.
*
“O que ore em mim, ainda que esteja morto, viverá”. (João, 11:25)
*
“A própria destruição, que aos homens parece o termo final de todas as coisas,  é apenas um meio de chegar-­se, pela transformação, a um estado mais perfeito,  visto que tudo morre par a renascer e nada sofre o aniquilamento”.  Santo Agostinho (O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 3º — Item 19)


Florações evangélicas, Joanna de Ângelis, cap. 12

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